No dia seguinte eu acordei com um cheiro maravilhoso. Era comida. Céus, como eu sentia falta de algo pra comer — a gente geralmente só comia uma ou duas vezes por dia ou as vezes ficava com fome o dia inteiro. Abri os olhos devagar, me deixando levar por aquele cheiro maravilhoso. Logo eu estava me sentando, respirando fundo o ar fresco do dia ensolarado.
Apenas Melina estava assando algo na fogueira. Não via nem um sinal de Tanay, Henrietta ou Daniela. Arqueei uma sobrancelha e me levantei da grama — por incrível que pareça, sim, eu tinha pegado no sono ali mesmo. Caminhei até Melina e me sentei ao seu lado, observando-a assar uma espécie de carne qualquer.
— Onde estão os outros? — questionei depois de um tempo.
— Tanay foi cortar madeira. Henrietta e Daniela foram caçar.
— E você?
— Estou fazendo o almoço. — Ela deu um sorriso doce.
Continuei a observar o jeito como ela assava a carne com delicadeza.
— Quem é o seu parente divino?
— Psiquê, deusa das almas.
— Então você deveria ser sinistra igual aos filhos de Hades, não? — Arqueei uma sobrancelha enquanto perguntava.
Melina riu.
— Deveria, mas minha mãe é tão doce que isso seria contrariar a personalidade dela.
Bom, isso pelo menos explica o fato de você ser doce o tempo inteiro, pensei distraidamente.
— E... você e Tanay são...?
— O quê? — Ela riu mais uma vez. — Namorados? Nem pensar. Ele é cabeça dura demais pra mim.
— Então como é que você consegue sempre burlar as ordens dele?
— Eu sou a vice-líder. Minha função é questionar as ordens do próprio líder de vez em quando.
São tantas funções de líder e vice-líder que eu me pergunto de onde esses quatro tiraram tanta disciplina, pensei, surpresa por eles saberem de cor o que cada um tinha que fazer.
— Aliás, Tanay me disse que ele que vai treinar você.
— Eu sei. — Fiz uma careta. — Mas na verdade eu queria que você me treinasse.
O sorriso doce voltou aos seus lábios.
— Eu também queria te treinar, só que Tanay se acha mais adequado pra isso. Então se prepara, porque ele não costuma pegar leve no treinamento.
Soltei um longo suspiro.
— Não se preocupe. Vou observar vocês dois de longe só pra ter certeza que ele não vai fazer nada de mau com você.
— Ele sempre foi assim? Insensível?
— É a personalidade da mãe divina de vocês dois. Coração de gelo, como eu gosto de chamar particularmente.
— Isso quer dizer que eu sou assim também?
Mel negou com a cabeça.
— Nossa personalidade faz parte de nosso gene — explicou ela —, o que significa que só temos tendência a ser uma certa pessoa. Não quer dizer que temos de ser ela.
— Natália, é você? — fingi uma expressão surpresa.
— Ah, não, quem dera. — Outro sorriso doce. — Eu gostava da Nath, admirava a inteligência dela. Pena que os garotos eram tão idiotas com a pobrezinha.
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A Guardiã do Gelo - Livro 1
Fantasy[Trilogia Os Guardiões - Livro 1] "Estar no último ano do ensino médio pode ser tanto uma benção como uma porcaria. Pensa só: talvez você nunca mais vai poder ver seus amigos de sala e ainda vai ser obrigado a enfrentar o mundo adulto sozinho. Bem...