Capítulo 18 - Aquela que Habita na Escuridão

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Aqui vai uma lição de ouro para vocês: nunca caiam num abismo gigantesco, formado por um filho de Hades, tudo bem? Sério, quando se chega no fim dele, você acha que morre, então você percebe que está vivo, mas que preferia estar morto. É confuso, eu sei, só que uma hora — se algum dia você passar por isso —, vai acabar entendendo o que estou dizendo.

Eu e Rian caímos numa espécie de rio, entretanto, ele era tão escuro, mas tão escuro que foi impossível abrir os olhos lá dentro — até porque, ele parecia ser um material suspeito demais pra arriscar. Nadamos até a superfície e quando olhei ao redor, não vi muita diferença entre o rio e o que estava fora dele.

A areia era cinzenta, misturada com alguns pontos pretos e o ar tinha uma fumaça espessa que me dava vontade de tossir só de vê-lo. Olhei pra cima e não vi nada mais do que escuridão. O que iluminava o local eram tochas penduradas nas pedras negras das laterais do abismo. Olhando pra frente, eu vi uma imensidão de escuridão e olhando pra trás, também tive o mesmo resultado.

Saímos do rio e eu me sentei na areia, tentando respirar um pouco de ar puro — não que ali tivesse algum ar puro. Rian se sentou do meu lado, respirando ofegante.

— E agora? — questionou ele quando sua respiração se normalizou.

— Temos que dar um jeito de voltar.

— Disso eu sei. Só precisamos saber como voltar.

— Você é o filho da deusa da sabedoria. Deveria ter bolado um plano antes mesmo de cairmos aqui embaixo.

— Não é assim tão fácil.

Olhei pra cima e notei que ele não passava de um nível três. Bem, estávamos literalmente no mesmo buraco.

Então, bem baixinho, comecei a ouvir alguns gemidos. Me levantei da areia e olhei ao redor, a procura de algum sinal do que poderia ser aquilo. Bem, não obtive tanto sucesso, mas tinha uma noção de onde mais ou menos podia estar vindo o som.

— Conseguiu ouvir? — perguntei, me referindo aos gemidos.

— O quê?

Fiz um gesto para que ele se calasse, esperando os gemidos recomeçarem. E bem baixo, eles voltaram. Agora tinha certeza de que era uma garota.

— Acho melhor irmos investigar — digo por fim.

— Você é curiosa ou o que, garota? Nem era pra você ter invadido minha luta com Xander?

Rian se levantou enquanto reclamava da minha ação "heróica".

— Está reclamando? Se não percebeu, Senhor Genialidade, ele estava prestes a te jogar aqui embaixo sozinho.

Rian bufou, não querendo aceitar os fatos. Metidinho a esperto. Tudo isso por ser filhinho da deusa Atena? Grandes coisas. Talvez eu devesse mesmo ter deixado você cair aqui sozinho, me vi pensando meio brava.

— Talvez fosse melhor mesmo — murmurou ele.

— Como é?

E mais uma vez os gemidos ressoaram no abismo que havíamos caído. Ok, agora aquele som começava a me assustar.

— Vamos descobrir logo o que é isso — anunciou por fim.

— Ah, só agora foi pensar nisso, Senhor Genialidade? — usei um tom irônico.

Então deixei ele seguir na frente já que se achava o "rei da cocada-preta" por ser filho de Atena — até porque, ele estava seguindo na direção que eu já estava pensando em seguir. Não estávamos tão longe assim e enquanto caminhávamos, notei que sentia falta de alguma coisa.

A Guardiã do Gelo - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora