Capítulo 13 - O gatinho e a prisioneira

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Abri os olhos, mas isso não adiantou muito já que o local estava muito escuro. Senti toda parte do meu tronco completamente dormente, juntamente com os braços, por estarem muito tempo amarrados. Tombei a cabeça pra trás e descobri que a parede não estava tão longe. O local balançava de um lado pro outro, fazendo alguns nós se formarem no estômago.

Eu não fazia ideia de onde eu estava e queria muito descobrir.

— Levem-na para o interrogatório — a voz feminina familiar me despertou dos meus pensamentos.

E fui arrastada — na verdade, carregada — para o tal "interrogatório". Quando dei por mim estava sentada numa cadeira, dentro de uma sala iluminada apenas por uma tocha presa na parede. Bem na minha frente estava aquela garota que havia me sequestrado.

Foi aí que eu parei pra reparar em como ela era. Possuía cabelos louro-platinados, ondulados nas pontas, com mechas azuis e mais alguns fios brancos em meio ás linhas azuis. Seus olhos eram do mesmo tom dos de Imma. Havia uma tatuagem de onda na sua clavícula.

— Diga quem é e eu posso começar o interrogatório — falou calmamente, me encarando.

A encarei por um momento, ponderando se diria alguma coisa.

— E então? — apressou ela. — O gato comeu sua língua?

— Eu falo se você me falar primeiro seu nome.

A garota revirou os olhos, como se o meu pedido tivesse sido o mais infantil do mundo.

— Olivia e como você sabe, filha de Poseidon — disse, fazendo um gesto de desprezo. — Pode me dizer agora ou vou ter que arrancar as palavras de você?

— Kary, filha de Quione. — Me limito somente àquelas informações.

Olivia soltou um longo suspiro, claramente insatisfeita.

— O que estavam fazendo na floresta, roubando a nossa comida?

Antes que eu pudesse responder, um garoto de cabelos roxo-escuro entrou. Seus olhos eram do mesmo tom de Vibeke e arregalei os olhos ao ver o mesmo colar que ela usava. O colar Elemental. Água, fogo, ar e terra.

Seus olhos encontraram os meus e só naquele ato eu senti a magia no ar.

— Foi você que matou Vibeke? — questionou ele, sem rodeios.

Engoli em seco com a pergunta.

— Não, mas eu sei quem a matou.

Se descobrirem o que Malek fez e irem atrás dele para matá-lo... Pense só: ele morto, sem nunca mais me encher o saco..., aquela era realmente uma ideia tentadora. Só que tinha um detalhe: tecnicamente, quem matou Vibeke foi Kameel. E quem liga? Se eu der o nome do Malek, estará feito.

O garoto bateu na mesa e aproximou tanto o seu rosto do meu, o que me assustou. Sua expressão estava dura como aço, o que me fez morder o lábio inferior de nervosismo.

— Quem foi o desgraçado que a matou? — vociferou ele.

Olivia pôs uma mão em seu peito, afastando-o um pouco de mim.

— Amor, não exagere. Temos que ir com calma.

Ele bufou, mas se afastou, resmungando alguns xingamentos.

— Então... — Ela voltou a me encarar. — Me responda.

— Não estávamos roubando sua comida. A comida era nossa. Nós caçamos ela.

— E só por causa disso se acharam no direito de levar um dos meus tripulantes? — havia tom acusatório na sua voz.

— Ei, você me sequestrou também. — Faço uma careta.

A Guardiã do Gelo - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora