Flávio estava na NCO quando o alarme de transmissão chegando tocou. A mensagem trazia um arquivo digital codificado. Julho, o especialista em comunicações começou a falar depois de decodificar a mensagem.
- Chefe é a Boreal Nove, os reforços chegaram.
Pelo procedimento as naves, antes de fazer o último salto de hiperespaco tentavam comunicação por rádio. A Boreal Nove já estava no sistema solar do Planeta UH 9536, porém tão distante dele, que a transmissão levava mais de meia hora para chegar ao destino. Era impossível uma conversa normal.
- Mande o pacote atualizado. Depois vamos avisar o acampamento central.
Para facilitar a comunicação e ganhar tempo, já havia um arquivo digital com todas as informações sobre a situação tática e estratégica da missão, o qual era atualizado a cada fato relevante que ocorria. Gabriel então comentou:- A Estela vai ficar muito animada com a notícia. Agora eu queria ver a cara do comandante da Boreal, quando ele souber que fizemos "aliança" com três tipos diferentes de aliens, roubamos tecnologia de teletransporte de um novo inimigo, e deixamos uma "caixa" achar que é gente.
Todos riram, mas na verdade havia a preocupação de como as ações de Estela seriam vistas pelo comando das forças humanas.
Aquela missão, no início, não era das mais prioritárias. Estela não era uma comandante das mais renomadas, ainda estava começando nessa função. Ela tinha muita experiência no segundo escalão, mas aquele era um de seus primeiros comandos.
Flávio achava que Estela havia corrido muitos riscos, se estivesse no lugar dela provavelmente teria ficado quieto esperando os reforços. Porém os resultados conseguidos foram fantásticos, agora ele rezava para que eles continuassem tendo tanta sorte e que o comando apoiasse as escolhas deles.
---x---Bule se aproximou da aeronave de Trivio e disse:
- Nos estamos indo agora. Em algumas horas seus motores e demais sistemas de voo voltarão a funcionar. Seu grupo deverá decolar e ir para as coordenadas que enviaremos. Lembre-se suas armas estarão desativadas, e colocamos um rastreador e uma bomba dentro de cada um de vocês. Qualquer desobediência explodimos vocês no céu. E quando os motores voltarem a funcionar se apressem, terão pouco tempo antes das bombas de antimatéria dos Kleo caírem.
Bule cuspiu no cockpit de Travio e foi embora.
O Riva não disse nada,
---x---
Portla estava viajando com seus companheiros. Agora havia mais espaço nos três veículos de transporte. Diversos guerreiros haviam morrido na batalha da montanha.Os Rivas não tinham nenhum respeito pelos havas. Até agora eles não haviam recebido nenhuma explicação, sobre a retirada da batalha na montanha. Tinham se sacrificado aparentemente por nada.
Nem mesmo sabiam para onde estavam indo agora. Estavam voltando para a base aí pararam em um vale é ficaram horas parados lá sem nenhum motivo aparente.
Então mudaram de caminho e estavam indo para um local ignorado.
Há cerca de meia hora haviam parado novamente. Estavam em umas colinas. Os batalhoídes sobre rodas chegaram. Depois os batalhoídes sobre pés mecânicos também apareceram.
Então mandaram eles desembarcarem, e se perfilarem para uma reunião com o comandante Batrio, que deviam deixar as armas nos veículos de transporte.
Um batalhoide sobre rodas se aproximou e se apresentou como Batrio. Ele era exatamente igual aos outros veículos. Portla imaginava que o comandante deveria ter um equipamento diferenciado, porém pensando no melhor, em uma batalha não seria bom se destacar visivelmente, certamente o inimigo iria dar prioridade em destrui-lo.
O comandante Riva começou a falar:- Vocês havas nos devem obediência total. Qualquer traidor será morto imediatamente.
Portla notou que os batalhoídes sobre rodas estavam todos em posições mais elevadas nas colinas. Ele sentiu que estava acontecendo alguma estranha. Os veículos de transporte se afastaram e outros havas também passaram a ficar inquietos. Todas as armas dos havas estavam naqueles veículos.
Eles ouviram os assustadores passos dos batalhoídes sobre pés mecânicos. Aquelas máquinas precisavam de mais lubrificantes, estavam começando ranger terrivelmente. Eles também pisavam com muita força, produzindo ruídos fortes quando os pés atingiam o chão, especialmente quando acertavam as pedras.Agora os havas estavam cercados por todos os lados. Os batalhoídes sobre pés assumiram o lugar deixado pelos veículos terrestres.
Então Batrio continuou:- Nossa base na região inicial foi destruída. O inimigo usou suas poderosas armas. Essa invasão também falhou também. O inimigo entrou em contato e exige nossa rendição. Eles já tem os crows e os havas trabalhadores do lado deles. Os POCs também se renderam. Ou seguimos suas ordens seremos bombardeados.
Batrio fez uma pausa, Portla achou que o Riva parecia sofrer com seu próprio discurso.
Portla olhou para os lados,
Então pronunciamento continuou:- Depois de refletir muito eu decide, em nome das forças em terra, aceitar os termos da aliança com os inimigos. De agora em diante nós os chamaremos de "aliados". Estamos nesse momento cumprindo as ordens deles. Vocês foram desarmados, e agora aceitaram entrar na aliança, ou matamos vocês, aqui e agora.
Portla sentiu o ódio emanar dos quase cem havas presentes. Eles estavam cercados, sem nenhuma rota de fuga e com muitas armas apontadas para ele. Então Batrio continuou:- Vocês não devem nenhuma lealdade para com os Kleo.
Batrio notou a perplexidade aumentar ainda mais no rosto dos havas, ele simplesmente havia se esquecido que os havas nem sabiam que os Kleo existiam. E disse:- Vocês foram totalmente manipulados. Vocês como nós, os Rivas, não são nem uma raça de verdade. Somos criações feitas com engenharia genética por outra espécie chamada Kleo. Os sábios eternos são apenas uma fachada. Quem realmente manda é a outra espécie. Toda a história da raça hava é uma mentira.
Provavelmente devem existir ainda mais segredos que nem nós conhecemos. Agora o importante é sobreviver, nós só trocamos de escravizador.
Um hava saiu da formação é começou a gritar dizendo:
- É você que está mentindo, não aceito essa merda de história, seu traidor de merda.
Outros dois havas também saíram da formação, e se juntaram ao guerreiro rebelde. Portla sentiu que outros estavam prestes a ir também, porém antes disso os três insurgentes foram despedaçados por feixes avermelhados.
Os havas ficaram totalmente parados. O silêncio dominou o local.
Portla estava naquela difícil situação, de não saber se estaria vivo no próximo minuto. Ele estava com o rosto sujo, por um dos pedaços dos corpos, os quais haviam sido lançados longe pelos disparos. Ele não ousava se mover, nem mesmo para limpar o rosto.
Batrio se aproximou, passou com suas rodas por cima dos restos dos havas rebeldes. Chegou perto de um dos guerreiros, apontou uma de suas armas para ele e disse:
- Jure lealdade a aliança! Agora!
O hava disse enquanto tremia:
- Eu juro lealdade aliança.
Batrio então disse aos demais:
- Jurem, agora!
E todos disseram:
- Nos juramos lealdade a aliança.
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PLANETA UH 9536
Science FictionTensão desde o início. Uma história a partir da ótica de soldados rasos emboscados, uma situação desesperadora em uma guerra normal. Imagine num planeta desconhecido, enfrentando forças desconhecidas. Esse é o pontapé inicial dessa obra!