Capítulo 39

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Entrei no galpão e um sorriso imenso surgiu em meus lábios. Como eu senti falta daqui. Dormir em hotéis tem lá o seu lado divertido, mas nada se compara ao conforto de casa. Coloquei a mochila na poltrona e me larguei no sofá grafitado. Fechei os olhos, querendo descansar um pouco, entretanto, eu tinha que correr contra o tempo. Felizmente, Sally pegou meu smoking, apenas não sabia onde ela o deixou. Depois que eu descansasse um pouco, ligaria para ela. Fechei meus olhos e me rendi ao jet lag.

O toque do meu celular me despertou e eu saltei do sofá. Sonolento, levantei, fui até a mochila e o peguei do bolso externo. Encontrei o nome da Sally e sorri.

— Oi, Sally. — Atendi.

— Senhor, seu smoking se encontra sobre a sua cama — disse, prontamente. — Como está o galpão?

— Tudo em ordem. — Cocei a cabeça. Infelizmente não tinha perdido essa mania. — Pelo menos é o que eu acho. — Franzi o cenho e peguei a mochila, indo ao quarto.

— Apresse-se. — Ordenou. — Tem apenas uma hora para chegar ao local do casamento.

— Estou indo tomar banho. Obrigado.

— Ligo dentro de instantes para saber como andam as coisas.

— Certo. Sally.

Desliguei e olhei ao redor. Passei a mão nos cabelos, maiores do que quando saí daqui — apesar de ter cortado por lá —, e isso não ia ser nada bom no evento dessa noite. Retirei a roupa, antes mesmo que minha cabeça se enchesse de lembranças e entrei no banheiro. Tomei um banho de água fria, aliviando o calor e lavando os cabelos.

Terminei, escovei os dentes e fui vestir o smoking. Estava lutando contra a gravata, quando a campainha ecoou. Saí do quarto e ao abrir a porta, deparei-me com Sally. Ela estava linda e me sorriu, cúmplice.

— Entre — disse, abrindo mais a porta.

— E desde quando o senhor anda tendo problemas com gravatas? — perguntou, dando o nó.

— As borboletas nunca foram o meu forte. — Dei de ombros.

— Vejo que não fez a barba. Sabe que a senhorita Jones vai matá-lo, não é? — Ela finalizou e sorriu novamente.

Passei a mão nos cabelos.

— Jones. — Sally colocou a mão na cintura. — Nem o cabelo cortou? O que estava fazendo?

— Eu cheguei e dormi no sofá.

Ela suspirou.

— Tudo em ordem? — perguntou.

— Sim. Eu só vou pegar a carteira, celular e chave do carro.

— Então eu já vou. Ligo quando chegar lá.

— Certo. Obrigado.

— Não precisa agradecer. — Ela me deu uma piscadela e então saiu.

Fechei a porta, voltei ao quarto e tentei dar um jeito nos cabelos. Felizmente, mesmo não tendo provado o smoking tantas vezes quanto necessárias, ele estava bem cortado. Passei a mão na barba e peguei o celular.

— Puta merda. Tenho menos de vinte minutos.

Peguei as chaves de cima da mesinha de cabeceira, a carteira e saí do quarto, indo até a garagem. Acionei o portão, entrei no carro e saí. Relaxei completamente ao volante, enquanto ia em direção à igreja. Inspirei fundo, e tal ato trouxe ao meu nariz o perfume da Patricia e com ele, inúmeras lembranças.

Os dias sem minha... Sem Patricia foram um martírio. Felizmente, no Brasil, com tantas coisas para fazer, acabei ocupando minha cabeça durante o dia, mas à noite, tudo o que vivemos me atordoava. Eu sentia falta dela. Jamais negaria isso e só de pensar que a veria hoje, meu coração chegava a doer. Talvez ela estivesse melhor sem mim. Muito provavelmente estaria. Linda como sempre fora e sempre seria. E era muito doloroso não estar com ela.

Amiga da Minha IrmãOnde histórias criam vida. Descubra agora