Dia 42, 21:00 hs
Naquela noite no Canyon Beltlo acompanhava a montagem final do teletransportador. O crow estava lá, aquele indivíduo em particular era quase todo vermelho, apenas com detalhes brancos no peito.
Beltlo achava estranho o fato dos Crows não usarem nenhum tipo de roupa ou cobertura para o corpo, esse costume parecia ser um pouco primitivo, ainda mais para uma espécie tão inteligente quanto a deles. Porém ele tinha que admitir que era bem mais prático não ter que se preocupar com a manutenção de seu vestuário.
O Crow digitou uma série de símbolos em seu painel e um dos hava trabalhadores que os auxiliava disse:
- A montagem está pronta, as condições são favoráveis no momento, podemos enviar agora.
Beltlo ordenou para que eles continuassem e uma cápsula que que havia sido recuperada foi trazida em um carrinho hidráulico. Ela foi posta entre os quatro postes que eram os componentes principais do sistema do teletransportador.
O Crow inseriu comandos no console do teletransportador e ele começou a emitir ruídos e estalos. Beltlo e os outros Hava colocaram óculos de proteção. Um clarão ocorreu no centro do teletransportador e quando a luz se dissipou a cápsula havia desaparecido.
Naquela cápsula havia equipamento de rádio e assim que ela chegasse ao planeta onde os Hava tinham uma base ele começaria a transmitir a mensagem contendo o relatório de Beltlo.
O Canyon havia se tornado um dos principais abrigos para os Hava, Beltlo estava mantendo sua central de comando em uma das cavernas, ele estava verificando os relatórios das missões de reconhecimentos avançado.
Ainda não havia nenhuma pista do Crow desaparecido. Ele iria pedir para que um dos seus auxiliares fosse buscar uma refeição, mas resolveu ir pessoalmente, ele precisava andar um pouco. Ele saiu da caverna e olhou para cima. Ele viu um brilho descer céu. Seus instintos falaram mais alto e Beltlo se jogou para o interior da caverna, uma fração de segundo antes da onda de choque e chamas varrerem o canyon.
Ele se levantou, saiu da caverna e viu a entrada do canyon, onde o bombardeio inimigo ocorreu. Ela havia sido bloqueada por diversas rochas grandes que haviam se soltado dos penhascos.
Ele correu para a grande caverna próxima dali, onde o teletransportador estava montado. Beltlo sabia que o inimigo não ia ficar satisfeito em atirar uma única vez. Agora que o inimigo havia descoberto a base deles iriam atirar até não sobrar uma rocha inteira. Ele conseguiu entrar na caverna e sentiu a terra tremer.
O teletransportador parecia intacto, apesar de algumas pedras pequenas terem caído sobre o equipamento. Os Havas trabalhadores expressavam terror e pânico em suas faces, o Crow estava lá em pé parado com sua face que não demonstrando sentimentos, ou pelos menos, não do tipo que um hava poderia interpretar.
- Preparem uma cápsula imediatamente, ajustem para o planeta base, agora! - disse Beltlo com a voz ameaçadora.
Enquanto os operários colocavam a cápsula no aparelho outro impacto foi sentido e mais algumas pedras caíram do teto. Um dos operários Hava perguntou qual a carga da cápsula e Beltlo respondeu:
- Eu e ele - Beltlo apontou para o Crow.
- Se quiser viver programe o aparelho e entre na cápsula - Beltlo disse para o crow e o auxiliar digitou a tradução no painel.
A cápsula foi enviada com Beltlo e o Crow abordo, e pouco tempo depois a caverna desmoronou quando os disparos inimigos atingiram pontos próximos no Canyon.
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Priste estava no teto da torreta de um dos veículos de combate. Ele observava os fachos de luz que desciam do céu, a noite eles eram visíveis a muitos quilômetros de distância. Ele achava os bombardeios orbitais lindos e fascinantes, isso se você não fosse o alvo.
Eles estavam a uma distância mais que segura, e depois o alvo era o fundo do canyon, as ondas de choque seriam absorvidas pelos paredões rochosos. Para quem estivesse lá seria uma morte horrível, ou esmagado pela força da explosão, ou queimado pelas chamas, ou soterrado pelas rochas, ele achava que, se fosse ele, iria preferir levar um tiro de plasma.
Quelem concordou com o ataque após ter recebido o relatório que indicava o canyon como centro das atividades inimigas. Seja lá o que estivessem fazendo naquele lugar, era melhor bombardear e acabar com a coisa toda.
Alguns Stall queriam esperar a chegada de reforços para iniciar a ofensiva final contra os inimigos, ele porém, não queria ficar mais sentado esperando.
Os outros seis veículos de combate que estavam em outros pontos distantes do continente haviam seguido para um local a algumas dezenas de quilômetros deles.
Cada veículo tinha 10 soldados de infantaria além de sua tripulação de quatro componentes. Priste queria atacar imediatamente, só esperava pela aprovação de Quelem.
A nave humana ainda era um ameaça, mas resolveram mover os veículos de combate assim mesmo, afinal os últimos sinais dela indicavam que ela estava afastada do planeta. Eles achavam que os humanos não iriam se arriscar tanto, ainda mais que eles também deviam estar tendo problemas com a nova raça misteriosa.
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PLANETA UH 9536
Science FictionTensão desde o início. Uma história a partir da ótica de soldados rasos emboscados, uma situação desesperadora em uma guerra normal. Imagine num planeta desconhecido, enfrentando forças desconhecidas. Esse é o pontapé inicial dessa obra!