PLANETA UH 9536

Capítulo 53 - Lembranças de Casa

Dia 60 do calendário do Planeta UH 9536 – 12:35 horas.

O comboio havia chegado ao acampamento central naquela manhã. A maioria dos soldados estava descansando depois de dias na estrada. Carlos e Marcos faziam uma reunião com Estela.

O quatro braços estava em uma barraca acompanhado de Nina. Na porta havia quatro soldados armados, o que parecia não incomodar o alienígena.

O pessoal do acampamento central ainda não havia se acostumado com o novo aliado alienígena. A entrada no acampamento havia sido estranha. Todos pararam o que estavam fazendo e ficaram olhando o comboio chegar.

Nina e o quatro braços já conseguiam se comunicar bem usando terminais portáteis. Ele havia feito perguntas sobre a rotina do acampamento e de como o mesmo era organizado, ele parecia ter uma curiosidade insaciável. Nina por sua vez perguntava sobre a vida dele, como eram os relacionamentos entre os da espécie dele.

A soldado humana ficou surpresa ao saber que eles não tinham sexos definidos. Que todos os indivíduos tinham capacidade de ter filhotes. Ele contou que havia crescido em uma planeta com muitas florestas. Os havas haviam montado um campo de trabalho para os crows naquele local. Eles trabalhavam construindo teletransportadores, painéis para cápsulas e outros itens.

Os filhotes crows cresciam em áreas cercadas ao ar livre, não necessitavam de muitos cuidados na infância. A água e comida eram despejados em cochos de alimentação por tubulações. Eles ficavam cercados como gado.

Quando cresciam um pouco passavam a auxiliar os adultos e aprender o ofício de manufatura e operação dos equipamentos de teletransporte.

Os havas não permitiam que os crows construíssem coisas diferentes dos equipamentos padronizados. Os havas sempre eram desconfiados e os vigiavam a todo momento.

Nina contou a ele que havia passado a maior parte de sua vida no planeta AG-3123, onde não havia atmosfera respirável. Ela cresceu em módulos pressurizados, seus pais eram engenheiros de mineração e passavam a maior parte do tempo em minas subterrâneas, supervisionando o trabalho de robôs mineradores.

Quando ela era criança era revoltada, por não poder crescer num planeta onde pudesse sair ao ar livre, e brincar na grama. Felizmente o planeta era um pouco maior que a terra, e ela cresceu em um ambiente com gravidade.

Sempre era explicado para ela que eles estavam cumprindo uma missão muito importante, garantindo o suprimento de cobre, alumínio, níquel e outras dezenas de minerais, os quais aquele planeta possuía em abundância.

Ela cresceu. e quando foi para a Fase III do treinamento básico, conheceu um menino que morava em uma outra unidade mineradora. Ele era um garoto ótimo, o Jorge, depois de pouco tempo eles começaram a namorar.

Depois que voltaram do treinamento, era muito difícil conseguir permissão para irem visitar um ao outro. Também precisavam conseguir uma vaga em algum veículo de transporte para fazer a viagem.

As unidades mineradoras onde eles moravam não eram próximas uma da outra, um pouco mais de mil quilômetros de distância. Geralmente eles pegavam uma carona em unidades de transportes terrestres, que eram grandes caminhões com a cabine pressurizada, que puxavam carretas cheias de carga.

O percurso levava dezessete horas ou mais, era muito cansativo, mas depois que se encontravam eles nem lembravam de toda a dificuldade e tédio da viagem.

Eles fizeram a quarta e última fase do treinamento básico juntos, aqueles foram dias muito bons. Quando voltaram ele começou a trabalhar na manutenção de robôs mineradores e ela iniciou um estágio em geologia.