Capítulo 21

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    Ainda com olhos fechados ela deitou o rosto na mão que acariciava seus cabelos. Ele a alimentou e com todo cuidado trocou suas roupas e as da cama por outras limpas e esteve ao seu lado velando seu sono por todo o dia e parte da noite seguinte, agora sussurrava um canto antigo bem pertinho do seu ouvido para que ela voltasse a dormir enquanto a acarinhava e ela se afastou na cama em um convite mudo para que ele se deitasse ao seu lado.

    Ele quedou paralisado e a fitou emocionado por um instante, depois ele se despiu da camisa e deitou no espaço oferecido.

    Alegra deitou a cabeça no seu antebraço dobrado e algumas lágrimas respingaram nele, Dërhon ameaçou se levantar, mas um único sussurro o paralisou, no mesmo instante.

— Fique, por favor.

    Ela pediu e ele ficou, mas bufou inconformado.

— Já estava tão fraca por conta do que aconteceu antes... Pra quê diabos foi alimentar aquela merda de Valquíria... — ela se encolhe e ele a beija na fronte se corrigindo — Não, não, não estou brigando com você. Sei que tem um bom coração é só que... Caralho, não faz mais isso se não quiser ver o que há de pior em mim, tá? Eu não sou nem de longe um santo, mas já dei provas que posso me tornar um verdadeiro demônio em situação parecida...

    Dërhon estava pensando livremente em outra fêmea enquanto cuidava dela e isso doeu em Alegra mais do que imaginava que pudesse doer, mas ela não podia, ou melhor, ela não 'devia' apegar-se a ele ao ponto de sentir ciúmes. O sangramento já havia cessado há horas e em pouco mais de um ano ela não...

    Alegra começa a chorar copiosamente ao se dar conta de que nem isso teria, ela estaria de volta no santuário em poucos dias... E, ela nem saberia apreçar quantos lhe restavam!

    Dërhon a enlaça em seus braços fortes com todos os seus instintos aflorados e conflitantes, ela já não estava mais sangrando e havia ganhado um pouco de cor no rosto lindo, mas ainda estava frágil como uma criança...

— Ainda está, grávida. Não perdeu os bebês.

    Alegra balança a cabeça em negativa.

    Ainda há três... Meninas. Serão lindas como o senhor.

    Dërhon... — ele engasga emocionado e verbaliza;

— Me chame de Dërhon, Alegra.

    Dërhon a aperta contra o peito com ternura e enquanto ela chora, ele se torna cônscio de que...

    Ele solta um grunhido meio gemido e aperta um pouco mais forte contra si e se afasta segurando seu rosto ferido com ambas as mãos, salpica beijos ternos encarando-a em seguida. Ele não podia fazer nada para remediar a situação em que a colocou. Alegra tinha os dias contados e...

    Dërhon se levanta balançando freneticamente a cabeça em negação, a sua garganta estava fechada, a sua respiração dificultada e o seu coração parecia uma bomba prestes a explodir, e como se ela fosse conseguir se levantar da cama ele mostrou suas palmas.

    Não se levante, não, não se mexa eu, eu vou resolver isso eu..., Você, não, vai, embora.

— Dërhon...

    Ele oscila na desmaterialização e finca o pé no chão. Alegra lhe sorri com tristeza e declara do fundo do seu coração;

    Meu corpo já não me pertence mais há muito tempo...

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