Capítulo 76 - Conversa em Órbita

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Juliana e Sarah estavam em um veículo PK 26 com mais dois soldados. Elas estavam nos acentos traseiros. Em alguns minutos iriam chegar na base Riva.

Juliana já havia olhado pelos binóculos e viu os havas trabalhadores perfilados. Os cinco crows também estavam lá.

Ao ver o tom de pele cinza claro dos havas, sua mente voltou aos tiroteios que ela havia tido com indivíduos daquela espécie.

Ela foi invadida pelo medo e desespero. Ela sabia que aqueles indivíduos eram trabalhadores oprimidos, não aqueles guerreiros psicopatas que ela enfrentou. Mas mesmo assim não conseguiu controlar suas emoções.

Ela teve medo de acabar fazendo uma besteira. Então ela decidiu acionar todas as travas da sua nova arma. Seriam necessários vários segundos para destravar totalmente o rifle de plasma, e dar um tiro.

Agora ela se sentia mais segura.
Aquele rifle era de uma versão mais antiga, se comparado com a arma que foi perdida em sua aventura com o Quatro Braços. Ela era uma arma reserva do acampamento.

Ela tinha menos alcance e menos recursos que a arma antiga, mas seu disparo causava um pouco mais de dano.

Sarah percebeu o que ela estava fazendo e imaginou o motivo. Então disse:

- Vai dar tudo certo. Mas se você quiser ficar mais afastada deles, está tudo bem.

- Não, eu preciso enfrentar isso, vamos trabalhar com esses caras agora. Mas se você ficar comigo eu agradeço. – disse Juliana.

- Claro. – respondeu Sarah.

---x---

Atria manobrava sua pequena nave. Ela iria assumir uma órbita baixa para encontrar a nave Tron. Seu líder havia solicitado que ela se aproximasse, para que pudessem conversar por um link a laser. Era a forma mais privada de POCs se comunicarem.

Atria estava lutando para não se deixar dominar pela frustração e desespero. A constatação que a invasão havia fracassado era um golpe muito duro. Seu instinto de sobrevivência era a única coisa que a mantinha lúcida. Ela estava disposta a se entregar aos inimigos para sobreviver.

Não havia nenhuma garantia que os inimigos cumpririam suas promessas. Eles poderiam ser traídos e mortos a qualquer momento. Porém, o possível acordo com o inimigo, era tudo o que eles tinham.

Apesar de não confiar nos alienígenas, ela havia concordado com a atitude de Tron de aceitar negociar com o inimigo. Era o único jeito.

Ela achava que os Kleo eram o lado mais fraco, e iriam perder aquela guerra, e ela não estava disposta a morrer só porque estava no lado errado. Ela sempre lutou pela sobrevivência e não pararia agora.

Ela conseguiu se aproximar por trás da nave de Tron. O emissor traseiro da nave do líder fez contato com o emissor dianteiro da nave de Atria, a qual estava a setecentos metros de distância.

A ligação foi estabelecida e Tron disse:

- Não temos tempo a perder. Você tem que saber de uma coisa, porque se algo acontecer comigo você deve assumir o comando dos POCs.

Tron fez uma pausa e depois continuou.

- Infelizmente tudo está perdido. Eu menti para o inimigo. Eu nunca iria trair os Kleo. Prefiro morrer do que fazer o que o inimigo quer.

- Mas então o que está acontecendo? Merda, explique-se. – disse Atria.

Tron demorou um pouco a responder, para o desespero de Atria. Então ele disse:

- Só eu e Batrio sabemos a verdade, os outros comandantes que sabiam estão mortos. Existe um protocolo secreto para essa missão. As cápsulas com relatórios tem que ser enviadas periodicamente para o Planeta Fester. Se a cápsula não é mandada, os Kleo vão entender que perdemos o controle da situação, então uma contagem regressiva começa. No final dela centenas de bombas de antimatéria serão enviadas pelos teletransportadores. A região inicial e as áreas vizinhas vão ser pulverizadas. E nada mais virá para esse planeta. Só faltam cerca de vinte e oito horas para a operação começar. Vou deixar os inimigos acharem que ganharam, muitos deles morreram tentando se apossar da tecnologia Crow. Os POCs de monitoramento estão observando a região inicial. Os veículos inimigos chegaram, até o Crow de crista rajada veio com eles. Todos morreram, os outros Crow e os havas trabalhadores. Infelizmente aquela nave camuflada acabará com a gente em seguida, mas vai valer a pen.......

Tron não conseguiu terminar a frase. Atria havia mirado na nave dele e atirado com as armas de partículas. Os feixes avermelhados atingiram a parte traseira da nave dele, e penetraram o casco.

Um dos feixes atingiu a esfera protetora onde os órgãos de Tron estavam alojados. O cérebro dele foi espalhado pelo interior da nave. Foi uma morte sem sofrimento e instantânea.

Atria não aceitaria ser sacrificada pela segurança dos Kleo. Ela pensou "eles que se danem", ela nunca nem tinha visto um Kleo, para aceitar morrer por eles.

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