Dia 54 do calendário do Planeta UH 9536, 08:45 hs
Priste embarcava na nave de desembarque tático, ele iria sair para mais um vôo de patrulha. Ele não tinha mais o que fazer ultimamente. O perímetro defensivo já estava consolidado. Os inimigos haviam sido expulsos da região e não houve mais cápsulas aparecendo ultimamente.
Infelizmente seu prisioneiro havia morrido, era muito divertido para Priste estudar a criatura, pena que ele não quis colaborar.
Quelem havia mandado para Priste alguns arquivos secreto, ele como comandante de uma frota, mesmo pequena, tinha acesso a informações confidenciais. Os registros em questão, mostravam os interrogatórios e exames feitos em humanos capturados. A regra geral, para os humanos, era para não fazer prisioneiros, mas deviam ter aberto exceções em alguns casos.
Priste entendeu a necessidade de segredo para aqueles arquivos. Com os humanos capturados havia se conseguido uma forma de tradução da língua deles. Os capturados relataram que a raça humana estava disposta a negociar a paz, que sempre tentaram se comunicar, que achavam a guerra uma perda material e de vidas desnecessária, uma vez que acreditavam que as duas espécies podiam dividir os recursos dos sistemas solares. Aquela informação era perigosa.
Os Stall não eram uma raça pacífica, se estivessem ganhando nunca iriam querer a paz, iriam preferir esmagar e eliminar outras raças. Porém, se estivessem perdendo uma guerra, alguns covardes poderiam querer negociar.
Eles não queriam admitir, mas parte de sua população não era tão corajosa como devia, não tinha tanto amor ao deus Tulo.
Os fracos eram mantidos na linha pelos sacerdotes, que ao perceber qualquer sinal de falta de coragem e fé, retiravam o indivíduo problemático da sociedade. Os desviantes eram mandados para um centro de reeducação em um algum planeta distante, onde eles se arrependiam de seus atos e voltavam a se comportar dignamente, ou eram sacrificados em homenagem a deusa da morte Virtex.
Agora Priste passava seu tempo administrando as forças de terra, Todos os veículos de combate estavam estacionados nos limites do perímetro defensivo e iriam começar a mandar patrulhas pela região, para caçar alguns possíveis inimigos que ainda não tivessem fugido para longe.
O vôo estava tranquilo, não haviam avistado nada ainda, era uma pena, Priste estava no console de controle da arma automatizada da nave, ele gostaria de atirar em alguma coisa hoje. O piloto voava baixo entre as montanhas, às vezes passava a poucos metros das rochas.
Eles contornaram uma montanha e o co-piloto gritou:
- Naquele platô na montanha a frente, humanos, temos que sair daqui!
Enquanto Priste apontava a arma automatizada o piloto levava a nave para cima. Assim que viu os humanos Priste apertou o gatilho.
A rajada de plasma atingiu o meio do platô matando dois humanos e destruindo alguns equipamentos. Porém um dos humanos que não foi atingido conseguiu usar um lançador portátil e disparou um míssil contra a nave.
O piloto mergulhou com a nave e por muito pouco conseguiu se esquivar do míssil. Enquanto mergulhava o piloto também virava para a direita para não bater na montanha. Ele iria contornar aquela montanha para não entrar novamente na linha de tiro do humanos no platô.
Priste já estava abrindo um canal de comunicação com as naves em órbita para pedir um bombardeio, porém o sinal foi bloqueado por interferência, possivelmente dos humanos. Ele pensou que assim que saíssem daquela área conseguiriam fazer o contato.
O piloto já havia começado a virar a nave para contornar a montanha, quando viu na encosta rochosa, dois mil metros a sua frente, uma arma automatizada que se levantava de sua base camuflada.
A nave virou para o outro lado para tentar escapar, porém a arma automatiza na montanha atirou um rajada que atingiu o cockpit. A fuselagem da nave não aguentou e os dois pilotos foram mortos. O aparelho caiu sem controle e se chocou contra as rochas, sua barriga foi rasgada pelas grandes pedras, e ela se partiu em diversos pedaços.
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O crow de crista rajada estava com quatro indivíduos da raça desconhecida na caverna. Eles haviam cuidado de seus ferimentos.
Eles estavam trabalhando juntos para conseguirem se comunicar.
O crow havia mostrado para eles seu painel que era usado para se comunicar com outros crow e com os havas trabalhadores.
Eles eram muito mais inteligentes que os havas, logo conseguiram estabelecer um vocabulário básico. A confiança ia sendo estabelecida, eles pareciam estar dispostos a negociar. Mas a comunicação eficaz ainda iria demorar um pouco, mesmo para duas espécies inteligentes haviam conceitos que são de difícil tradução.
Ele viu o indivíduo que ele achava ser o líder deles atender o comunicador, sendo que era a primeira vez que viu eles usando o rádio. Ele notou um expressão facial diferente nele, já havia notado este padrão de expressão no primeiro indivíduo daquela espécie que ele encontrou, era pânico.
Era a mesma expressão quando enfrentavam os inimigos e possivelmente iriam morrer se não fosse a intervenção dos atiradores de longa distância.
O líder deles correu para fora da caverna com seus binóculos, os outros indivíduos também correram.
O crow de crista rajada os seguiu. Todos olhavam em uma direção só. O crow não levou seus binóculos, porém não necessitou deles, conseguia ver a nave aerodinâmica voando próxima à encosta de uma montanha.
Ele viu uma arma na encosta da montanha atirar contra a nave, e esta cair contra as rochas. Ele ficou muito preocupado agora, por outro lado algumas questões que ele não entendia haviam sido respondidas.
Ele percebeu que havia mais de uma espécies desconhecida, ou então eram duas facções da mesma espécie, porém o mais importante era que elas estavam lutando entre si.
E era por isso que o primeiro indivíduo que ele havia encontrado não usou o rádio para pedir ajuda, e era por isso que eles usavam veículos individuais, tudo para não chamar a atenção.
Ele necessitava descobrir logo qual lado era o mais forte, e se caso ele tivesse se juntado ao lado mais fraco, se haveria como mudar de lado, ele não podia fazer escolhas erradas. Mas por enquanto ela ficaria com seus novos aliados.
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PLANETA UH 9536
Science FictionTensão desde o início. Uma história a partir da ótica de soldados rasos emboscados, uma situação desesperadora em uma guerra normal. Imagine num planeta desconhecido, enfrentando forças desconhecidas. Esse é o pontapé inicial dessa obra!