Capítulo 16

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*Curtinho e na base de 3G porque meu sinal de WiFi não deu as caras por aqui, só mesmo pra não deixar as habitantes do Vale sem algo novo, durante a madrugada, se voltar, posto o cap 17 bem 'hilari'quente' também.



    Dërhon entra no próprio quarto e passa direto para o banheiro anexo sem olhar para a fêmea ao qual estaria preso por uma 'semana inteira' e nenhum dia a mais, pensou com ênfase. Estava furioso com toda a situação em que meteu a si e ao seu irmão e 'com seu irmão' também! Ele tomou o cuidado de prender a respiração quando entrou para não sentir o cheiro que imaginou ser bem pouco ou nada agradável diante das circunstâncias. Era bem possível que aquela vaca a tivesse mandado banhada em bosta por vingança e ele ia ter que aturar. Dërhon abre a torneira e joga a água fresca no rosto repetidamente, de nada ia adiantar postergar o inevitável, mas suas pernas negavam em se mover e ele ficou ali, se negando a ver o reflexo de pateta no espelho sobre a pia, tentando imaginar o que ia ver e se seu estômago se comportaria.

    Alegra se encolhe sutilmente dentro do manto diáfano que não esconde nada as suas formas e põe de volta na prateleira o livro cheio de gravuras que estava folheando. Ela mal havia chegado e já o tinha irritado por ter mexido em seus pertences sem autorização. O cheiro da raiva dele invade as narinas dela como bofetada em seu rosto, e ela continua parada no centro do cômodo, sem saber o que fazer.

    Ele bateu a porta com força e logo ela ouviu o barulho de água caindo, ele estava se banhando ali dentro e ela sentiu todo o corpo aquecer em expectativa. Siara e duas das suas auxiliares fizeram com que ela dormisse durante todo o período de preparação, ela foi banhada, vestida e perfumada para o deleite do seu senhor e pouco antes de ser levada do santuário ela recebeu as orientações de que deveria dar tudo de si para agradá-lo e estava conformada com sua sorte, só não imagi­nava que ela seria de um dos príncipes.

    Ela estava na morada do rei e seus irmãos e ali ficaria por sete noites e dias se não desagradasse seu senhor, e já aguardava triste que um dos Neimos sob o comando de Brianis aparecesse para levá-la de volta, quando a porta por onde o príncipe entrou torna a ser aberta com violência.

    Dërhon avaliou logo de cara três impactos consecutivos ao abrir a porta com veemência; Um, o aroma que sentiu no ar era incrivelmente bom. Outro, o breve vislumbre que teve pouco antes dela se abaixar reverente e uma cortina de cabelos sedosos em todos os tons da chama a envolver o seu pequeno corpo, era a epítome da perfeição feminina, e por fim, a voz da fêmea o desarmou por completo com seu timbre baixo e rouco melodioso.

— Meu senhor...

... Ele observou a fêmea com pesar e desejou conseguir se afastar bem mais do que apenas alguns metros do leito onde seu corpo agora jazia inerte e quase sem vida. Ele a feriu por vezes sem conta e ela não encontrou a liberdade do que a afligia. Ela não chorou. Não emitiu um único som enquanto a açoitava e a carne dela se abria em cortes profundos. Ela só tremia, e por reflexo muscular, cada vez que seu braço descia com brutalidade incontrolável e desmedida, e ele sentia cada golpe em sua própria carne como um consolo mais que bem vindo pelo que lhe impôs. Mas ele não ficou com a carne aberta como a que via agora, e foi com extremo cuidado que limpou cada uma das centenas de feridas que infringiu com seus dedos trêmulos e emocionalmente esgotado.

    Sempre desconfiou que um dia fosse cobrado pelos seus atos, só não imaginava que por obra e ironia do destino, a cobrança seria feita pela única mulher que não queria ferir e que se descobriu total e perdidamente apaixonado.

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