Capítulo 55 - Reunião

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Mais tarde naquele dia Estela fez a primeira reunião com a presença do Quatro Braços. Ela não conseguiu deixar de se sentir intimidada na presença daquela criatura, ainda mais que ele não possuía nenhuma expressão facial, era quase como ter contato com uma entidade sobrenatural.

Também estavam presentes Carlos, Marcos e os principais oficiais do acampamento. O software de tradução estava tão desenvolvido, que um terminal portátil ouvia o que os humanos falavam, convertia em uma mensagem escrita na língua do alienígena. O Quatro Braços digitava a resposta e o sistema a convertia em áudio na linguagem humana, o qual saia por alto falantes. Nina estava presente para evitar qualquer mal entendido por causa de um erro na tradução.

Estela informou todos os presentes sobre os últimos fatos, incluindo sobre o ser que habitava o cockpit da aeronave alienígena.

Houve uma intensa discussão sobre as repercussões de tudo o que estava ocorrendo e alguém comentou que os reforços ainda iriam demorar para chegar, e que ele não seriam em quantidade suficiente, visto que a base mais próxima não possui muitos recursos militares, e as outras bases estavam bem mais distantes.

Estela continuou a expor a situação falando que o grande número das forças inimigas era assustador, e que ninguém sabia o que mais poderia aparecer nos teletransportes. E os Stall provavelmente conseguiriam levantar muito mais recursos que as forças humanas, devido a sua farta quantidade de naves com capacidade de realizar saltos de hiperespaço, o que os humanos não tinham.

Para surpresa de todos o Quatro Braços perguntou:

- Por que vocês não tem muitas naves com capacidade de realizar saltos de hiperespaço?

Estela pensou por um minuto e viu que não havia como não dividir essa informação com o aliado, ou confiavam ou não haveria aliança, então ela disse:

- Porque temos dificuldades de sintetizar os componentes necessários para construir os geradores de hiperespaço.

- Sintetizar elementos químicos, quaisquer sejam, não é difícil, desde que se tenha as instalações necessárias, a sua ciência ainda é muito limitada em certos pontos. A inteligência de vocês individualmente não é muito alta. Mas há como vocês evoluírem muito mais rápido com a tecnologia dos crows.

Estela tentou não se sentir ofendida, ela sabia que o alienígena não a estava chamando a espécie dela de burra por maldade, e depois de tudo o alien estava oferecendo ajuda, então ela disse:

- Sim, também achamos isso.

Ela sorriu, porém não sabia se a criatura iria entender esse gesto. O Quatro Braços então continuou:

- Vocês devem usar a inteligência artificial que vocês desenvolveram, precisam de toda ajuda possível, a situação é de enorme risco neste planeta, vocês são frágeis e com poucos recursos, não podem  tomar decisões erradas. Já soube que vocês temem os riscos de utilização da IA, porém agora o risco de extermínio pelos seus inimigos é muito maior.

Estela novamente procurou entender que a intenção do alienígena na sua frente não era os ofender, ele provavelmente nem entendia esse conceito. Depois tudo o que ele disse era a mais pura verdade, eles estavam ferrados naquele planeta de merda. Então ela perguntou:

- O que você sugere como plano de ação?

- A decisão é de vocês, claro, mas eu acho que deveriam usar a IA para planejar uma missão visando à captura de uns teletransportadores e de algumas cápsulas, e com elas poderiam receber reforços da base de vocês sem a necessidade de viagens demoradas, ou então fazer a evacuação desse planeta - disse o Quatro Braços.

Todos ficaram chocados com a ideia apresentada, houve um longo silêncio, e então Estela disse:

- Qual a possibilidade de negociarmos com os Havas?

- Zero por cento. E com relação aos Stall? - disse o Quatro Braços.

Estela não deixou de transparecer o desapontamento dela, ela tinha esperanças de tentar conversar com aquelas coisas cinza claros. Mas ela achava que o Quatro Braços devia ter razão, ele conhecia aquelas criaturas desde de que nasceu. Aqueles hava deviam ser como os Stall, uns desgraçados.

- Não acreditamos que vá acontecer também. Mais uma dúvida, os teletransportes só podem acontecer naquela região de onde vocês vieram?- disse Estela.

- Sim, os corpos celestes, como asteroides grandes, luas, planetas, estrelas, etc, possuem uma assinatura gravitacional única. O sistema de teletransporte funcionam lançando objetos entre as dimensões. Os objetos são sintonizados na assinatura gravitacional de um corpo celeste específico, por exemplo um planeta, no caso o lugar para onde você quer ir. Então o planeta vai atrair os objetos que estão no hiperespaço que tenham a mesma assinatura gravitacional dele. Os planetas e as luas grandes possuem locais, um pouco acima de suas superfícies sólidas, onde existe uma pequena falha no campo gravitacional, quase imperceptível, e os objetos são lançados para lá pelo resto do planeta, e lá eles emergem do hiperespaço. Planetas e luas grandes, em quase todos os casos, possuem apenas um desses pontos, não há como fazer um teletransporte sair fora dessa região. - disse o Quatro Braços.

- Vocês podem saltar para um sol? - Perguntou Vivian.

- Sim, mas o objeto iria aparecer muito próximo do astro, e iria ser queimado - respondeu o Quatro Braços.

Houve uma pausa em que ninguém falou nada. Os humanos tentavam assimilar as informações passadas pelo Quatro Braços. Suas mentes tentavam imaginar as cápsulas viajando pelo hiperespaço, sendo atraídas pelo planeta selecionado, e sendo jogadas nas falhas dos campos gravitacionais. Alguns imaginaram pessoas descendo escorregador, só havia uma saída no final.

- E quando ao ser no cockpit? - perguntou Estela.

- Devemos estabelecer um forma de comunicação com ele, e então devemos torturá-lo para conseguir informações sobre as novas forças dos havas. - respondeu o Quatro Braços.

- Agradecemos muito sua colaboração, iremos refletir sobre tudo o que foi discutido com todo o cuidado necessário. - disse Estela.

- De nada – respondeu o Quatro Braços.

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