Mas Brianis ainda se sentia em dívida com a entidade que a partir de então era oficialmente sua Guardiã e também de todos os seus iguais e rogou por uma missão que reafirmasse sua fé nela e em si mesma.
Zarcon imaginava que a Guardiã não ia deixar barato.
Com certeza que não, e desejava que Brianis conseguisse encontrar o que buscava.
Seus pensamentos se voltam para Kassia ao entender para onde seus pés o estavam levando e ele para, um pouco tarde demais ao perceber que já estava a poucos passos da porta do quarto de Arthorm e grunhe um palavrão em ver que a porta não estava trancada.
Não estava escancarada. Mas também não estava trancada, diabos!
Se chegasse perto de supor que ela escolheria estar em meio a uma cambada de guerreiros mais jovens em seus quartos minúsculos, basicamente colados um ao lado do outro e sem nenhum tipo de conforto ele teria... Nada.
Não teria feito nada... Ao menos não sem autorização dela.
Seus dedos seguiram automaticamente na direção da porta entreaberta e ele queria acreditar que era para fechá-la de maneira apropriada, mas a porta deslizou abrindo-se um pouco mais e ele a viu dormindo sobre o corpo de Arthorm, naquela cama minúscula que mais parecia um catre da primeira guerra e seus pés colaram no chão quando o certo seria sair dali e algo dentro de si o corrigia:
Que o certo mesmo, seria ele nem estar ali!
A cabeça dela estava deitada em cima do ombro dele e ele usava a mão livre para acariciar distraidamente a cortina acetinada e brilhante de cabelos dela olhando atentamente em outra direção.
Ela tinha passado uma perna por cima das suas de forma possessiva, o braço descansava em cima do seu peito e Zarcon se viu plantado ali diante daquela cena, desejando ser ele seu colchão.
— Aí está bom. Pode salvar.
Tinha mais alguém no quarto. Outro guerreiro de certo, e ele sentiu o sangue ferver nas veias com várias especulações a detonar com os seus neurônios já detonados. Inocente da sua presença, Arthorm apontou em tom de voz moderado;
— Esse tipo de jogo nunca foi o meu forte, valeu mesmo Caio.
Caius? Mas o garoto mal havia passado pela transição!
— Sem problemas. Aí, ainda tenho uns mamão com açúcar no buraco. Te ofende se eu desenrolar pra ela?
— Pô meu, não, claro que não, ela vai gostar.
— Beleza, então vou meter o pé. Oh... Eu, meu rei...
Caius se inclina branco como a camisa que está usando pelo susto e Zarcon pigarreia, buscando um subterfúgio que explicasse a sua presença ali, e por um segundo chega pensar em questioná-los em por que ainda estão acordados a essa hora do dia, mas essa era uma tarefa de Trevon na falta de Xstrauss e de fato, ele não tinha nada a ver com o que faziam em seu período de descanso, mas se ouviu ordenando com tom de voz um pouco mais duro do que pretendia, ou realmente tinha direito;
— Defina mamão com açúcar, buraco e desenrolar.
Caius não se atreve em levantar a cabeça ao tentar explicar enquanto o cheiro do seu medo toma todo o pequeno quarto e ele olha para Arthorm de relance voltando o olhar para o chão;
VOCÊ ESTÁ LENDO
Vale dos Aehmons
Paranormal®Todos os direitos reservados. Liberado por período indeterminado. (design de capa Debby Scar). Kassia é uma jovem comum, que sempre batalhou para ter seu espaço e sua liberdade no mundo. Não sabia ela que sua vida tomaria rumos sem volta quando...