Paty.
— Paty, Paty.
Revirei os olhos ao ouvir Claire chamar meu nome. Por que ela não me deixava em paz? Jamais seríamos amigas. A falsidade emanava dela e eu sabia que jamais podia confiar algo a essa cobra. Eu sabia. Parei no gramado e virei para olhá-la. A vadia usava um pedaço de jeans que fazia todos os homens da universidade olhá-la como lobos olhavam uma presa. Eu não me sentia bem com isso e agora eu entendia o que se passava na cabeça do Paul quando eu usava. Realmente me livrei de cada uma delas. Depois de sábado, claro.
— Ei, você está bem? — perguntou, quando finalmente se aproximou.
Desde quando você se importa?
— Estou. — Sorri. — Por quê?
— Você estava tão participativa nas aulas de hoje...
— Eu sempre fui participativa. Isso é um problema? — Franzi o cenho.
A morena passou a mão nos cabelos cor de breu e me olhou nos olhos. Aqueles azuis eram tão vazios quanto ela.
— Não, mas você não costumava ser assim. — Ela deu um pequeno sorriso. — Quer conversar?
Você é a última pessoa cuja eu falaria algo sobre minha vida.
— Obrigada, mas eu tenho que ir. Ainda vou dar uma passada no apartamento a fim de pegar umas coisas que esqueci e depois vou à empresa.
— Você está trabalhando? — Ela arregalou os olhos.
— Sim. Comecei nas férias... — Dei de ombros. — Preciso ir.
— Quer carona? Assim podemos conversar mais...
— Obrigada, mas não precisa. — Meu celular começou a tocar. — Desculpa, mas eu preciso ir.
Quase corri para longe dela. Vadia. Chamei um táxi, entrei e dei o endereço da empresa. Recostei-me contra o banco de trás, cheia de material em mãos. Nem me despedi da Lauren. Suspirei, cansada. Chorei a sexta-feira inteira. Não quero nem pensar o que seria de mim sem Matt para me levar à boate e me distrair no sábado. Ver Paul agindo tranquilamente, como se eu não fizesse falta, foi doloroso. Como prova, voltei ao apartamento antes mesmo da meia noite.
Saí do táxi e fui de imediato ao elevador. Entrei, apertei o botão para o meu andar e esperei. As portas se abriram e eu saí apressadamente, deparando-me com Sally. Franzi o cenho e ela sorriu.
— Tão acostumada com o oitavo, que veio aqui — disse, divertida.
Olhei para o número acima das portas do elevador, encontrando o número 8. Cocei a cabeça e me arrependi. Essa era uma mania do Paul.
— Pois é. — Dei de ombros. — Melhor eu voltar e ir para o meu andar, antes que eu receba alguma advertência.
Nesse instante, a porta do escritório do Paul foi aberta e eu senti um frio na barriga ao vê-lo. Ele me olhou nos olhos; os cabelos castanhos estavam desgrenhados, deixando-o tão sedutor. Mordi o lábio.
— Sally, por favor, pode vir aqui? — chamou, ainda me fitando.
— Claro. Com licença, Paty.
Eu não disse nada, nem sequer a olhei. Eu sentia meus batimentos cardíacos em meus ouvidos, deixando-me surda. Engoli em seco. Ele estava tão lindo sem o terno e com as mangas arregaçadas, a gravata frouxa e aquele olhar sério.
As portas do elevador se abriram, despertando-me e eu entrei, apertando o botão certo dessa vez. Antes de elas se fecharem, Paul me deu uma piscadela e eu me recostei no fundo, com o coração acelerado. Puta merda. Por que ele fez isso comigo? Inspirei fundo, engoli em seco e me abanei. Ele sabia que ainda tinha influência sobre mim. Por isso abusava. Finalmente cheguei ao décimo segundo e saí, encontrando o pessoal da contabilidade.
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Amiga da Minha Irmã
RomanceDepois de um frustrado casamento de 5 anos, Paul Jones decide voltar aos Estados Unidos, a fim de ter uma vida pacata perto de sua família. Trabalhando na empresa do pai como arquiteto, ele conhece Patricia Mackenzie, amiga de sua irmã, que até entã...