®Todos os direitos reservados. Liberado por período indeterminado. (design de capa Debby Scar).
Kassia é uma jovem comum, que sempre batalhou para ter seu espaço e sua liberdade no mundo. Não sabia ela que sua vida tomaria rumos sem volta quando...
—... Eu também tenho esse direito por ter sido transformado sem a minha autorização?
Arthorm morde o lábio inferior e assente devagar;
— Por ser transformado você pode invocar seu Guardião ou Guardiã e questionar, como no caso da tal Janete, se o ato foi acidental ou proposital é seu respectivo Guardião que o usa em sua defesa, no um por um, mas o mitho se não usado pelo próprio em sua hora derradeira, pode ser pelo seu primeiro descendente ou também do respectivo Guardião.
— E como eu faço para poupar de uma possível condenação o macho que me transformou?
Arthorm prende o ar nos pulmões e seu coração falha uma batida, um arfar sofrido escapa pela sua garganta e ele engole em seco;
— No momento em que estiver com seu Guardião ou Guardiã, é só dizer que sim, que aceitou o que te aconteceu.
— Eu aceito.
— O quê?
Arthorm olha atrás de si e encobre os olhos com o antebraço.
— Promete cuidar dela por mim? — ele pergunta ao Arthorm.
Arthorm volta a encará-lo, assente com rosto ruborizado molhado de lágrimas e sussurra com sentimento;
— Eu prometo.
Sérgio sorri de leve.
— Não sei se cheguei a aprender a amar alguém assim, mas ele acabou por me mostrar um breve vislumbre do paraíso ao me morder e é um cara duplamente sortudo, por ter meu respeito e o seu perdão. Ele te salvou de um futuro parecido ou pior do que o que eu vivi e isso eu não desejo a alguém que tenho como um filho, Art. Confia em mim? Eu acho que não conseguiria fazer isso sozinho.
Arthorm solta um ganido ao ver o isqueiro de prata na palma da mão ferida e balança frenética a cabeça;
— Não, não, não é assim que funciona, isso é suicídio, o fim sem direito a nada, o fim em definitivo. Sem vingança, sem lenitivo. Nada.
Sérgio balança a cabeça devagar em assentir;
— Confie em mim, filho, eu fui treinado em quebrar regras. Um ato de fé para um cara que pode bem ser seu primo, sou descendente de Zetha do clã de Arthorm, a irmã dela me disse, Xstorm, seria meu nome...
Eu acredito, eu confio em você...
E ela se aproxima do seu corpo ferido, se ajoelha e devagar retira o isqueiro da sua mão, lágrimas deslizam no seu rosto triste e tão bonito e ela o beija na boca de todo seu coração a implorar baixinho;
Não se vá, não me abandone também, Sérgio. Sem você eu não tenho mais nada, nada...
☼
Jarel olha de soslaio para Mahren e nota como os olhos dela brilham.
Ele fez por merecer.
Não posso discordar, é seu ponto, por honra e mérito.
Mahren sorri e Jarel se espreguiça ao seu lado provocador.
Já viu o que precisava, agora cai logo fora daqui seu veado.
Jarel solta o ar com expressão de enfado e faz uma careta de dor logo em seguida... Mahren morde o lábio, provocadora, e ele alisa o cantinho de onde ela arrancou mais uma pena para a sua coleção e sorri.
Touché Marie.
Sabe que ainda tem mais, não sabe?
Em se tratando da diaba mais angelical que já conheci? Não sei não, mas posso imaginar.
Um anjo de fé, não? Vai imaginando...
☼
Era um sonho, ele sabia que estava sonhando porque nada fazia parte do seu mundo real. A única fêmea que chegou perto de amar bem à sua frente, ajoelhada e beijando sua boca com desespero e carinho implorando que vivesse e dizendo com toda sinceridade que precisava dele.
Deus! Era mais, muito mais do que já ousou algum dia desejar! Se pudesse nascer de novo do ventre dessa mesma fêmea, tudo seria diferente, o seu amor por ele nunca seria de homem e mulher, mas como mãe. Oh Deus, que mãe maravilhosa ela seria!
— Kassia — ele sussurra baixinho envolvendo-a em seus braços feridos;
— Alguns anos atrás eu conheci uma menina, ela devia ter no máximo uns 13 anos, ainda nem tinha os seios definidos e, eu fiz de tudo, tudo mesmo, ela foi minha e não tinha mais ninguém... Na gaveta tem a chave que abre o cofre, dentro desse cofre, tem entre outros documentos os diários dessa menina. Por quase cinco anos, tudo o que fiz e tudo que a induzi a fazer está escrito nesses diários e, nem mesmo por isso eu mudei, quando cansei dela e a abandonei, ela se matou.
— Você não é mais assim. Não é.
As palavras eram tão doces e sinceras e ao mesmo tempo eram tão dolorosas que ele sentiu lágrimas libertadoras banharem o seu rosto;
— Se algum dia chegares a ser mãe, é meu direito desejar e caberá aos guardiões superiores julgar, que meu direito ao mitho seja seu, porque, sei que saberá fazer bom uso dele...
— Sérgio, não, não, por favor, não, Deus, não faz isso comigo nããoo Maldita desgraçaaadaaa eu te odeio, te odeiooo...
☼
Arthorm é movido pela compulsão mental imposta pela Guardiã e também pelo próprio desespero quando puxa a fêmea em prantos e a envolve com seu corpo virando-se de costas, protegendo-a da explosão que faz tremer as paredes das cavernas subterrâneas.
Com um comando mental, ele faz com que a terra se abra sob seus pés e em sua benevolência envolve a ambos, e pouco tempo depois, a escuridão e o silêncio os faz dormir o sono dos Aehmons.
☼
... Você é perigosa.
Nunca te enganei quanto a isso.
Touché, nunca confie em um caído, certo?
Não. Creio que o certo, seria nunca confiar em um caído, errado.
Jarel a fitou por um instante antes de sumir, e não estava sorrindo dessa vez.
Mahren suspira profundamente e move a cabeça reprovando. Uma pitada de malícia nos anjos de bem, sempre fora algo que ela imaginou como base de pedra fundamental.
Ela abre a mão que mantinha fechada e acaricia com os olhos a composição compactada de energia levando ao espaço onde deveria haver um coração. Etéreo, com o restante do seu corpo. Modelável de acordo com a sua necessidade e vontade, e claro que só tirou dali o coração, para que houvesse mais espaço, e entre os demais que trazia ali, ela encaixou mais um.
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