Capítulo 7

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    Dërhon chegou a triste conclusão que sentir nem sempre eram 'flores', não mesmo. Ele tinha saído do quarto da Kade antes que...

    Que o quê? — ele perguntou a si mesmo em tom de desafio.

    O quê mais podia fazer que não tivesse feito?

    Tinha se excedido com a fêmea, sim. Tinha até mesmo implorado por misericórdia, não tinha? Por um segundo até desejou que os humanos tivessem acabado com a raça dela antes que Xstrauss tivesse conseguido sair da terra, ou, antes disso, que ele não tivesse se conectado com ela, mas o pensamento logo se desfez...

    Tudo bem! Os seus até podiam ser culpados por terem decidido pela sua vida quando o que ela queria era a morte. Ponto. Culpado!

    Mas não era por isso que eles seriam condenados, certo? E na boa. Alguém em sã consciência desejava mesmo morrer? Podia até estar sendo cruel, mas ela passou o quê? Algumas poucas horas da vida, como ela mesma disse 'patética', fazendo sexo não consensual com um grupo de humanos sádicos de bosta?

    Que, porra! Não queria fazer pouco caso do que ela passou nas mãos dos humanos imundos. Não queria mesmo! Afirmou para si.

    Mas eles haviam passado por situações bem piores antes de chegar aonde chegaram e não estavam 'morrendo' de pena de si mesmos por causa disso! E as Kades da primeira geração, então? Elas eram tratadas como verdadeiros fardos pelos seus ancestrais na época das guerras. Passaram fome, sede e outra série de maus tratos por milênios, trancadas e tratadas pior que bicho em esconderijos subterrâneos deprimentes, e já no primeiro cio elas eram usadas, praticamente estupradas sem qualquer consideração por guerreiros mais antigos do clã até engravidar! Suas irmãs foram...

    Ele morde a língua e bate a testa no tampo da mesa afastando o pensamento cruel e indigno.

    Ele não era como foram seus ancestrais. Nem ele nem seus irmãos eram assim! E também não estava lamentando por ser diferente no quesito de maldades. Se estivesse presente, duvidava que tivesse agido de forma diferente dos seus irmãos ao chamado da fêmea e duvidava que qualquer outro dos seus iguais tivesse agido de forma diferente.

    Mas era justo punir toda raça cujo único propósito foi salvá-la? Desculpa... Desculpar o quê? Ele piscou. Era o inicio do fim, podia sentir. Estava até mesmo tendo alucinações...

    Kassia prende o ar nos pulmões e aguarda por um sinal. Qualquer sinal.

    Até mesmo um que-se-dane ou um vai-se-danar, estaria bom. Mas ele ficou parado lá, olhando o seu rosto como se ela tivesse com chiclete ou algo do gênero grudado no cabelo, ou como se chifres houvessem nascido na sua testa e... Com aqueles olhos incríveis em tom de azul bem claro rodeado por prata derretida e as pontinhas das presas brancas e brilhantes aparecendo naquela boca carnuda entreaberta que ela tanto queria...

    Morder?

    Ela se sacode em pensamento, censurando severamente a menina má dentro de si, mas também... Nunca tinha sido tão provocada desse jeito antes!

    Kori nunca permitiria algo assim. Sua irmã se transformaria num verdadeiro demônio se sequer desconfiasse que qualquer um de seus subordinados chegasse perto, uma fraçãozinha que fosse, do que Dërhon disse, ou melhor, jogou na sua cara, mas...

    Assim que conseguiu controlar o estômago arredio e parou de vomitar, ela analisou melhor a situação e até se surpreendeu por ter gostado do que sentiu e respeito por ele cresceu, consideravelmente. Ela também levou em conta que tinha passado por um monte de coisas que... Bem, ela nem saberia dizer por quanto tempo estava ali, mas não era o que importava agora, certo?

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