Capítulo 38 final

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    Mas Brianis ainda se sentia em dívida com a entidade que a partir de então era oficialmente sua Guardiã e também de todos os seus iguais e rogou por uma missão que reafirmasse sua fé nela e em si mesma.

    Zarcon imaginava que a Guardiã não ia deixar barato.

    Com certeza que não, e desejava que Brianis conseguisse encontrar o que buscava.

    Seus pensamentos se voltam para Kassia ao entender para onde seus pés o estavam levando e ele para, um pouco tarde demais ao perceber que já estava a poucos passos da porta do quarto de Arthorm e grunhe um palavrão em ver que a porta não estava trancada.

    Não estava escancarada. Mas também não estava trancada, diabos!

    Se chegasse perto de supor que ela escolheria estar em meio a uma cambada de guerreiros mais jovens em seus quartos minúsculos, basicamente colados um ao lado do outro e sem nenhum tipo de conforto ele teria... Nada.

    Não teria feito nada... Ao menos não sem autorização dela.

    Seus dedos seguiram automaticamente na direção da porta entreaberta e ele queria acreditar que era para fechá-la de maneira apropriada, mas a porta deslizou abrindo-se um pouco mais e ele a viu dormindo sobre o corpo de Arthorm, naquela cama minúscula que mais parecia um catre da primeira guerra e seus pés colaram no chão quando o certo seria sair dali e algo dentro de si o corrigia:

    Que o certo mesmo, seria ele nem estar ali!

    A cabeça dela estava deitada em cima do ombro dele e ele usava a mão livre para acariciar distraidamente a cortina acetinada e brilhante de cabelos dela olhando atentamente em outra direção.

    Ela tinha passado uma perna por cima das suas de forma possessiva, o braço descansava em cima do seu peito e Zarcon se viu plantado ali diante daquela cena, desejando ser ele seu colchão.

— Aí está bom. Pode salvar.

    Tinha mais alguém no quarto. Outro guerreiro de certo, e ele sentiu o sangue ferver nas veias com várias especulações a detonar com os seus neurônios já detonados. Inocente da sua presença, Arthorm apontou em tom de voz moderado;

— Esse tipo de jogo nunca foi o meu forte, valeu mesmo Caio.

    Caius? Mas o garoto mal havia passado pela transição!

— Sem problemas. Aí, ainda tenho uns mamão com açúcar no buraco. Te ofende se eu desenrolar pra ela?

— Pô meu, não, claro que não, ela vai gostar.

— Beleza, então vou meter o pé. Oh... Eu, meu rei...

    Caius se inclina branco como a camisa que está usando pelo susto e Zarcon pigarreia, buscando um subterfúgio que explicasse a sua presença ali, e por um segundo chega pensar em questioná-los em por que ainda estão acordados a essa hora do dia, mas essa era uma tarefa de Trevon na falta de Xstrauss e de fato, ele não tinha nada a ver com o que faziam em seu período de descanso, mas se ouviu ordenando com tom de voz um pouco mais duro do que pretendia, ou realmente tinha direito;

— Defina mamão com açúcar, buraco e desenrolar.

    Caius não se atreve em levantar a cabeça ao tentar explicar enquanto o cheiro do seu medo toma todo o pequeno quarto e ele olha para Arthorm de relance voltando o olhar para o chão;

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