Capítulo 46 - A Branca de Neve ruiva

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Fiquei algumas horas com Nerea, até ela se sentir bem o suficiente pra conseguir sentar. Nisso eu já tinha saído pra caçar algumas coisas pra comermos — e isso incluía harpias no cardápio. Era de tardezinha quando consegui acender uma fogueira para esquentá-la. Eu não precisava daquilo.

Por eu passar o dia inteiro cuidado de Nerea, não me sobrou tempo pra investigar sobre as marcas nas árvores, o que só me deixou mais ansiosa. Era óbvio que eu queria segui-las pra saber onde iriam dar.

— Você me lembra muito Olivia — comentou Nerea depois de só ficarmos ouvindo o crepitar do fogo por um tempo.

— Hein? — Não sabia se aquilo era um elogio ou uma ofensa.

— Ela era uma boa líder — explicou. — Você também poderia ser se tentasse.

— Acho que meu cargo sempre só se limitou a ser vice-líder. — Havia um meio-sorriso no meu rosto.

— Porque você quis.

— Agora vai me dar lição de moral como minha mãe? — Eu não estava brava.

— Já pensou em fazer uma aliança?

— Não sei quem chamaria ou se daria sorte de encontrar alguém. Não sei nem quantos Jogadores ainda estão vivos.

— Eu conversei com Gilbert antes de começar a jogar o jogo. Ele tinha me dito que quando faltasse apenas vinte e cinco jogadores, íamos começar a ter a contagem e a localização dos que faltavam se não me engano.

Arqueei uma sobrancelha numa pergunta silenciosa.

— Não sei como vai ser isso — disse.

— Vai tornar o jogo mais competitivo.

Ela assentiu.

— Provavelmente estamos muito espalhados pelo mundo virtual. Tenho medo do que ele vai fazer quando formos só vinte e cinco.

— Em quantos você acha que somos agora?

— No chute? Eu diria trinta.

Engoli em seco, esperando que ela tivesse errado feio o número, embora não fosse tão impossível que o número estivesse por aí mesmo. Ou quem sabe menor. Então nossa conversa cessou por um momento. Ambas distraídas com o fogo que nos separava.

— Nós... somos uma equipe agora? — questionei.

— Por que não? — Ela colocou um pequeno sorriso no rosto.

— Pois bem, então eu quero um juramento.

— Não confia em mim?

— Confio — falei e estava sendo sincera. — Mas Olivia pode te ganhar de novo e você sabe que não posso arriscar à essa altura do campeonato.

Nerea me encarou. A magia corria pelo ar. Eu estava sendo persuasiva.

— Tá. Eu juro que não vou te trair.

— Não quero palavras. Quero fazer um feitiço em você.

A expressão de Nerea endureceu.

— Por que quer fazer um feitiço em mim?

— Você confia em mim? — dessa vez era eu quem perguntava.

Novamente trocamos olhares. Eu sentia sua hesitação.

— Se vamos ser uma equipe, preciso de aliados verdadeiros.

Intensifiquei minha persuasão. Não podia me dar o luxo de perder alguém, principalmente agora que tinha perdido um dos meus maiores poderes.

A Guardiã do Gelo - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora