Capítulo 21 final

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*Dedico essa parte de capítulo a mais uma amiga, que chegou no momento certo e hora exata, com palavras que eu precisava muito ouvir, meu sincero carinho e admiração.


    Solidariedade?

    Só se foi com o próprio couro, Trevon pensa, ciente de que estava com as costas coladas na parede do quarto. Não que Alegra tivesse gritado ou pulado para fora da cama e o esbofeteado, nada disso. O que ela fez foi pior... Bem pior.

    Ela chorou.

    Ela chorou, quando viu o estado lastimável da irmã logo que ele chegou, e ela estendeu os braços para recebê-la em seu colo e ainda o agradeceu por tê-la levado de volta.

    Ela agradeceu. De verdade, com a mais absoluta honestidade e isso o deixou sem ar. Ela abraçou a fêmea que ele colocou em seu colo e encostou a testa na dela chorando baixinho e a ajeitou em seu colo e Trevon nunca sentiu tanta raiva de si mesmo. E também do babacão todo solícito, que pôs um joelho sobre a cama para amparar à fêmea, enquanto Alegra mordia o próprio pulso e derramava o líquido precioso por cima da maldita máscara na altura dos olhos fechados e acarinhava a garganta dela a balbuciar.

    Mair, bebe mair, perdoa-me, perdoa...

    Trevon bate de leve com o polegar no próprio rosto no intuito de espantar o mosquito persistente que tocou sua bochecha esquerda e logo outro tocou a sua direita e ele olhou o dedo com assombro, seu olhar seguiu na direção de Dërhon denunciando-o e ele o ouviu em sua mente.

    Telhado de vidro camarada e sim, nada de mosquitos ou poeira, isso aí, são lágrimas mesmo!

    Taí. Ele ao menos não estava sozinho nessa, e pode se permitir deixar que os mosquitinhos brincassem à vontade pelo seu rosto.

    A Valquíria nem respirava mais quando entrou com ela no quarto, enquanto a carregava, ele sentiu e reconheceu o cheiro do sangue de ao menos nove dos seus guerreiros naquela máscara e não foi difícil chegar à conclusão de que tentaram alimentá-la.

    Trevon encheu o pulmão de ar e esqueceu-se de soltar quando escutou que o coração da fêmea voltou a bater e ela arregalou os olhos com desespero tentando conter o pulso de Alegra sobre o seu rosto.

    Em menos de um segundo os dois estavam por sobre elas em cima da cama e Danikas olhava um e ao outro que estavam segurando seus braços abertos.

    Ela engoliu o líquido precioso involuntariamente e viu aprovação no brilho dos olhares dos machos, que soltaram simultaneamente os seus pulsos. Alegra volta encostar a sua fronte na dela com carinho, mas Danikas ainda trazia o coração disparado pelo medo e pelo alimento precioso que escorria pela sua bochecha e encontrava o caminho para a sua boca.

    Trevon se levantou e se obrigou a abrir a boca, mas palavra nenhuma semelhante à desculpa saiu, o que se ouviu dizer até com certa aspereza foi um rosnado determinado;

— Eu vou encontrar essa maldita chave.

    E o mais próximo de um pedido de desculpas que conseguiu, foi prometer a si mesmo que logo depois que a libertasse da maldita máscara, ele enfiaria a chave no rabo de alguém. E nesse ínterim ele pensou em Brianis e topou com ela na saída subterrânea da mansão onde havia se materializado.

    Sua postura arrogante e um tanto masculina era a mesma de sempre e a sua expressão beligerante o desafiava em tentar fazer o que pensou, mas havia uma discrepância no contexto que o deixou chocado.

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