Parei diante da casa dos meus pais, inspirei fundo e desliguei o motor. Tinha que me preparar para o que estava por vir. Ontem à noite, enquanto Donny e eu ainda jogávamos, mamãe me ligou, marcando um almoço de família. Ela e meu pai ainda não sabiam que eu e Patricia não estávamos mais namorando e a responsabilidade para contar a verdade acabou sobrando para mim. Sinceramente, eu esperava não vê-la aqui hoje. E nunca mais. Assim, eu poderia seguir minha vida. Peguei a carteira, o celular do banco do carona e quando abri o porta-luvas para pegar o documento do carro, encontrei algo ali.
Retirei o embrulho azul marinho, franzindo o cenho, sem saber do que se tratava. Chacoalhei levemente; se fosse algo frágil... Analisei o papel e encontrei um envelope. Descolei-o com cuidado e encontrei meu nome no verso. Retirei o cartão de dentro e vi a letra da Patricia.
"Meu Bobo. Amo chamar você assim. Na verdade, amo tudo em você e você sabe bem disso. Eu não posso escrever muito, senão fico sem espaço aqui. Então... Muito obrigada por me fazer a garota mais feliz desse mundo e por me fazer a sua garota. Eu te amo muito. Muito mesmo. E feliz três meses. Beijos, Sua Garota".
Rasguei o papel azul marinho e encontrei uma embalagem de um PlayStation Vita. Eu balancei a cabeça, em negativa e bati-a no volante. Droga. O que eu ia fazer com isso agora? Não estamos mais juntos. Suspirei, guardei embalagem no porta-luvas e saí do carro. Então lembrei que nem peguei o documento e voltei e procurei. Entretanto, encontrei uma carta. Mais uma vez, lá estava o meu nome, na letra da Patricia. Um pouco hesitante, eu abri.
"Ei, Meu Bobo. Aqui estou eu novamente. Fiquei sem espaço naquela porcaria de cartão e acabei criando coragem para vir escrever essa carta. Talvez você me chame de antiquada por ainda escrever à mão, mas pelo menos aqui você vai sentir o meu perfume e saber o quanto estou nervosa, já que você sabe que minha letra não costuma ser tão trêmula. Deixando de enrolação, eu acho que ainda não fiz o suficiente para que você sinta o amor que tenho em mim por você. Peço desculpa por isso, mas eu tenho feito o meu melhor. Você é o homem que eu sempre quis, com tudo o que eu sempre procurei e eu seria uma tola se te deixasse passar. Eu sei o quanto você me ama e que esse sentimento ainda vai crescer, pois eu estou disposta a fazer o possível para que isso aconteça. Que esses três meses se multipliquem por mil, pois você me faz muito bem. Obrigada por me amar, por me fazer feliz, por ter tanta paciência comigo e mais uma vez, por me amar. Beijos, Sua Garota."
— Porra, Patricia. — Sequei minhas lágrimas e aproximei a carta do meu nariz, inalando o perfume da minha garota.
Suspirei, guardei a carta no envelope, este no porta luvas e peguei os documentos e saí. Passei a mão no rosto e toquei a campainha. Mamãe abriu a porta e me envolveu num abraço apertado.
— Cadê...
— Tenho uma novidade — disse, interrompendo-a. — E das boas.
Entramos e eu soltei antes que ela continuasse a pergunta.
— Finalmente vendi o apartamento de Londres. — Abri um imenso sorriso.
— Que bom, filho. — Chris me envolveu num abraço apertado. — Estamos muito felizes por você. Finalmente mesmo.
— Pois é. — Dei um pequeno sorriso.
— Cadê a Paty? — Christie voltou ao foco e eu suspirei. — Você estava chorando? — perguntou, enquanto íamos à cozinha.
— Não. Foi um carro que passou, levantando poeira.
— Sei... — disse Donny, sarcástico, me fazendo revirar os olhos.
— Era só o que me faltava, Don. — Sentei à bancada. — Não começa.
— E cadê Patricia? — Insistiu mamãe.
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Amiga da Minha Irmã
RomansaDepois de um frustrado casamento de 5 anos, Paul Jones decide voltar aos Estados Unidos, a fim de ter uma vida pacata perto de sua família. Trabalhando na empresa do pai como arquiteto, ele conhece Patricia Mackenzie, amiga de sua irmã, que até entã...