Capítulo 2 - Conheça Utae, Imma e Malek, uns "amores" de pessoas

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Tudo estava escuro. Bem, eu acho que estava no jogo. Talvez tenha dado algum defeito ou algo assim porque eu nada conseguia ver. Sentia algo gelado passando pelo meu corpo, mas não sentia frio. Só tinha sensação de que estava frio.

Alguma coisa estava estranha em mim porque eu sentia meu corpo e não sentia meu corpo.

— Malek, tem certeza de que você sabe olhar se um animal é macho ou fêmea? — uma voz masculina perguntou.

— Claro que eu sei! — outra voz masculina disse. — E eu posso jurar que tinha um... órgão masculino entre as pernas desse lobo!

— ENTÃO POR QUE PARECE UMA GAROTA?

— MAS EU POSSO JURAR QUE...!

— ERA O RABO DELA, SEU BURRO! — agora uma terceira voz masculina.

Meus olhos abriram devagar. Talvez a curiosidade tenha me feito acordar. Quando meus olhos se acostumaram com a claridade, lá estavam três garotos. Um ruivo, um de cabelos negros e outro de cabelos castanhos. Essas foram as principais diferenças que reparei de primeira.

— Hmmmm, oi? — arrisquei a dizer e minha voz acabou saindo rouca.

O de cabelos negros revirou os olhos e saiu do quarto. Bem, só agora percebi que estava numa cama, então aproveitei pra me sentar, porém, foi aí que vi o tipo de armadura que usava. Não sabia que em videogames atuais as guerreiras pareciam ter saído de um desfile de biquíni.

Tapei a barriga exposta com os braços. O ruivo arqueou uma sobrancelha.

— Não vamos estuprar você, coisa burra.

— Burro é você que trouxe ela pra cá — rosnou o de cabelos castanhos pro ruivo.

Levantei devagar da cama, tentando me acostumar com aquela armadura que tapava só meus seios e a parte íntima. Esses malditos criadores de jogos que abusam da sensualidade da mulher. Bando de machistas, protestei mentalmente.

— Quem são vocês? — perguntei, incomodada pelos dois estarem me analisando de cima à baixo.

— Senhor Não e Senhor Interessa, prazer — o ruivo respondeu com sarcasmo.

Cerrei os punhos e ameacei pular em cima dele. Uma energia percorreu o meu corpo como nunca antes. Era como se no meu sangue corresse poder puro.

Só que antes de eu alcançar a cara do ruivo, o castanho pegou meus pulsos.

— Calma aí, gracinha, sem estresse. Somos os donos da casa, então está sob nossas regras e a primeira delas é: sem agressão.

Rosnei pra eles e puxei meus pulsos pra mim, me livrando dele. Eu me sentia tão... forte.

— Me digam quem são então, e não terão problemas. — Não soube dizer de onde veio tanta ousadia da minha parte.

Os dois caíram na gargalhada, fazendo esvair todo meu ego.

— Quem não terá problemas é você se não arrumar briga com a gente — informou o castanho. — Diremos no jantar, ou seja, daqui à meia-hora. Vamos dar um tempinho pra você se acostumar nesse corpo avantajado.

Percebi a olhadela que ele deu para os meus seios e aquilo fez meu rosto ferver — mas eu era morena, certo? Ele nem deve ter percebido.

— E tenta não entrar em combustão — comentou o ruivo antes dos dois irem embora do quarto, fechando a porta de madeira.

Entrar em combustão? Como assim...?

Foi quando me permiti olhar no espelho e meu queixo caiu — quase literalmente. Minha pele era tão clara e delicada que parecia porcelana. Meus olhos de um azul da cor do céu mais limpo e meus cabelos... acompanhavam o tom dos olhos, ondulados de uma maneira que parecia as ondas de um mar azulado de tão limpo. Minhas bochechas estavam visivelmente coradas e isso só me fez ferver mais ainda de vergonha. Bem, agora não vai dar nem pra esconder quando sentir vergonha, me vi pensando e aquilo me fez mordiscar o lábio que por sinal era tão rosado quanto minhas bochechas.

A Guardiã do Gelo - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora