Capítulo 39 final

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*Quebrando barraco, no sentido figurado...


    Dërhon empurra Jarel ao entrar no quarto e Kassia enche os pulmões de ar trincando os dentes. Seu corpo age mais rápido do que consegue pensar e num átimo de segundo ela está pressionando Dërhon pela garganta contra a parede a silvar em tom impaciente;

— O referido bastardo tem nome e é graças a ele que o corpo de Alegra ainda tem chance de segurar a gravidez. Eu vou deixar algumas coisas claras a você, Dërhon. As Valquírias do nosso tempo engravidavam para somar suas forças as forças dos fetos em seus ventres e esses eram consumidos pelos seus corpos ou utilizados de acordo com a vontade da Val Rein quando chegavam a nascer e isso, indiferente da vontade da guerreira que os gerasse, não que a maioria soubesse do que se tratava o que carregavam em seus ventres que as deixavam ainda mais forte ou que chegavam a importar-se quando descobriam. — ela o solta com um solavanco e ele mantém a cabeça baixa com a mão no pescoço e as imagens vívidas de como Alegra estava quando Kassia a encontrou em sua mente — Quando eu a resgatei, ela implorou que suas filhas fossem preservadas e prometi que faria tudo que estivesse ao meu alcance, é o que estou fazendo, Orion arriscou a própria vida dentro daquele ninho e sangrou por ela depois, se não fosse por ele e seus irmãos eu não teria tido tempo de salvar o que restou dessa minha irmã, então não o ofenda. Ele tem conhecimento e tem se dedicado em manter o corpo dela são pelas meninas, isso por si só já é digno de respeito e deveria ser do seu também.

— Eu não sabia. — ele diz com honestidade ainda acarinhando o pescoço dolorido como se assim fosse convencê-lo em doer menos e ela assente relatando os fatos;

— Não era e talvez no fundo nunca tenha sido da minha vontade que nossos bebês fossem usados como combustível para fortalecer nossos corpos como foi no passado e essa também era a vontade dela, até então eu não imaginava que houvesse outra solução, éramos todas descartáveis então e eu fiz tudo o que estava ao meu alcance fazer, eu a resgatei, alimentei e com o conhecimento que absorvi quando bebi do Orion consegui manipular a pouca energia que lhe restava para preservar os bebês, mas ela já não estava mais presente, não era mais um ser consciente, o pouco que lhe restou foi... Eu sinto muito. Muito mesmo.

— Até então você não tinha poder para fazer mais do que fez.

    Todos os olhares se voltam a Jarel e ele move os ombros largos.

— A fêmea fez a sua escolha quando se viu incapaz de acabar com os machos, que em sua ignorância a atacaram. Ela se sacrificou em prol de defender os bebês em seu ventre e você não teria conseguido ir além da vontade dela, mesmo que não fosse o anjo que é, mas ajudou bastante em resgatá-la e trazê-la de volta para perto dos que a amam e se importam.

    Kassia assente agradecida e Jarel faz sinal de continência brindando-a com seu belo sorriso torto, mas ela não tem ânimo algum a retribuir com mais do que um quarto de meio sorriso e ele é compreensivo.

— Orion tem alimentado Alegra com meu sangue, mas por experiência própria posso dizer que os bebês respondem melhor quando são alimentados pelo macho que os concebeu. Eu não lhe pediria isso, porque soaria como apelação e sendo franca, eu me importo com você e não gostaria de ser pressionada por uma situação assim, se estivesse em seu lugar.

— Dërhon não precisa se envolver se não quiser. — declara Zarcon com seriedade.

— Eu não preciso da sua defesa aqui, cara. São as minhas filhas naquele ventre, não suas.

— Como seu irmão eu não vou impedir, mas como seu rei eu exijo que ofereça o Maeleihm ao convidado.

— Quê?! Você só pode estar brincando! Voltamos à era medieval por acaso?!

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