Capítulo 12 - Invasão

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Dia 30 da chegada ao planeta, 11:00 hs horário do planeta UH-9536

Carlos estava empenhado em manter os soldados mobilizados, no dia anterior o sniper inimigo foi eliminado, depois nada mais aconteceu.

Eles tinha implementado um esquema onde apenas dois soldados ficavam descansando, e os demais permaneciam totalmente preparados para o combate imediato.

Era muito exaustivo, porém eles não podiam arriscar serem pegos de surpresa. Câmeras de vigilância e sensores de movimento foram instaladas em locais estratégicos.

Carlos achava que as forças que os atacavam não deviam ter naves em órbita, aparentemente tinham encontrado um meio mais rápido de viagem, teletransportando cápsulas diretamente para a atmosfera dos planetas, deveria ser por isso que eles ainda não haviam sido obliterados por ataques vindos do espaço.

Os soldados estavam em silêncio quando um alarme foi disparado, as câmeras de vigilância que realizavam o monitoramento do céu em diferentes direções haviam captado alguma coisa. Eles olharam para cima e viram que haviam rajadas de flashes no céu, mais de uma ocorrendo ao mesmo tempo. Ninguém falou, mas todos passaram a pensar que não iam sair daquele planeta com vida.

A resposta enviada pelo comandante da nave terrestre em órbita veio depois de mais algumas horas. A mensagem dizia que a segunda e última sonda, com as atualizações das informações, havia sido enviada para a base das forças terrestres mais próxima. Eles precisavam de mais recursos para lidar com aquele novo cenário, aquele planeta havia ganho repentinamente uma importância extraordinária. O comandante Flávio terminava a mensagem desejando muita sorte a todos naqueles dias de dificuldade.

A sonda levaria algumas semanas para chegar até a base, fazendo saltos de hiperespaço até lá, e essa era a forma mais rápida de comunicação interestelar, mensagens de rádio levariam décadas até os sistemas solares mais próximos.

E as pequenas sondas de comunicação conseguiam fazer as viagens em quase a metade do tempo das grandes naves tripuladas. Então eles só teriam reforços em alguns meses.

Pablo estava monitorando o equipamento de rádio, ele chamou Carlos para ver a tela do aparelho, eram inúmeras transmissões ocorrendo ao mesmo tempo. Eram sinais simples, analógicos, sem codificação ou criptografia. Pablo achava absurdo aquela espécie usar o rádio de forma tão obsoleta. Ao ver a quantidade de inimigos se comunicando era possível imaginar a quantidade de tropas que estavam se organizando.

Ele sintonizou em uma das transmissões e colocou o áudio nos alto falantes do equipamento. Eles passaram a ouvir uns grunhidos e outros sons guturais, parecia meio animalesco, mas era claramente uma língua. Pablo começou a gravar aquilo, poderia ser útil um dia.

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Fardo estava preocupado, ele havia avistado a nova onda de flashes, e não sabia se conseguiria repelir outro avanço inimigo. Se eles viessem em um número muito grande, o canhão de plasma não daria conta. Era uma arma muito poderosa, com um alcance formidável, porém a cadência de tiro era um problema. Depois de cada disparo ele necessitava de quase 5 segundos para recarregar e atirar novamente.

Aquele veículo era um modelo antigo, quase obsoleto, afinal aquela missão era "de segunda linha". Eles só teriam que garantir um planeta possivelmente útil. Havia batalhas mais cruciais ocorrendo, e os melhores recursos eram destinados para elas.

Diante da situação ele refletiu e achou que não fazia sentido manter o sigilo de rádio, os terrestres já sabiam de sua posição, e seu comando precisava saber sobre os flashes, cápsulas, e dos novos tipos de soldados inimigos.

Ele gravou um relatório completo em áudio e o ilustrou com imagens do novo tipo de inimigo, fez a criptografia e comprimiu o arquivo digital. Por cautela ele mandou um soldado levar uma antena portátil por alguns quilômetros montanha a acima, e realizar a transmissão de lá.

Haviam se passado pouco mais de 12 horas do envio da mensagem, então a resposta chegou. Ao descompactar e decodificar o arquivo ele se surpreendeu ao ler seu conteúdo.

Ele esperava que mandassem eles continuarem com a vigilância e que mantivessem a posição, mas não era isso. Agora ele tinha que comunicar os novos planos para seus comandados, e fazer os preparativos necessários. Fardo estava ansioso e pensava que seus soldados também iriam ficar assim, porém ele se preocupava com os riscos envolvidos naquela operação audaciosa em que eles estariam envolvidos em breve.

Fardo passou a relembrar os primeiros dias naquele planeta, estava tudo tranquilo, e os seus soldados faziam reclamações de tédio. Porém ele estava gostando de um pouco de calma depois das últimas missões, onde haviam ocorrido combates.

A missão era composta de quatro naves de combate, e de uma nave transporte de tropas, a qual chegou muito antes no planeta.

Alguns achavam que eles deveriam esperar as naves de combate chegar, para só então iniciar o desembarque. Porém o comandante resolveu descer as tropas logo, para liberar a nave de transporte, para que ela pudesse fazer mais uma viagem e trazer mais tropas.

A nave de transporte possuía uma nave de desembarque de grande capacidade, capaz de carregar um veículo de combate totalmente carregado, ou uma embarcação de patrulha costeira.

Foram nove veículos desembarcados no maior continente do planeta. Todos em pontos diferente, eles não tinham um acampamento central, como os humanos gostavam de ter.Eles também haviam trazido uma aeronave, que ficava baseada em um pequeno acampamento fixo no centro do continente. Infelizmente ela havia sido destruída. Também haviam sido trazidas cinco embarcações e elas patrulhavam a costa do continente.

A nave de transporte havia ido embora depois de descarregar as tropas e os mantimentos, e de lançar satélites de vigilância. Mais alguns dias e as naves de combate chegariam, porém antes disso os terrestres apareceram. Os satélites captaram a grande nave de transporte inimiga. Infelizmente eles não podiam fazer nada, a não ser se esconder e manter silêncio de rádio.

Foi frustrante quando as naves de combate se atrasaram mais ainda e a nave transporte dos humanos foi embora. As naves Stall chegaram finalmente e eles pensaram que iriam virar o jogo, porém elas captaram uma nave inimiga camuflada. E desde então estavam tentando encontrar uma chance para destruir a mesma.

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Rescla acompanhava pelo transmissor as atualizações da situação das tropas Hava. Milhares de guerreiros estavam chegando ao planeta nas cápsulas e se organizando para o ataque que ocorreria em breve.

Eles tomariam as posições inimigas e garantiriam o domínio daquela região. Cada vez chegariam mais reforços, depois viriam os havas trabalhadores, que iriam montar a infraestrutura para a invasão prosseguir. Por último viriam alguns Crows escravos, que iriam construir teletransportadores, os quais iriam enviar cápsulas de volta ao planeta base, permitindo a comunicação do planeta com o resto da civilização Hava.

Até lá não podiam mandar nada de volta para a base. Nenhuma invasão havia falhado, até agora. Rescla pensou que se uma invasão falhasse um dia os Crows podiam cair na mão de uma civilização inimiga, o que seria muito temerário, uma vez que eles teriam como também invadir mundos Hava. E ele pensou ainda que os Hava não faziam muitos investimentos em defesa atualmente.

A febre da conquista de outros planetas contagiou sua sociedade, e todos os recursos militares estavam sendo investido nas ondas de invasores, as quais eram teletransportadas em cápsulas pelo espaço.Havia enormes cidades formadas exclusivamente por fêmeas reprodutoras e machos operários, elas estavam totalmente indefesas. Os machos guerreiros assim que eram identificados, muitas vezes ainda dentro dos ovos, eram levados para os campos de treinamentos, para poucos anos depois partirem para as invasões.

PLANETA UH 9536Onde histórias criam vida. Descubra agora