Capítulo 38

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    Dërhon e Trevon correm a passos socados e no mesmo ritmo intenso e ambos permanecem solidariamente calados em suas respectivas esteiras recém-reformadas, como os demais aparelhos eletrônicos no salão. Trevon já estava ali quando Dërhon apareceu e o único contato que tiveram foi um breve mover de cabeça, Dërhon subiu na esteira ao seu lado, programou-a e começou a correr.

    Zarcon apareceu duas horas depois e optou pela esteira mais distante, ficando duas vazias entre ele e os dois.

    Trevon programou a esteira que ele escolheu pela mente e Zarcon agradeceu com um breve gesto pondo-se a correr em um ritmo menos intenso que os dois.

    O silêncio imperava na extensa sala reformada enquanto corriam, cada um preso aos próprios pensamentos quando outra figura materializou no salão e seguiu na direção de Zarcon.

    Ele aceitou a água e toalha que Brianis ofereceu e se comunicaram mentalmente por um tempo, logo depois Zarcon balança a cabeça para ela concordando e ela assente de volta com um sorriso triste desaparecendo em seguida.

    Zarcon salta fora da esteira, lança mão na toalha e toma direção rumo ao vestiário. Dërhon e Trevon continuam correndo por mais um tempo e param no mesmo instante se entreolhando de soslaio.

    Ambos seguem para o vestiário e se deparam com Zarcon saindo do banheiro. Ele estava com uma toalha enrolada na cintura e outra na mão a secar o rosto e os cabelos.

    Dërhon não perde tempo em perguntar sem ao menos desconfiar que possa estar sendo invasivo;

— O que ela queria?

— Me deixar a par de algumas novidades, pedir permissão para sair em campo, se despedir, eu a agradeci, a pedi que se cuidasse e nos despedimos como amigos que nos tornamos.

— E desse relatório fajuto, não há nada que me diga respeito?

    Dërhon estava realmente indignado e Zarcon suspira pesado. Trevon entra no banheiro e se despe da única peça que estava usando a entrar debaixo no chuveiro e resmunga o que vinha martelando mais para si mesmo;

— Que garantia ela pode dar que as fêmeas sobrevivam ao parto?

— Você devia ser o primeiro aqui a nem cogitar que ela não possa.

    Rebate Zarcon no umbral entre o espaço dos chuveiros e o vestiário.

— As mulheres que você fecundou não morreram pelo parto se não me falha a memória.

    Claro que não.

    Vampiros tem uma memória excelente.

    Trevon engole a resposta que estava na ponta da língua, afinal Zarcon ainda é seu rei e Zarcon dá voz aos seus pensamentos;

— Sim, elas não são humanas se é o que está pensando, nem Kades, elas são nascidas Aehmons, mas vem de outra linhagem, tem outro histórico de descendência e viveram até então sob os desígnios de outra Guardiã.

— Perdoe minha impertinência meu rei, mas Danikas é ainda mais antiga que eu e não acredita que isso seja possível, de onde ela vem, se uma guerreira prenhe quiser sobreviver, tem que consumir os próprios fetos em seus ventres e se é essa a forma que essa descendente de Valquíria que mal saiu da transição sugere que... — Zarcon e Dërhon o vê desabar ao concluir com voz embargada;

Vale dos AehmonsOnde histórias criam vida. Descubra agora