Capítulo 32 - Fui eu que matei você Tanay?

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Os treinamentos com Tanay eram um saco. Eu sempre acabava brava e imobilizada por ele. Sempre! Não demorou muito aos treinamentos passarem de "legais" para insuportáveis. Até que chegou ao ponto de antes mesmo do treinamento começar, eu já queria socar o Tanay pra ver se ele parava de implicar comigo. Qual é, eu sabia que era ruim, só era um saco ouvir isso a cada segundo durante o treinamento.

Naquele dia eu estava treinando a porcaria da defesa pela milésima vez quando gritei:

— Eu não aguento mais!

Aquele sorriso idiota e convencido do Tanay apareceu em seu rosto.

— Típico — disse como se já esperasse aquilo.

Cerrei os punhos.

— Você é só mais um idiota que só está adorando me treinar pra ser superior a mim! Eu to cansada de ouvir o tempo todo que sou péssima e que nunca vou chegar aos seus pés, porque eu tenho certeza que sou muito mais do que isso!

Depois do meu discurso bravo, tudo o que ele fez em resposta foi bocejar e dizer:

— Já acabou?

— SEU...! — explodi, avançando nele.

E por incrível que pareça, aquela foi a primeira vez que eu acertei um soco nele. Exatamente na bochecha. Fiquei tão surpresa que dei um passo pra trás, encarando meu punho latejando e vermelho. Na bochecha pálida dele estava uma mancha vermelha que logo, logo ficaria roxa. Em meio todo aquele choque, ele sorriu.

— Pensei que nunca fosse conseguir.

Agora não sabia se ficava feliz ou dava outro soco na cara dele.

— Mas você ainda está tendo problemas com a raiva. Precisa se acalmar ou o oponente vai pisar em você e vai vencer a luta antes mesmo dela se tornar física.

Soltei um suspiro. Aquilo era algo que eu ouvia fazia tanto tempo...

— Tudo bem, eu já sei disso — falei, num tom cansado.

— Você entendeu, só que não aprendeu. Por causa disso, nosso treino vai ser após o almoço até o jantar.

— Como é? — fiquei tão surpresa que saiu mais como uma exasperação.

— Você ainda tem muito o que melhorar. Seu nível ainda nem subiu. — Ele meneou a cabeça em direção ao nível 5 bem acima da minha cabeça.

— Não subiu porque você não me deixa fazer nada mais que treinar! Nem caçar eu estou podendo!

— A caça te dá um nível que você não merece. — Tanay balançou a cabeça. — Se quiser passar pro nível seis, vai ter que se esforçar mais do que agora.

Bufei e murmurei algo como "eu te odeio". Só pode ser praga daquela tal deusa Alexia. Me mandou alguém pior que Malek só pra me atazanar pro resto da minha vida por ter socado a bochecha divina, pensei em desgosto, até me arrependendo um pouco do que eu havia feito com ela antes de dar a louca e vir conhecer meu irmão.

Antes que eu fosse obrigada a ouvir mais besteiras vindo dele, eu me sentei num toco de árvore, querendo apenas descansar um pouco. Os treinamentos me obrigaram a conhecer algo que sempre detestei: o calor. E, droga, o local onde estávamos dormindo, era quente o dia todo. Até as noites eram quentes naquele lugar.

— Por que agora não treinamos um pouco seus poderes? — sugeriu ele ao sentar do meu lado no toco.

— Não to afim — respondi com ignorância.

— Se continuar assim seu nível nunca vai subir — provocou.

— Não to nem aí pro meu nível — menti, ainda ignorante.

A Guardiã do Gelo - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora