Capítulo 80

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Esse ritmo musical típico da região nordeste era novo para mim. Forró. Estranho de pronunciar. Que diferia do forró pé de serra. Pelo menos para mim. Estávamos na Capital do Forró, na cidade de Caruaru, em Pernambuco. Era a nossa segunda noite e Patricia passara a manhã e boa parte da tarde tentando aprender a dançar. Fora divertido, eu jamais negaria, mas a vergonha era imensa. A festa estava magnífica e duraria todo o mês de junho, com direito a artistas locais, que parecia agradar a todos.

Era por volta das oito da noite e Patricia já havia comido de tudo o que tinha por aqui: pé de moleque, canjica, pamonha, arroz doce. Eu só esperava que a gula dela não lhe prejudicasse mais tarde. As pessoas estavam suadas, mas não pareciam se importar com nada além de dançar e cantar ao som de um famoso artista local. Estava abraçando minha esposa por trás, que não parava de se balançar.

— Pensei em voltarmos daqui há um ano, para comemorar o nosso aniversário de casamento. — Ela virou-se nos meus braços e me fitou com intensidade. — O que me diz?

— Tudo o que você quiser. Eu estou amando.

— Com licença. Posso tirar a senhora para dançar? — questionou um homem, para a minha felicidade, em inglês.

— Oh, eu não sou muito boa. — Paty se virou para ele.

— Não se preocupe. Venha.

Ela me olhou, mas acabou indo. Eu os observei e Patricia logo estava sorrindo imensamente, divertindo-se.

— Não é brasileiro, é? — questionou uma mulher em inglês e eu meneei a cabeça em negativa.

— Não, mas acho que adoraria ser. — Dei um pequeno sorriso. — Paul Jones. — Estendi a mão.

— Aline Silva. — Ela me cumprimentou com um aperto de mão e dois beijos. — Desculpa. É que somos muito afáveis.

— Eu percebi.

— Podemos dançar?

— Definitivamente, não sei. Minha esposa se saiu bem melhor nas aulas do que eu. — Indiquei-a.

— Não precisa se preocupar. Serão dois para lá e dois para cá.

Peguei a mão que ela ofereceu e decidi tentar me divertir também. Realmente era fácil essa de dois para lá e dois para cá. Ela girava no próprio eixo e se aproximava. Peguei-me sorrindo e Paty pareceu satisfeita.

Ao fim da música, agradeci a Aline e ela logo se foi, arrastando o homem que dançara com Patricia.

— Podemos arriscar? — questionou, aproximando seu corpo ainda mais do meu.

— Sem dúvidas.

— Vem que eu te ensino.

E eu me rendi a ela e suas dicas de como me sair bem no forró pé de serra. A música que tocava era em homenagem a um artista falecido. E logo as músicas do Rei do Baião se fizeram ouvir.

Patricia e eu voltamos à pousada por volta da meia noite, exaustos e suados, mas antes de irmos dormir e depois de um delicioso banho de água fria, sentamo-nos na cama para ter uma vídeo-chamada. Joanne nos chamou de imediato.

— Como está o meu OTP favorito? — questionou, nos fazendo rir.

— Achávamos que papai e mamãe fossem seu único par verdadeiro favorito.

— Eles são. Estou apenas bajulando porque são vocês que estão em outro país e eu quero lembrancinhas. Muitas lembrancinhas.

— Oi, Don. — Paty acenou para ele, que aparentava estar cansado.

Amiga da Minha IrmãOnde histórias criam vida. Descubra agora