Capítulo 29 - Preparar, apontar, CORRER!

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Tanay ficou parado por alguns segundos, tentando processar o que havia acabado de acontecer. Nem eu mesma estava acreditando que Olívia estava bem ali e dessa vez era ela que carregava um sorriso convencido no rosto — o meu foi murchando até desaparecer.

— O que está fazendo aqui? — a voz de Tanay estava séria quando se dirigiu à Olívia.

— Algo que já deveria ter feito há muito tempo. — O sorriso convencido cresceu enquanto ela tirava um tridente das costas.

— Não ouse dar mais um passo — ele estava autoritário agora.

Soltando uma risadinha, Olívia desobedeceu Tanay e deu um passo pra dentro da cabana, com o tridente pronto pro ataque. Tanay por sua vez estava começando a criar uma espada de gelo e aos poucos fui percebendo que não era uma espada qualquer. Era a minha espada. Como diabos ele fez isso?, foi a primeira pergunta que invadiu minha cabeça.

— Sabe, eu até que estava com saudade de lutar com você. — Ela deu mais um passo. — Está difícil achar por aqui um oponente digno.

— E dessa vez você vai lutar com honra?

— Ah, querido... — Uma risada. — Você sabe que "honra" não é uma palavra feita para piratas. Tripulantes?

Um a um foram aparecendo jogadores com suas armas em mãos. Engoli em seco. Eu conhecia apenas alguns deles de vista e outros três pessoalmente: Bernad e Hardin.

— Você sabe lutar, garota? — Tanay perguntava pra mim, mas sem tirar os olhos de Olívia.

— Bem, eu... — Não sei fazer nada, nunca fiz nada, pensei em frustração.

— Corre, Kary — Tanay primeiro sussurrou, só que eu estava tão sonsa que só entendi o que ele disse quando gritou: — CORRE!

Foi aí que a tripulação de Olívia atacou. Não eram tantos assim, entretanto, cinco contra um não é algo que chamamos de justo.

Corri em disparada pra fora da sala, fazendo o que eu faria mesmo se estivesse com meus amigos na outra cabana: corri pro alçapão. Desci correndo os quinze degraus e dei de cara com o quarto escuro e com as três dormindo, provavelmente.

— Eu preciso de ajuda! — falei o mais alto que consegui. — Olívia está lá em cima!

De primeira nenhuma delas me deu atenção.

— Kary, o que está fazendo? — era Melina perguntando e pela voz sonolenta, percebi que havia acabado de acordar.

— Tanay precisa de ajuda, Melina — falei, esperando que ela abandonasse o sono. — Olívia está lá em cima.

Ouvi um suspiro.

— Meninas levantem — disse Melina. — Talvez ela tenha razão.

Mais suspiros foram soltos até eu ter certeza de que as três se levantaram. Não esperei elas estarem totalmente prontas, apenas corri de volta pras escadas, já até esperando que Tanay estivesse morto.

Bem, morto ele não estava, mas parecia estar muito cansado. Seu rosto estava corado e encharcado de suor. Eu não fazia ideia do que poderia fazer pra ajudá-lo de verdade, então apenas tentei resfriar seu corpo o máximo possível — não que eu quisesse totalmente que meu irmãozinho ficasse vivo.

Ele estava lutando com Olívia seriamente, só que os outros quatro tripulantes não o deixava em paz, dificultando ter um ataque eficiente contra ela. Assim que a mesma me viu desarmada e sonsando durante a luta, bastou apenas ela menear a cabeça em minha direção com aquele seu típico sorriso de "te peguei" no canto do rosto pra que dois dos que atormentavam Tanay virem em minha direção.

A Guardiã do Gelo - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora