Dia 5
A Aurora Seis esperava que suas naves de desembarque retornassem de sua última viagem à superfície ao planeta, e, enquanto isso realizava o lançamento da NCO (nave de combate orbital), uma nave de tamanho médio armada com grandes canhões de plasma.
A NCO não possuía tecnologia para realizar saltos de hiperespaço. Ela necessitava se acoplar a uma grande nave de transporte para ser levada para outros sistemas solares. Seu propósito era defender o planeta de naves inimigas, e, se necessário, prestar algum apoio às forças em solo, disparando mísseis contra posições inimigas no planeta. Os mísseis possuiam ogivas nucleares ou com explosivos de alto poder destrutivo.
A nave em si era do tamanho aproximado de um antigo submarino nuclear da terra, e com o formato parecido com a antiga embarcação, porém sem a torre, apenas um grande cilindro com a ponta ogival. A NCO possuía um sistema de camuflagem que confundia os sistemas de detecção inimigos e a fazia passar quase despercebida.
O sistema não era perfeito e flutuações dos campos magnéticos e mantos holográficos às vezes podiam ser identificados. Para ajudar na furtividade todos os quatro grandes canhões de plasma eram montados em torretas retráteis, duas na frente e duas atrás, as quais saiam para o exterior da nave apenas quando iam ser utilizadas.
Os mísseis também ficavam em compartimentos internos. A NCO era totalmente negra e fosca, capaz de projetar camuflagem holográfica de partes de superfície de corpos celestes próximos.
Os Stall, a raça inimiga, também possuía sistemas de camuflagem em suas naves, porém não tão avançados, e também sistemas de detecção desenvolvidos para tentar captar as pequenas falhas dos sistemas de camuflagem das naves da terra.
As tecnologias dos dois lados estavam equilibradas, afinal, foram décadas de guerra, em que cada lado recuperava destroços inimigos e fazia engenharia reversa nos mesmos. Atualmente o combate espacial parecia um jogo de "esconde-esconde", com as naves sempre mudando de posição, porque se fossem vistas por tempo suficiente no mesmo lugar seriam alvejadas e destruídas pelo inimigo.
Há duas décadas os Stall haviam conseguido a tecnologia de camuflagem dos destroços de naves da terra, porém os humanos haviam conseguido a tecnologia das armas de plasma com os Stall há cerca de 18 anos.
Os lasers eram pouco efetivos em combates espaciais, pois haviam sido desenvolvidas contramedidas contra esse tipo de arma, e mísseis não conseguiam um bom resultado contra naves, eram lentos e podiam ser destruídos facilmente com as armas de plasma.
Os Stall, por sua vez, tinham em suas naves de combate, como armas principais, os canhões magnéticos, que eram muito versáteis.
A missão da NCO e das forças desembarcadas era assegurar o planeta para a raça humana e esperar pelos primeiros colonos, os quais iriam iniciar a exploração dos recursos naturais daquele mundo.
Talvez os Stall, não chegassem até ali, e seriam alguns meses de patrulha pelo planeta sem nenhuma novidade. Porém não havia como ter certeza de que o outro lado também não se interessasse por aquele mundo e resolvesse disputá-lo com os humanos.
A Aurora Seis também lançou diversos satélites de vigilância, pequenos o suficiente para passarem despercebidos pelos inimigos, ser furtivo era algo essencial para aqueles pequenos aparelhos de vigilância. Afinal a primeira coisa que o inimigo faria se chegasse ali era atirar em tudo que pudesse de origem humana.
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Dia 07 da chegada ao planeta, 11:00 hs horário do planeta UH-9536
Passaram mais dois dias e o acampamento estava praticamente montado, os sistemas de defesas estavam operacionais. O acampamento podendo defender-se de ataques aéreos e terrestres era um consolo, se bem que relativo, se os Stall chegassem com artilharia pesada, as defesas compostas por disparadores de plasma de grande porte, os quais eram montados em torretas, não iriam resolver muita coisa.
Radares e outros sistemas de sensores varriam as proximidades do acampamento.
Os satélites monitoram o planeta e vigiavam o espaço próximo procurando por naves inimigas, todas as informações recolhidas eram repassadas ao acampamento.
O contato com a NCO era frequente. O acampamento era camuflado para não ser visto de cima, as barracas eram cobertas por areia e material que simulava a vegetação nativa, os sensores e antenas eram colocados junto a rochas e pintados na cor das mesmas para se confundirem com o ambiente.
Raul foi designado para ajudar na montagem dos veículos terrestres leves, os quais seriam usados para patrulhamento e transporte no planeta. Ele achava que os veículos eram frágeis demais para o trabalho, pareciam brinquedos que as crianças montam. Os chassis eram compostos de tubos metálicos.
Depois do chassi montado ele era equipado com rodas, eixos, motores elétricos, bancos e demais componentes, porém nenhuma blindagem e nenhum armamento próprio. Os soldados teriam que se virar com os rifles de plasma que cada um carregava e alguns lançadores de mísseis portáteis. Ele comentou com seu parceiro Pablo:
- Eles podiam ter mandado uns tanques leves e algumas aeronaves atmosféricas para nos dar apoio.
- Você sabe que não tem desses tipos de equipamento sobrando, eles estão mandando esse tipo de coisa apenas para onde tem combates ocorrendo – respondeu Pablo.
- Verdade, mas não é impossível os Stall aparecerem aqui, e se forem nos emboscar enquanto estivermos em patrulha, ai lascou – murmurou Raul.
Pablo apenas assentiu para o companheiro. Ele próprio também tinha seus receios, porém, como muitos soldados ele não queria transparecer isso, queria passar apenas coragem e autoconfiança. Mas o medo de vez em quando tomava conta de seu espírito, apesar dele conseguir disfarçar e se manter na sua rotina.
Agora eles estavam ansiosos, terminariam a montagem dos veículos naquele dia mesmo e no dia seguinte iriam sair em uma patrulha.
Raul parou um pouco com o serviço e olhou para o terreno à frente, quilômetros e quilômetros de solo relativamente planos, com muitas rochas de tamanhos variados distribuídas de forma aleatória pela paisagem.
As plantas não passavam de um palmo de altura, pareciam com os trevos do planeta terra, porém de cor bem mais escuras e com cinco ou seis folhas por caule. A fauna era rara e toda formada por animais pequenos, os quais os militares que estavam ocupando o planeta não tinham nenhum interesse em particular, afinal eles não representavam risco aparente.
Raul viu Carlos se aproximar e o saudou.
- E aí pessoal? Tudo certo com os carrinhos de brinquedo? - perguntou Carlos sorrindo.
- Sim chefe, para um passeio eles são bons, agora se for para uma batalha, bem, você sabe. - disse Raul.
- É verdade, mas a análise do serviço de inteligência é que os Stall não devem vir para os sistemas solares desta região do espaço, pelo menos por enquanto.. - respondeu Carlos.
Pablo então entrou na conversa:
- E qual a importância desse planeta? ele é agradável e tal, mas acho que uma colônia de férias não deve estar na lista de prioridades, não é mesmo?
- Perdemos vários planetas agrícolas para os Stall nos últimos anos. Ainda temos estoques de alimentos para mais algum tempo. Porém se nada for feito uma hora vamos vir a passar fome. Neste planeta eles pretendem plantar todo tipo de cereais e outras coisas, sei lá, não sou fazendeiro. Inclusive uma das nossas tarefas vai ser coletar amostras de solo. - disse Carlos.
- Que legal. - disse Raul com sarcasmo.
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PLANETA UH 9536
Ciencia FicciónTensão desde o início. Uma história a partir da ótica de soldados rasos emboscados, uma situação desesperadora em uma guerra normal. Imagine num planeta desconhecido, enfrentando forças desconhecidas. Esse é o pontapé inicial dessa obra!