Capítulo 11 final

297 42 30
                                    



    Ailin não se sentia a vontade de estar na mansão dos príncipes e do rei, se não fosse para estar ao lado da amiga e ela evadiu discreta pela saída subterrânea de acesso dos serviçais menores voltando para a sua casa. Era tudo muito novo e o conceito de relacionamento proposto pela amiga, difícil de compreender, mas ela continuaria se esforçando.

    Doía ser tão apegada assim a alguém, mas o seu pai a deixou sob os cuidados e desígnios da sua Rein...

    Kassia ou K, ela se corrigiu ao materializar-se na sala da casa que por tanto tempo fora o seu refúgio e do seu pai.

    Kassia tinha chegado a um momento realmente crítico da sua vida, o seu pai estava morrendo e ela foi forte e firme, encantadora e gentil e, tão diferente de tudo que imaginou que seria!

    Ela abriu mão de qualquer convenção social alimentando-a e a abraçando em sua perda e ao impor que seu pai tivesse um funeral que...

    Ailin interrompe a linha de pensamento ciente de que estava de novo à beira das lágrimas. Kassia era por instinto e direito a sua Mäi ou o que de mais próximo ela teria de uma Mäi. E ela já tinha deixado claro que queria que ela fosse feliz e sorrisse mais. A sua Mäi se não por direito dado a ela pelo seu pai, o seria por Deirn. Sua Mäi...

    Esse conceito de relacionamento ela entendia. Algo que o seu pai, por ter passado tanto tempo humano nunca tinha se conformado em seu mundo, e era também o real motivo pelo qual ela nunca mais se permitiria em comprometer um macho de valor a tal sorte consigo, mas a sua amiga Kassia era uma fêmea de muito valor e o que tinha feito sem pedir nada em troca a cativou profundamente, e tentaria por isso.

    O sangue dela corria forte em suas veias e já havia restaurado toda a sua estrutura fragilizada por anos e anos de inanição e se como ela disse que o que mais queria era que ela fosse feliz, ela seria... Só precisava descobrir como, mas ela seria...

    Ailin seguiu pra cozinha determinada em vencer a sua fobia ao fogo que teria que acender no for..., forno, ela testou o nome em voz alta...

    Kassia gostava de coisas esquisitas como os bolinhos que deixava os dentes todos sujos com massinhas doces, e foi realmente a atitude mais inusitada e reconfortante que alguém já teve com ela!

    Nunca se esqueceria do seu gesto e da forma como a abraçou em sua dor e a embalou em seu sono... Ela se sacode e observa;

    No balcão da pequena cozinha tinha um maço de flores e uma cesta cheia de frutos. Ferguz tinha passado ali mais cedo, foi o que concluiu em passar direto e abrir a porta do armário... A dor que persistia em seu peito foi amenizada pelo calor das lembranças dos beijos, ela tinha sentido a sua fome e ficou realmente tentada em permitir que bebesse dela, mas ele logo se retraiu e na confusão dos sentimentos que seguiu o momento passou, mas a dor em seu baixo ventre permaneceu por dias a fio... E ela se dá conta com pesar, que os seus beijos ficaram mais castos depois disso, mas ele continuou atencioso e zeloso com ela, como se ela fosse uma flor delicada do campo...

    Ailin separou os ingredientes em cima da mesa e começou a misturar a massa com energia, poderia fazer isso com um simples comando mental, mas preferiu usar as mãos em lembrar que sua amiga tinha dito que existia um prazer catártico no ato de ter às mãos na massa, e isso ela também entendia.

    A dor em seu peito permanecia e nem mesmo invocar as lembranças dos momentos prazerosos que teve com Ferguz aplacou a sensação que a oprimia bem na altura dos seus pulmões, mas...

Vale dos AehmonsOnde histórias criam vida. Descubra agora