Capítulo 15 - Morte no Céu

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Dia 31 da chegada ao planeta, 09:00 hs horário do planeta UH-9536

O Stall, que atendia pelo nome de Quelem, supervisionava as últimas manobras de posicionamento das quatro naves de batalha. Ele era o comandante daquela pequena frota.

As naves realizaram as manobras necessárias para assumir uma órbita geoestacionária diretamente acima da região em conflito no planeta. Os canhões magnéticos e sensores de longo alcance foram apontados para baixo.

Quelem se lembrava das palestras da Academia para Comandantes Espaciais, ocorridas muitos anos atrás. Os professores sempre falavam que as naves de combate Stall eram multiuso, atacavam, defendiam, desembarcavam tropas de assalto. Enfim realizavam diferentes tipos de missão, enquanto os ridículos humanos possuíam vários tipos de naves especializadas.

Os professores aparentavam não ter nenhum respeito pelo inimigo. Porém Quelem sabia que a sua espécie sempre gostava de transparecer algumas coisas, as quais nem sempre condiziam com a realidade. Apesar do desprezo pelo inimigo, qualquer item recuperado dele era minuciosamente estudado. A própria camuflagem de suas naves eram cópias da tecnologia furtiva humana.

Mas de fato as naves Stall eram versáteis, eram equipadas com geradores de hiperespaço próprios, e por isso possuíam autonomia para atacar planetas distantes. Seus canhões magnéticos eram tanto efetivos contra naves, como para bombardear posições inimigas em planetas.

Cada nave de combate possuía uma doca de atracagem na parte traseira, entre os motores de empuxo, e nelas carregavam uma nave de desembarque tático.

Elas eram menores que as naves de desembarque das naves de transporte de tropas, porém eram mais rápidas, ágeis e com tecnologias para serem furtivas, ou seja, não eram captadas pela maior parte dos radares e sensores infravermelhos.

Eram destinadas a desembarcar e retirar tropas em planetas ocupados pelos inimigos. Cada nave de combate tinha um time de 24 soldados de elite para esse tipo de missão.

As grandes frotas de naves de combate Stall chegavam a um planeta, aniquilavam as naves e satélites de defesa. Depois realizavam o bombardeio das posições inimigas no planeta com os canhões magnéticos.

Então suas naves de desembarque tático desciam tropas de assalto que eliminavam os soldados inimigos que ainda insistiam em sobreviver. Os Stall geralmente não faziam prisioneiros, não aceitavam que outras espécies inteligentes tivessem direito a vida. Acreditavam que eles eram a única raça que dominaria o espaço.

Os Stall não tinham a mesma dificuldade que os humanos possuiam para produzir os geradores de hiperespaço, os humanos deixavam suas naves de combate equipadas apenas com capacidade de empuxo, e transportavam as mesmas em grandes naves de transporte. Eles não podiam arriscar a perder seus geradores de hiperespaço nas batalhas espaciais.

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As quatro naves de desembarque tático haviam sido lançadas e se preparavam para a entrada na atmosfera do planeta. Seus formatos aerodinâmicos lembravam as arraias marinhas da terra, porém ao invés de um rabo, na parte de trás elas possuíam dois estabilizadores verticais. Na frente havia o cockpit onde ficavam os dois pilotos.

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O comandante das naves de combate Stall ordenou o ataque, e os grandes canhões magnéticos dispararam, dois em cada nave, eles eram canos com cerca 100 metros de comprimento.

Os canos dos canhões tinham cerca de 20 centímetros de diâmetro, e eram feitos de material muito leve, apesar de muito resistente. Cada canhão estava fixado em sua própria torreta, a qual podia apontá-lo para quase todo lado, e de maneira rápida e ágil, pois na microgravidade o peso deles não era problema para os motores elétricos das torretas.

O grande defeito dos canhões magnéticos era que, quando dispararam, eles provocavam campos magnéticos tão fortes que podiam ser captados a grande distância. Tornando a nave visível a sensores magnéticos e vulneráveis a ataques dos inimigos.

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Flavio estava na ponte de comando da NCO rastreando os mísseis, os quais estavam prestes a penetrar a atmosfera e iniciar sua queda final para os alvos.

Eles também realizavam o monitoramento dos sensores que buscavam pelas naves Stall. Eles deviam estar por perto. A NCO havia se aproximado do planeta para auxiliar os homens em terra, o que tornava tudo muito mais arriscado. Repentinamente os sensores de campos magnéticos emitiram um alarme. Eles constataram que as naves estavam a poucas centenas de metros deles.

Flávio deu a ordem para programar uma série de disparos dos canhões de plasma para a nave Stall mais próxima deles.

Ele esperou os Stall terminarem seu bombardeio, pois havia visto que eles estavam mirando nas posições da raça desconhecida próximas ao vale.

Seria útil para o pessoal da patrulha se os Stall atacassem aquele inimigo misterioso. Era melhor que aquela ameaça em comum fosse eliminada. Porém quando o Stall pararam de atirar ele ordenou:

- Fogo.

Em 1,9 segundos as portas se abriram nas extremidades da nave, as torretas se projetaram para fora, apontaram os canhões de plasma e os mesmos atiraram.

E em 1,8 segundos as torretas recolheram os canhões, as portas se fecharam e a nave voltou a ficar totalmente camuflada. Os propulsores, cuja a emissão de calor e luminosidade era quase nula, impulsionaram a nave para uma posição diferente.

As rajadas de plasma correram pelo vácuo do espaço, e, em poucos segundos atingiram a nave Stall mais próxima em diversos pontos, rompendo o casco, inclusive na ponte de comando.

A tripulação foi, em sua maioria, sugada para fora e sofreu a horrível morte no silêncio do espaço.

Quando as demais naves Stall conseguiram levantar suas armas, as quais estavam todas apontadas para o planeta, a NCO já havia feito manobras evasivas, e com os sistemas de camuflagem ativados sua posição já era incerta para os inimigos.

Mesmo assim eles tentaram alguns disparos em possíveis posições da NCO, sendo que um deles passou a vinte metros do casco da nave.

Flávio podia ter disparado novamente, porém ele achou que jogo estava arriscado demais, Os Stall ainda tinham muita vantagem, três para um, e se ele atirasse iria revelar sua posição, já não tinha a surpresa a seu favor.

Ele deu ordem para mais manobras evasivas se afastando dos inimigos, aquele havia sido um dia de sorte, melhor não abusar.

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