Capítulo 42 - Juro que nunca me senti tão poderosa

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Meu coração batia forte no peito, mas eu sabia que não poderia ficar parada. Meu irmão corria perigo e eu não podia deixá-lo sozinho. As linhas da minha mão direita ficaram num brilho mais intenso e a cimitarra pareceu responder ao comando porque a luz também se espalhou pela mesma. Sabe aquela sensação de poder? Era o que eu estava sentindo e céus... sentir aquilo correndo pelo sangue era bom.

Numa coragem extraordinária, eu corri em direção ao monstro e dei um salto tão alto que sim, aquilo era humanamente impossível — na verdade tive uma ajudinha dos ventos que eu podia controlar. Num golpe só eu parti a madeira do machado, fazendo o ferro cair no chão de madeira da cabana destruída.

Quando meus pés atingiram o chão, a primeira coisa que senti foi o ar quente saindo das narinas do touro. Tanay não estava muito longe de nós dois, só que incrivelmente ele parecia imóvel. Ele estava ajoelhado, Henrietta estava deitada no chão com o arco em mãos e a flecha tensionada no mesmo, assim como Quant estava com uma clava grande nas mãos, pronto pra atacar. Porém havia algo curioso nos três: todos estavam congelados, o que tecnicamente indicava que eu estaria sozinha naquela luta.

Um monstro mitológico gigante e uma simples Jogadora, isso com certeza não é algo justo, pensei enquanto encarava os olhos negros do híbrido à minha frente. Gilbert deve estar rindo vendo isso.

— Tudo bem, monstro. Podemos fazer de um jeito simples: ou você libera meus amigos, ou eu mato você — falei com firmeza.

Eu sabia que o monstro estava me entendendo muito bem. Tanto é que sua resposta foi ficar de quatro, indicando o modo de ataque. Um pequeno sorriso surgiu em meu rosto enquanto no meu corpo corria mais adrenalina e poder do que sangue.

O Minotauro atacou depressa, mas eu fui mais rápida ainda em fazer uma barreira resistente de gelo entre mim e ele. Bem, de primeira havia sido uma ótima ideia, só que ele facilmente conseguiu espatifar a barreira em minúsculos pedaços de gelo. Me surpreendi e aquela surpresa foi suficiente pra ele conseguir chegar centímetros perto de mim. Não fuja. Você não pode fugir pra sempre, pensei, querendo me passar coragem.

Arrisquei usar a cimitarra quando ele veio pra cima de mim com os chifres e o resultado foi bem inusitado: a cimitarra incrivelmente dobrou de tamanho, ficando suficientemente da largura que os dois chifres tinham de distancia. Nisso, a ponta dos chifres ficou pressionada contra minha espada, que era a única coisa que me separava da morte. O brilho da minha mão ficou mais intenso enquanto eu tentava usar minha força pra afastar o touro gigante.

Gotas de suor começaram escorrer pela mina nuca ao mesmo tempo que o brilho ficava mais intenso. O touro não me fazia avançar nenhum passo e vice-versa. Não demorou muito pros seus chifres penetrarem a espada, só que o incrível era que a mesma não estava se partindo.

Uma brisa forte começou a nos rodopiar e o céu a escurecer. O poder correndo nas minhas veias só ficava mais intenso enquanto eu pela primeira vez conseguia dar um passo em direção ao monstro, fazendo ele recuar outro por causa da minha força.

Um sorriso traquino brincava em meus lábios que saboreavam o gosto salgado do suor. Até que um plano insano corta minha mente e eu mal penso nele quando o executo: eu simplesmente me apoio na espada e dou aquele pulo sobrenatural de novo que me faz praticamente voar, me deixando com os pés pro ar antes de eu dobrar o corpo e cair de mal jeito no lombo do animal.

Posso jurar que nunca me senti daquele jeito. Eu me sentia mais poderosa do que nunca.

Minha respiração estava ofegante, mas eu não queria parar. Aquela sensação de poder era tão viciante quanto uma droga.

— Quer continuar brincando? — questionei num sussurro ao ouvido do animal.

Sua resposta foi vários coices. Ele estava tentando me derrubar.

A Guardiã do Gelo - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora