Capítulo 76

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Era a minha despedida de solteiro num clube grande de São Francisco. Eu não tirava Patricia da minha cabeça, enquanto Dexter, Donny, Sebastian e Theo bebiam suas cervejas, diante de strippers dançavam no colo de cada um deles. A que fora contratada para dançar para mim estava observando o show, já que eu a recusara sem nem pestanejar. Não era a minha primeira. E seria, definitivamente, a última. Eu não queria ficar mais de uma hora, porém, eu não queria estragar a festa dos meus amigos, apesar de estarem todos devidamente comprometidos.

— E então, bonitão, como se chama a felizarda? — questionou a loira, bebendo mais da sua cerveja.

— Patricia. — Sorri, só de lembrar de como foi acordar ao seu lado essa manhã.

Seus cabelos castanhos estavam bagunçados, e sua beleza natural totalmente realçada por isso. O sorriso formidável, quente, sincero e convidativo. Eu sequer pensei duas vezes antes de me enterrar nela e nos perdemos num amor suave, cheio de carícias, sorrisos e juras de amor. E não ia ser por causa de uma desconhecida que eu ia colocar tudo isso a perder. Eu amava demais aquela garota. Mudamos tanto com o passar dos meses.

Eu continuava me apaixonando por seu jeito infantil e mais maduro do que do início do relacionamento. Eu admitia que ela amadureceu demais. Estava mais confiante, sexy e com uma seriedade que me encantava. Eu perdia horas do meu dia observando-a trabalhar no meu escritório, que seria nosso muito em breve. Com os cabelos castanhos presos num coque por uma caneta, os óculos de leitura recém-adquiridos.

Estávamos há uma semana do nosso casamento. Eu estava ainda mais ansioso, louco para dar meu sobrenome a Patricia e dizer a todos que ela tinha um homem que a amava acima de tudo. Não tinha como não lembrar do nosso começo e não rir disso. Patricia me provocando na boate, no galpão no dia seguinte, nossa primeira vez. Como pude sucumbir a seus encantos tão ingênuos?

— Você a ama demais — disse a loira, despertando-me.

— Demais. — Concordei. — Ela tem a minha vida nas mãos.

— Eu gostaria de ter um amor assim. Mas talvez eu nunca seja levada a sério por ter uma dançarina de boate.

— Esse vai ser meu segundo casamento. Não fui feliz no primeiro, não tinha esperanças, porém, Patricia apareceu. Talvez o mesmo aconteça com você.

— Você é um empresário. Eu continuo sendo uma dançarina de boate.

— Nunca se sabe. — Dei de ombros e pedi mais uma cerveja.

— Ansioso para o grande dia?

— Ah, mas você não tem ideia de o quanto. — Sorri. — Quero vê-la vindo em minha direção, completamente de branco, emanando uma beleza sem igual, um sorriso radiante. — Suspirei. — Eu me sinto um tolo.

Ela riu baixinho.

— Achei que o nome disso fosse amor.

— Serve.

Mais uma vez, ela riu.

— Mulher de sorte essa Patricia.

— Eu quem sou um homem de sorte.

E eu passei cerca de uma hora conversando distraidamente com a mulher cuja sequer eu sabia o seu nome artístico. E sequer me importava. Eu não queria nada dela a não ser que me ouvisse derramar todo o meu sentimento pela minha noiva, que estava em outro lugar da cidade, comemorando a sua despedida.

— Eu posso dançar para você? — Ela insistiu, depois de muito tempo.

— Sem contato físico, certo?

Amiga da Minha IrmãOnde histórias criam vida. Descubra agora