Capítulo 18

203 34 20
                                    

*Certa vez ouvi em algum lugar, que quando algumas verdades são descobertas, outras questões se formam, nesse capítulo em especial, sinto que esse dito cabe como uma luva, bjokas e boa leitura.



     Zarcon sente o amargo da ira no fundo da garganta a ver o estado do garoto que jazia sobre a cama. Desidratado foi uma maneira bem sutil de Trevon em sua pré-avaliação do rapaz. Caius estava ferido por todo o corpo e o cheiro fétido de carne queimada pairava no ar, inconsciente ele leva a mão na própria fronte do lado esquerdo onde uma pequena cicatriz ainda existia.

    Ele sabia que tipo de fonte era capaz de provocar tamanho estrago, mas se negava a acreditar que 'ela' fosse dar-se a esse tipo de trabalho.

    O garoto estava acordando e Brianis em pessoa entrou com a Miellen que ele tinha invocado. A Miellen fez uma reverência graciosa e Brianis apontou o leito com o queixo para onde ela seguiu e ajoelhou-se, carinhosa e solícita.

    Trevon a cumprimenta com um aceno e limpa a garganta e Brianis o encara com seriedade e braços musculosos cruzados sobre seios pequenos e rijos.

    Zarcon meio que bufa impaciente e ela descruza os braços, puxa o ar com força para dentro dos seus pulmões soltando-o com a mesma veemência. Como se também ela estivesse de saco cheio com toda essa porra.

— E se tivesse 'saco' estaria, pode ter certeza meu rei. — ela debate e com um breve e sutil movimento aponta porta afora e ele aponta com a destra para que ela siga na frente. Antes de segui-la ele encara Trevon como aviso mudo e Trevon repuxa um dos cantos dos lábios, assentindo de leve.

    Brianis permanece de costas a examinar com afinco um quadro que retrata o nascer do sol no litoral, mesmo sentindo a presença do rei por trás de si.

    Zarcon se aproxima mais e também passa a examinar o quadro ao seu lado com a expectativa de entender um pouco mais sobre ela;

— Houve uma época que nós podíamos suportar o sol. — ela mencionou com um quê de nostalgia no tom de voz e o fitou por um breve instante voltando a se focar no quadro;

— Agora vocês têm toda uma tecnologia que... — Brianis se interrompe em suas divagações e se volta para Zarcon;

— Isso é briga de cachorro grande, como vocês costumam dizer aqui. Não permita que mais ninguém se perca nessa guerra, meu rei.

    Zarcon balança a cabeça a assentir.

— Certo. E o que ganho com isso além da porra de uma consciência pesada?

    Agora é ela quem balança a cabeça concordando.

— Ciência de algumas verdades, está bom para você? Mahren...

— Não, pode parar Brianis. — o rei a interrompe — Eu não acredito que, prefiro não acreditar ou saber certas coisas sobre a Guardiã. Eu não pretendia mesmo envolver ninguém nessa suposta guerra, mas como foi você quem sugeriu. Tem uma ou duas coisas que quero saber e engloba tudo. Ela ainda luta por nós? E se luta e fizemos tudo exatamente como ela determinou. Porque aquele garoto ali dentro perdeu o pai e as irmãs e lembra tanto alguém que eu... Quer saber? Que se foda tudo isso, certas coisas é melhor não saber mesmo!

    Zarcon vencido levanta os braços, caminha até perto da parede e encosta a sua fronte na superfície lisa e fria.

— Casos diferentes e circunstâncias diferentes também.

Vale dos AehmonsOnde histórias criam vida. Descubra agora