Capítulo 29

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    Foram no máximo 15 segundos, mas toda a sua existência com relação a ela passou diante dos olhos da sua mente e ela ganiu baixinho. Kassia implorava com toda a força de seu coração que ela não se fosse e instintivamente até negociava com o Criador Supremo para que ela não fosse afastada dela também. Kassia se deixou cair no chão, impotente e em prantos, e levou ambas as mãos no próprio ventre.

    Eu a matei. lamenta Aleesha em desespero.

    E a matará de novo, para todo o sempre dessa vez.

    Não, dei a ela o meu mitho por ele e agora por ela, leve a mim em seu lugar. Era assim que deveria ter sido.

    Não posso e não vou destruir você, ela só vive porque você vive, era do corpo físico dela que eu precisava para hospedar você, quando abriu mão do seu por ela.

    Não nos separe Mahren, eu vos imploro, ela não é o que pensava, ela não é, oh Mäi de todas nós! Eu a suplico, não nos separe assim...

— Eu a aceito sua maldita desgraçada! É isso que quer ouvir?! Eu declaro a ti e a quem mais interessar, eu a aceito como minha Guardiã eu, Kassia nascida de Korine, que ainda vive. Eu a aceito e renego a minha ascendência imortal, não tire os que me restaram, por Deus não! Ou leve a mim em seu lugar. Isso! Leve-me como algo menor, insignificante, uma escrava ou objeto, qualquer coisa. Mas não os machuque mais. Por Deus, não os machuque mais!

    Mahren se deixa ver e atenua seu brilho em frente à Kassia, mas ela mantém a fronte colada no chão, desesperada. Sua estrutura estava quebrada por dentro e por fora e eram sinceros seus votos e sentimentos com relação aos seus diletos. Jarel a encara e ambos se comunicam por um segundo emocionados antes de ele ver a sua expressão mudar. Mahren comunicava-se diretamente com a fêmea alquebrada aos seus pés e ela assentia.

    Tudo que quiser, qualquer coisa...

    Aleesha sente o conformismo suicida nas intenções de Kassia e toma a frente no comando do seu corpo ao se levantar perante a Guardiã.

    Não pode desistir K, eu a matei. Pensei que tivesse deixado morrer, mas ela a levou como fez comigo e inseriu sua energia no ventre de Korine. Eu deixei que você morresse naquele dia quando podia tê-la salvado e, na sua última hora... Você olhou dentro dos meus olhos e me agradeceu. Você agradeceu e pude ver pelos seus olhos e sentir em meu corpo tudo que passou, mas ainda assim deixei que morresse quando podia tê-la salvado. Eu deixei que acontecesse e quando já não tinha mais volta, eu chorei e implorei a Guardiã que fosse mais complacente do que eu fui e a recebesse no santuário, mas eu fui covarde, e por todo esse tempo guardei esse segredo terrível. Eu deixei que morresse quando podia tê-la salvado e implorei por outra chance, não imaginava que me apegaria tanto a você, tampouco imaginei que seria a mesma Valquíria daquela época. A mesma que sabendo seu destino e o motivo pelo qual não poderia fugir, amou Xstrauss ao ponto de se entregar aos outros machos na esperança vã, de salvar aos que aprendeu a amar.

    Kassia via pelas lembranças de Aleesha a fêmea que era a sua imagem e semelhança de agora e instintivamente leva a mão na fronte onde seus cabelos tinham o tom mais diferente. Ela não só havia perdoado Aleesha como a havia presenteado com seu dom de cura e de ler seus iguais. Como do fundo de seu amaldiçoado coração, desejou para a fêmea que amava Xstrauss tanto quanto ela e era também a sua libertadora, que pudesse viver a experiência que tanto almejava.

    Esse foi meu mitho, eu, ela, a maldita que nos ascende sabia que você foi alterada para não ser mãe, que não podia ser mãe como eu... Entre outras coisas que agora ela sabia e a Guardiã na sua frente parecia sorrir, mas ela não se atreveria em olhar no rosto dela para certificar.

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