Capítulo 7 - Flashes

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Dia 28 da chegada ao planeta, 05:00 hs horário do planeta UH-9536

       Amanhecia mais um dia, e os soldados estavam no canyon, torcendo para não serem notados pelos satélites Stall.

Raul estava de guarda na entrada da formação geológica. Ele olhava para o horizonte, quando repentinamente pequenos flashes de luz ocorreram no céu, ao norte de onde eles estavam.

Eles ocorriam um depois do outro, com uma pequena fração de segundo de intervalo.

Ocorreram por volta de 40 flashes e quando o Raul conseguiu levantar os binóculos eles já haviam parado.

Depois de mais alguns segundos pontos brancos apareceram no céu em uma posição abaixo de onde tinham vindo os fenômenos luminosos.

Raul apontou os binóculos para os pontos brancos e viu que eram paraquedas, e que neles estavam presos objetos, os quais o soldado  achou parecidos  com as primeiras cápsulas espaciais da humanidade. Porém eram de construção mais tosca e desenho mais simples.

Ele apertou o botão de alarme, podia não ser uma ameaça iminente, porém os outros tinham que saber daquilo. Era óbvio para ele que a posição das cápsulas e os flashes estavam relacionados.

Raul levantou os binóculos para cima, ele calculou que o intervalo dos flashes, e da abertura dos paraquedas, era compatível com o tempo de queda livre das cápsulas.

Ele estava olhando para a posição do fenômeno inicial, quando uma segunda onda de flashes ocorreu. Ele ficou surpreendido quando olhou para um lugar no céu onde não havia nada, aí aconteceu um flash, e depois do fenômeno luminoso, havia no mesmo local uma cápsula saída do nada, e ela entrava em queda livre.

Raul acompanhou a queda das cápsulas, já prevendo o ponto em que os paraquedas iriam se abrir, o que se confirmou alguns segundos depois.

Raul pensava se ainda haveriam outras rajadas de flashes? e que diabo de tecnologia alienígena era aquela? Como era possível aquelas coisas saírem do nada? 

Ele pensou que talvez aquelas cápsulas estivessem fazendo saltos de hiperespaço, mas pelo que ele sabia o salto não podia ser feito próximo de planetas ou outros corpos celestes com campos gravitacionais significativos.

E houve outras duas rajadas de flashes, sempre iguais, e Raul já havia percebido que os flashes sempre ocorriam a uma distância mínima de algumas centenas de metros um do outros, parecia tudo perfeitamente organizado e calculado.

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     Os soldados estavam todos reunidos, com exceção dos vigias, os quais acompanhavam a discussão pelos comunicadores de curto alcance.

Ao consultar os mapas em seu terminal portátil, Carlos verificou que as cápsulas provavelmente haviam descido em uma região plana, próximo ao vale de que partiu o ataque contra eles dias atrás.

Era bem possível que fossem reforços e suprimentos para os Stall. Era meio que evidente que devia ser uma nova tecnologia de transporte do inimigo.

O dilema era cruel, fugir ou ficar, eles eram apenas dezesseis soldados, e, as cápsulas poderiam ser apenas suprimentos, mas também poderiam ser tropas Stall.

Os soldados confabularam entre si e concordaram que cada cápsula podia tranquilamente abrigar dois soldados Stall totalmente armados e equipados.

Os soldados passaram a rever em seus dispositivos de mídia pessoais o material áudio visual sobre os soldados de infantaria Stall, eram vídeos de batalhas e exames realizados em corpos e equipamentos Stall

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Os soldados passaram a rever em seus dispositivos de mídia pessoais o material áudio visual sobre os soldados de infantaria Stall, eram vídeos de batalhas e exames realizados em corpos e equipamentos Stall.

O inimigo básico não era forte, talvez por viver em ambientes de gravidade diminuída, mas era ágil e seu armamento era compacto e leve, permitindo seu uso, tanto em locais apertados como corredores, como em terrenos abertos, uma vez que tinham um bom alcance, e os Stall eram excelentes atiradores.

Eles eram altos, mais de 1,90 m, esguios, pele cinza escuro, cabeça oval, com grandes olhos pretos, os quais lembravam os de alguns peixes do planeta terra. Eles tinham boca pequena, sem nariz e com orifícios respiratórios nas laterais do pescoço.

        As conversas entre os soldados entraram noite adentro e Pablo disse:

- O comando nos colocou nessa fria, deviam ter mandando veículos robôs para fazer essas patrulhas.

 - Você sabe que a política sobre robôs mudou há alguns anos, agora só são usados apenas para transporte - respondeu Carlos. Ele explicou para os mais novos os fatos que levaram a essa mudança nos procedimentos militares dos humanos.

Carlos já era um veterano de guerra com seus vinte e poucos anos de idade, ao contrário dos outros membros do grupo, todos com menos de 18 anos.

Ele disse que antigamente se usavam veículos e naves autônomos em abundância. Os Stall não tinham essa cultura, todas as naves e veículos deles eram tripulados, pelo menos até onde era conhecido.

Era uma vantagem muito grande para os humanos. Podiam usar veículos autônomos, poupando a vida de soldados e pilotos.

Todos achavam que a vitória viria em alguns anos. Porém depois de muito tempo analisando a tecnologia humana os Stall conseguiram hackear um modelo de drone de ataque orbital, não se sabe ao certo como fizeram isso, parecia tecnicamente impossível, mas aconteceu.

Muitas mortes ocorreram quando as pequenas naves autônomas, do tamanho os antigos ônibus da terra voltaram e atacaram suas próprias bases.

Felizmente não havia muitos daquele tipo de equipamento, o qual já era antigo e estava sendo substituído por modelos mais recentes, porém houve a perda de um sistema solar para o inimigo na confusão gerada pelo hackeamento.

Agora não se usavam naves e veículos autônomos armados, isso era explicitamente proibido. Nem mesmo para reconhecimento, se eles fossem hackeados eles poderiam enviar mensagens falsas dizendo que não havia presença inimiga em um local, sendo que poderia haver toda uma frota inimiga estacionada ali.

Até mesmo os satélites de vigilância estavam sob suspeita ultimamente. Drones de reconhecimento, só mesmo os mais simples, controlados diretamente por soldados a curta distância.

Carlos mandou que fossem dormir, precisavam estar descansados para o dia de amanhã, afinal, qualquer coisa podia acontecer naquele ponto.

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