Capítulo 39 - Consegui dominar Tanay, finalmente!

4.4K 527 314
                                    

Os dias que se seguiram foram de puro luto. Henrietta estava arrasada e se afastara de todos — até de mim — desde o dia em que queimamos o arco de Daniela. Eu me sentia mal por ela porque perder alguém diante dos seus olhos é algo horrível. Ah, Kameel, como eu tenho saudades de você, pensei tristemente.

— Kary, será que poderia vir comigo? — questionou Tanay, me acordando de meus pensamentos.

Era tarde e Henrietta o ajudava a ajeitar a fogueira para noite. Ela havia saído pra caçar sozinha — eu e Tanay concordamos que era melhor pra ela — e trouxera alguns coelhos para comermos. Quant se mostrava bem útil nos últimos dias porque vivia criando algumas invenções pra nos auxiliar — como uma panela e uma espécie de chapa que funcionava como um fogão quando colocado em cima da fogueira.

Provavelmente agora Tanay estava me chamando pro treinamento da noite — meu irmão passou a treinar Quant pela manhã e me colocou a noite (que era de tardezinha) desde que Daniela morreu. Mesmo que o garoto não levasse muito jeito com a espada, seria bom que ao menos tivesse noção de como se defender.

Eu estava ocupada carregando as madeiras — Tanay que cortou — pra dentro da cabana pra ficar de reserva tanto pra fogueira quanto pra lareira, embora nunca usássemos ela — o que mais fazia por aqui era calor.

Deixei elas na sala, perto da lareira e saí da cabana, encontrando Tanay perto da futura fogueira que Henrietta estava arrumando. Logo nós dois estávamos caminhando juntos em direção à floresta perto do lago onde costumávamos treinar.

— A Henri tá melhor? — questionei já que não possuía tanto contato com ela.

— Na medida do possível, sim. — Ele suspirou.

— A droga é que aquelas malditas Fúrias nunca morrem — murmurei.

— Já tinha enfrentado elas antes?

Afirmei com a cabeça.

— Foi quando eu provoquei Equidna. Na época quem me salvou foi meu amigo-irmão.

Ficamos um bom tempo caminhando juntos, sem ter o que dizer um ao outro.

— Sabe, eu sei o que é perder alguém — me vi dizendo. — Perdi meu namorado uma vez.

— Em pensar que a maior perda que tive até agora foi meu hamister. — Ele balançou a cabeça, fingindo decepção consigo mesmo.

Soltei uma risadinha.

— E eu achando que você era um monstro antipático quando te conheci... — Empurrei seu ombro.

— Eu sou. — Vi um pequeno sorriso no canto do seu rosto. — Só que com as pessoas certas, tipo uma irmãzinha insuportável que minha mãe arranjou.

Mostrei a língua pra ele.

— Ainda bem que não cheguei a dizer que você é um cara legal, porque já estou me arrependendo de ter pensado nisso.

— Na verdade, acho que você vai mudar de ideia daqui a pouco.

Arqueei uma sobrancelha ao ouvir ele dizer aquilo, mas decidi ignorar, me limitando apenas a um dar de ombros enquanto continuávamos nosso caminho.

Foi só quando chegamos que eu entendi o que ele queria dizer. Arregalei os olhos ao ver o lago congelado — e eu logo soube que aquilo foi obra dele porque não tinha como algo congelar num local tropical.

— Por quê...?

— Eu decidi que hoje seria melhor descontrairmos. Todo o luto de Henrietta está me deixando louco. Toda frieza tem limite. — Ele balançou a cabeça.

A Guardiã do Gelo - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora