Subi a escada da garagem e ao chegar à cozinha, lembrei de imediato do meu café da manhã com Patricia. Minha pequena mesa estava arrumada, com apenas quatro cadeiras. A única coisa que aprendi com a minha ex-esposa e que levaria pelo resto da minha vida era o fato de não gostar de muita mobília. Nosso apartamento na Inglaterra era pequeno, logo, não havia motivos para encher e não termos espaço para caminhar. Era bem iluminado também. O que me fez abusar da iluminação no galpão. Cuidei da reforma e decoração enquanto ainda estava lá e meu pai, junto com alguém da empresa, atendeu a todo o meu pedido.
Na minha sala de estar, havia apenas um sofá para três pessoas que eu havia grafitado os acentos e o encosto, deixando apenas as costas brancas. Eu queria uma frase boa e agora que tinha visto a tatuagem da Paty, ia grafitar assim que estivesse com tempo, porque com vontade, eu já estava. Tinha também apenas duas poltronas brancas e uma mesa de centro pequena. Tudo em perfeita harmonia para uma decoração urbana. Havia um quadro na parede foco que minha irmã me dera. Joanne ainda não tinha vindo aqui, mas apenas porque ela não quis, pois já a tinha convidado diversas vezes. Egoísta preguiçosa.
Fui em direção ao meu escritório, liguei o notebook e coloquei o celular ao lado, voltando à cozinha. Eu estava com fome, mas não tinha muita vontade de cozinhar. Também não queria pedir. Antes que eu desse por mim, já estava lavando minhas mãos e pegando um pacote de espaguete. Era isso que eu ia jantar? Decidi continuar, já que eu tinha que trabalhar e não tinha tempo para perder. Meu celular tocou e eu corri até o escritório. Encontrei o nome da minha mãe na tela.
— Oi, mãe. — Atendi.
— Esqueceu que tem mãe, querido?
— Desculpe.
— Soube que foi se distrair ontem...
— É. — Voltei à cozinha.
— E conseguiu?
— Um pouco. — A distração maior aconteceu aqui essa tarde. — De qualquer maneira, foi muito bom.
— Quando virá aqui?
— Não sei, mãe. — Mexi o macarrão. — Estou cheio de trabalho.
— É por isso que não consegue relaxar totalmente, querido — disse ela, cheia de preocupação em sua voz. — Vou falar com seu pai a respeito disso.
— Mãe, eu escolhi essa profissão. Não foi o papai. Além do mais, você não deveria reclamar da minha profissão, já que é medica.
— Ora. — Pude perceber que ela revirava os olhos. — Sou médica, mas não vivo tão cheia de coisas para fazer.
— Não?
Ela riu.
— Eu vivo sim, mas pelo menos eu me divirto com o seu pai. Querido, já tem um ano que você se divorciou. Não vai se envolver com mais ninguém pelo resto da vida?
Suspirei.
— Vou, mãe. Eu apenas estou... — Hesitei. Com uma garota de 20 anos que se entregou a mim, que é louca por mim... — Eu vou.
— Não entendi, querido.
— Apenas estou me dando um tempo.
— Um ano não foi o suficiente?
Retirei o macarrão do fogo e preparei o molho.
— Foi, mas estou com tanto trabalho... — Deixei minha frase morrer.
— Paul, a empresa é do seu pai e ele tem funcionários suficientes para cuidar de alguma coisa que você deixar passar.
— Não é assim, mãe.
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Amiga da Minha Irmã
RomanceDepois de um frustrado casamento de 5 anos, Paul Jones decide voltar aos Estados Unidos, a fim de ter uma vida pacata perto de sua família. Trabalhando na empresa do pai como arquiteto, ele conhece Patricia Mackenzie, amiga de sua irmã, que até entã...