Capítulo 39

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*Dedico a todos que me acompanharam até então, bjokas estaladas.




    Kassia ressona e pisca algumas vezes e sente a mão de Arthorm segurando a sua, ele estava dormindo sentado no chão com a cabeça deitada perto do seu quadril e Zarcon dormia no sofá gasto que ela o convenceu em não se desfazer mais cedo, com as pernas cruzadas em cima do pufe.

    Os bebês em seu ventre se moveram e ela sentiu Aleesha sorrindo em sua mente, ela sorri e leva a mão na barriga, surpreendendo-se com o volume que não estava tão evidente há algumas horas.

    Arthorm se remexe pressentindo a sua mudança de humor e ela se controla para não despertá-lo e ele volta a se aquietar.

    Pouco a pouco ela se desvencilha dele com intenção de induzi-lo a deitar direito e um vulto negro próximo ao berço chama a sua atenção. Em um átimo de segundo ela está transformada e segura o guerreiro pelo pescoço contra a parede em sua forma mais feral e ele segura em seus pulsos largos com o rosto azulado, esganado.

    Zarcon e Arthorm aparecem um de cada lado e no mesmo instante são lançados contra a parede e a fera dentro dela encara a cada um com seus olhos totalmente brancos e brilhantes emitindo rugidos ameaçadores.

— K, é o Trevon. Ele não vai ferir os bebês.

    Kassia o solta no mesmo instante que escuta a voz dificultada de Arthorm e Trevon cai ao chão como um saco de ossos, tossindo, com ambas as mãos no pescoço, ela pisca algumas vezes voltando à sua forma humana e levanta os braços.

— Não faça isso de novo Trevon, por Deus, não faça.

    Kassia se recompõe com o coração a bater disparado dentro do peito e levou um tempo para conseguir controlar a respiração aterrorizada com a sua atitude! Um movimento em falso e teria arrancado a cabeça dele ou quebrado seu pescoço e ela o encara indignada e arfante;

— Você não tem noção do perigo entrando aqui assim?

    Trevon balbucia um pedido de desculpa entre as tosses e ela segue ao berço levantando o gêmeo que havia acordado, antes que ele acordasse seu irmão e tem um lapso de visão que a tranquiliza.

    Como ele não consegue se levantar ela se abaixa e põe o bebê que já pesava aproximados oito quilos em seus braços e ele fita o garoto entre fascinado e atordoado.

— Veio aqui para vê-los, não foi?

    Kassia pergunta suavemente e ele olha para ela com boca aberta a assentir e volta a fixar o olhar na criança em seu colo, reconhecendo nele parte dos seus traços.

— Eles se parecem comigo.

    Kassia se controla para não revirar os olhos pelo óbvio e se volta para o berço pegando o outro bebê.

— Eu percebi.

    Kassia de súbito olha para a porta e Jarel a brinda com um discreto sorriso torto. Era como se ele soubesse que ela havia tomado uma decisão que lhe cabia e ela meio que dá de ombros. Não mentiria se lhe fosse perguntado, o que não parecia ser o caso ali.

— Sabe quem foi sua mãe, ou seu pai? — pergunta Trevon sem deslocar o olhar do bebê que segura seu dedo tentando levar à boca, onde minúsculas presas cintilavam à meia luz.

— A mãe era sua descendente e ela os entregou em espírito para a sua rainha. K é a Guardiã deles abaixo de Mahren, e também a sua Mäi.

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