Priste comandava o comboio Stall, e finalmente, depois de vários dias de viagem, eles chegaram ao litoral.
Ele havia mantido com contato por rádio com as embarcações Stall que patrulhavam a costa daquele continente.
O comandante das embarcações, chamado Tare, sugeriu aquele local para eles se reunirem.
Eles achavam que se as forças dos Stall em terra e no mar ficassem isoladas seriam mais fracas. Porém se se reunissem poderiam enfrentar os inimigos e até terem chance de vencer.
O local escolhido era uma baía cercada por montanha íngremes, com apenas um ponto de entrada por terra, a não ser que se fizesse uma escala com equipamentos de alpinismo. Os veículos inimigos, tanto os sobre rodas, como os sobre pés mecânicos, teriam obrigatoriamente que passar pela estreita passagem entre os paredões de rocha.
E o melhor de tudo, o final da passagem ficava a cerca de três quilômetros e meio do mar. As embarcações conseguiriam se posicionar próximo a praia é atirar no inimigo assim que ele saísse da entrada.
Eram cinco embarcações, elas eram um pouco maiores que veículos de combate. Seu armamento principal era um canhão de plasma em uma torreta. Porém a versão da arma delas era de mais aperfeiçoada que o armamento dos veículos de combate. Ela possui três kits de células de energia, e podia dar três disparos seguidos, com apenas uma fração de segundo de intervalo entre eles.
Priste e Tare acreditavam que o inimigo iria tentar dominar todo aquele continente, e depois o resto do planeta. E resolveram que ali seria o local para resistir até os reforços chegarem.
A opção de se esconder e se camuflar não era mais viável para as forças em terra. Desde que haviam saído da região onde as batalhas haviam ocorrido, eles sempre foram observados por aeronaves inimigas em altitudes elevadas. As embarcações também não tinham como se esconder, elas não eram capazes de submergir, tinham que ficar na superfície do mar.
Depois que o veículo em Priste atravessou a passagem entre os paredões ele avistou o mar, e lá estavam as embarcações. Ele pensou que havia muito o que fazer, cavar trincheiras, colocar explosivos nos paredões, etc.
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No acampamento central dos humanos o quatro braços, Raul, Nina, Vivian e outros técnicos e médicos realizavam o interrogatório do habitante do cockpit. Depois de dezenas de fortes choques elétricos ele cedeu e estava colaborando.
Eles se comunicavam através de mensagens de texto na língua hava, a qual o Quatro Braços entendia. Ele disse que seu nome era Praí. Que ele era um Riva.
O Quatro Braços e a equipe médica, comandada pelo dr Gilberto, realizaram um estudo das ondas cerebrais da criatura, e sabiam dizer pelos padrões das mesmas, quando ele mentia e quando dizia a verdade.
A criatura inicialmente tentou passar informações falsas, porém depois de mais uns choques ela passou a dizer as verdadeiras quantidades das forças Riva, quais suas capacidades de repôr as perdas, sua logística para se reabastecer, entre outras informações importantes.
Estela ficou muito preocupada quando recebeu o relatório daquele interrogatório. Enfrentar centenas de batalhoídes apoiados por centenas de aeronaves era uma loucura. Porém se nada fosse feito o inimigo iria ficar cada vez mais forte. E poderia atacar o acampamento.
Ela sabia também que os reforços talvez não conseguissem passar pelas quase mil pequenas naves que estavam em órbita. E ainda havia os Stall.
Ela estava se sentindo pressionada pela situação. Então percebeu que o Quatro Braços estava certo, e ela tinha que recorrer "a caixa". Havia muito em jogo. Os hava, rivas, seja lá como se chamassem, não iriam parar naquele planeta, iriam chegar a planetas habitados por humanos. A perspectiva daquelas veículos aparecendo sobre cidades humanas sem qualquer aviso era demais para ela.
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Gatrio preparou mais um relatório que seria enviado, através de uma cápsula teletransportada, para a base no Planeta Fester. Ele estava escondendo dos Kleo a informação de que o segundo comboio inimigo havia sido seguido por aeronaves voando em elevadas altitudes.
Ele sabia que os inimigos estavam no litoral. Porém deliberadamente escondeu essa informação dos Kleo.
Gatrio não queria enfrentar o inimigo naquele momento, principalmente agora que eles se encontraram com embarcações armadas.
Para Gatrio o importante era consolidar a presença na região inicial, onde os teletransportes poderiam ocorrer, e ir expandindo seus domínios gradativamente. Um movimento impensado e eles poderiam pôr tudo a perder.
Para os Kleo o importante era testar veículos, armamentos, táticas e estratégias, e principalmente os seres que eles criavam com a sua biotecnologia. Se eles soubessem que inimigo estava no litoral iriam ordenar um ataque imediato.
Se desse errado, e os inimigos contra atacassem a região inicial, destruindo os teletransportadores e impedindo o contato com o Planeta Fester, os Kleo mandariam as bombas antimatéria para explodir tudo.
Gatrio não queria ser explodido com os demais Rivas, porém ele estava preocupado, afinal mentir para os Kleo era muito perigoso.
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Em algum lugar do espaço
A Aurora Seis está parada no espaço. A tripulação prepara o próximo salto no hiperespaço, o qual deverá ocorrer em algumas horas.
A nave está no espaço praticamente vazio entre os sistemas solares. Pelas janelas só se vê escuridão e as estrelas distantes.
Os soldados realizam sua rotina de exercícios para manter a massa muscular. Também passavam por sessões em equipamentos médicos especiais, os quais faziam o corpo se comportar como se ele estivesse sob a gravidade de um planeta.
Ester e Ismael dividem uma cabine de banho em microgravidade. Ele esfrega as costas dela com uma esponja e comenta:
- Que bunda maravilhosa você tem. Pena que você é lésbica.
- Como se você fosse muito herero - responde Ester.
Ismael da um pequeno tapa na nádega molhada de Ester e diz:
- Eu já cheguei a pegar aquela piloto de nave de desembarque, você lembra, a loirinha peituda, vai falar que não lembra?
- Lembro sim, e me recordo também que a cara de vocês dois não era muito boa depois do fato.
- Valeu a experiência - disse Ismael rindo alto.
Ester apertou o botão da mangueira para liberar um pouco mais de água para se enxaguar e disse:
- Vamos logo com esse banho, temos uma reunião daqui a pouco.
Ismael também usa a mangueira para tirar o sabão do corpo. Eles então usam os aspiradores para recolher as gotículas esféricas de água com sabão que flutuam pela cabine.
Eles abrem a porta da cabine e saem flutuando pelados no vestiário, que na verdade é um corredor estreito, com paredes curvas, onde ficam as portas de várias cabines de banho e diversos armários. Cintia, uma soldado amiga deles, estava no local se despindo para entrar em uma das cabines e diz:
- Eita banho bom, hein?
Todos riem.
Vinte minutos mais tarde Ester e Ismael estão em uma das salas de reunião da enorme nave. O comandante Augusto foi direto ao ponto.
- Ainda estamos longe de nosso objetivos, mas vocês precisam saber o que irão enfrentar. Precisam se preparar da melhor forma possível. Só Deus sabe o que mais ocorreu naquele planeta.
Ester ficou muito preocupada, pelo tom de voz do comandante a coisa devia estar realmente feia. Então Augusto continuou:
- A primeira sonda que chegou dizia que os Stall haviam aparecido. Quatro naves de combate. Porém a segunda sonda chegou poucos dias depois, dizia que uma nova espécie apareceu, e que os soldados dela vieram em cápsulas, as quais se materializavam diretamente na atmosfera do planeta e desciam ao solo de paraquedas.
Ester ficou chocada, ao ver na tela da sala de reuniões as fotos do soldado inimigo. Ele tinha aparência animalesca ao lado de uma arma estranha com quatro canos.
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PLANETA UH 9536
Science FictionTensão desde o início. Uma história a partir da ótica de soldados rasos emboscados, uma situação desesperadora em uma guerra normal. Imagine num planeta desconhecido, enfrentando forças desconhecidas. Esse é o pontapé inicial dessa obra!