Capítulo 28 - Meu irmãozinho antipático e o ressurgimento de Olivia

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As reuniões sempre aconteciam durante a noite — e sempre eu ia dormir antes mesmo deles chegarem na cabana depois de um longo dia de caçada, o que me impediu de ver quem eram os outros três. Eu também sempre acordava depois que eles saíam pra floresta pela manhã. Apenas uma que eu sabia só o nome: Henrietta. Eu continuava sem minha espada, mas descobri que está em posse de algum integrante. Só precisava descobrir qual.

Eles planejavam atacar uma equipe e eu esperava que não fosse a minha. Se fosse, Kary, eles a chamariam pra dar informações e isso até agora não aconteceu, tentei me confortar. Sentia saudade dos meus amigos.

Naquela noite eu decidi que conversaria sério com Tanay — ou meu irmão no caso, já que ele também era filho de Quione — depois que a reunião acabasse. Precisava descobrir o que ele estava escondendo e, se por algum acaso, ele estava planejando atacar minha cabana.

A reunião acaba depois de meia-hora, por aí — as vozes se cessam quase por completo. Levanto da cama e subo as escadas direto pra sala principal, onde encontro todos os cinco integrantes juntos. Bem, um deles quase me fez ter um infarto na hora: Vetle. Ah céus...

Nosso último encontro não foi dos melhores — é, eu meio que tentei matar ele afogado —, só esperava que ele não fosse o tipo de cara que guardasse rancor.

De resto na sala estava Tanay, Melina e mais duas garotas. Uma possuía cabelos castanhos, presos num coque rígido e olhos claros e vibrantes como a lua. A outra possuía cabelos fartos cacheados nas pontas num tom tão dourado que cada fio parecia ser de ouro e seus olhos eram de um castanho mel que parecia doce ao paladar.

— Kary, que bom que veio — Melina foi a primeira a me receber.

— Ah, então essa é a nova integrante dorminhoca? — disse Vetle, cruzando os braços e notei o pequeno sorriso irônico no canto do seu rosto.

— Olá, Vetle, senti saudades. — Pisquei pra ele, querendo demonstrar que não me sentia intimidada.

Sobrancelhas se arquearam e olhares serpentearam entre nossos olhares irônicos trocados.

— Vocês se conhecem...? — Tanay parecia não entender.

Quando Vetle abriu a boca pra responder, falei primeiro:

— Num barco pirata comandado por uma tal de Olívia, filha de Poseidon. Ele era um de seus tripulantes e graças a ele eu quase me afoguei no mar depois de ser obrigada a saltar de uma prancha — esclareci.

Quatro olhares foram agressivamente dirigidos a Vetle. Ele me lançou um olhar raivoso.

— Então quer dizer que você fazia parte da tripulação de Olívia, traidor? — rosnou Tanay, fazendo surgir aos poucos uma adaga de gelo em sua mão e logo ele usou aquilo pra apontar pro pescoço de Vetle.

Arqueei uma sobrancelha, sem entender direito o que estava acontecendo. Melina pareceu notar e acabou ficando do meu lado pra sussurrar:

— Nós somos os maiores rivais de Olívia.

— E-Eu p-posso explicar... — gaguejou Vetle que segundos atrás parecia tão confiante.

— Explicar o quê? — vociferou Tanay, até me lembrando Utae quando ficava bravo. — A forma brilhante como Olívia infiltrou você na nossa cabana?

Vetle gaguejava e murmurava vários pedidos de desculpas e eu meio que fiquei com pena dele. Qual é, não queria me sentir culpada pela morte de alguém — já bastava eu me sentir assim por causa de Kameel, não queria ter outra lembrança ruim.

Então, quando Tanay ergueu a lâmina de gelo e o que aconteceu a seguir passou em câmera lenta diante dos meus olhos. Eu simplesmente fiz uma fina barreira de gelo, protegendo da cabeça à clavícula de Vetle. E embora fosse fina, era bastante resistente e isso não deixou que Tanay o matasse com a própria adaga de gelo.

A Guardiã do Gelo - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora