Paty.
Uma mão em meu ombro e o chacoalhar de meu corpo foi o que me trouxe para a realidade, mas essa era a última coisa que eu queria no momento. Estava tão bem pensando no que vivi com o Paul nos últimos meses. Fora graças a ele que consegui despejar meus tios do apartamento em Nova Iorque. Fora graças a ele que eu me tornei mulher. Não. Não me refiro a perder minha virgindade, mas o fato de termos vivido tanto tempo juntos... Está bem. Não fora tanto tempo, mas o suficiente para mim, sendo um casal, e me mostrou como seria uma vida de casada, que era o que eu tanto queria com ele. E tudo isso foi por água abaixo quando aquela vadia da Crystal voltou à vida dele.
Olhei para o ser que havia me despertado e fechei a cara, sem cerimônia. Sempre Claire. Revirei os olhos para ela e voltei a fitar o vazio, ignorando-a completamente.
— Você está bem? — murmurou.
— Não vem fingir que se importa. — Sibilei.
— Calma. — Ela ergueu as mãos, como quem se rende. — Só te fiz uma pergunta.
— Cuide de sua vida.
— Algum problema, senhorita Mackenzie? — perguntou o senhor Johnson.
— Nenhum — disse, seca e comecei a arrumar meus pertences.
Olhei a hora no meu relógio e levantei. Nesse exato momento, o sinal tocou, anunciando o fim das aulas. O alívio tomou conta de mim e eu me apressei para fora da sala, mas não sem antes ser perseguida pela vadia de cabelos negros e minúsculos pedaços de jeans.
Parei, de repente, fazendo-a esbarrar em mim.
— É o seguinte — iniciei, virando-me para olhá-la. — Primeiro: não devo satisfações da minha vida a você. Segundo: não se meta nela. Terceiro: mantenha distância de mim. Quarto: não, nunca, jamais me dirija à palavra. Quinto: jamais seremos amigas nem nada que envolva contato entre nós duas. Sexto...
— Eu beijei Paul Jones — interrompeu-me.
Fechei minhas mãos em punhos e cerrei os dentes.
— Como é? — perguntei, entredentes.
— E eu tenho que dizer que ele beija bem. Agora entendo porque você fica por aí, choramingando por ele. Deve ter te dado um belo pé na bunda. — Ela deu uma risadinha e se afastou apenas dois passos. — Ah. — A víbora virou-se e voltou. — Depois do beijo, fomos a um motel e querida... Não sei se já transou com ele, mas devo dizer que ele é muito bom na cama. E me chupou de uma maneira que você não faz ideia. — E eu pude ver o veneno escorrer pelo canto de seus lábios. As pessoas ao nosso redor nos olhavam. Ela colocou o dedo nos lábios, tentando ser sedutora, provocante. Eu realmente não podia negar que ela era linda, mas o que tinha de beleza, tinha de vulgaridade. Claire se aproximou novamente. — A língua dele faz maravilhas.
— Eu sei. — Sorri, vitoriosa quando vi o choque eu seus olhos. — Tive inúmeras transas com ele. Fizemos amor até. E não em nenhum motel, porque ele não tinha nada a esconder de ninguém. Fizemos na sala do galpão onde ele mora... Sim. Ele mora num galpão que é espetacular. Fizemos na cama de casal. Na mesa de sinuca, na cozinha. Não há um lugar naquele galpão que tenha escapado de nós dois. — Dei-lhe uma piscadela. — Gozei naquela boca inúmeras vezes, querida, e ele não deixou passar nem uma gota dos meus orgasmos — sibilei, pertinho do seu ouvido. — Paul me levou à loucura em todas as vezes. O que ele viveu comigo, jamais viverá com você. E se pensa que ele vai te apresentar aos pais dele, está mais que enganada. E se pensa que os Jones vão te aceitar, mais uma vez, você está mais que enganada. E antes que eu esqueça, nem a mesa do trabalho dele escapou. E aquele dia foi maravilhoso. Então, antes de se gabar para cima de mim, tome cuidado. E quer saber? Eu não acredito em nenhuma palavra que saiu dessa sua boca.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amiga da Minha Irmã
RomanceDepois de um frustrado casamento de 5 anos, Paul Jones decide voltar aos Estados Unidos, a fim de ter uma vida pacata perto de sua família. Trabalhando na empresa do pai como arquiteto, ele conhece Patricia Mackenzie, amiga de sua irmã, que até entã...