Capítulo 10 - Os Havas

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Rescla havia encontrado os havas que chegaram em outras cápsulas. Entre eles estava Juslo, com quem ele havia realizado várias invasões.

Eles foram encontrando outros guerreiros, e logo estavam formando um grupo de quase cinquenta havas.

Os guerreiros Hava estavam gostando daquele planeta, nem muito quente, nem muito frio. Já haviam conseguido caçar alguns pequenos animais da fauna nativa. Eles assaram a carne dos bichos em seus pequenos fogões elétricos, os quais não produziam luz ou fumaça, e assim não denunciavam a posição deles.

Também havia água fresca e pouca radiação. O império poderia ter uma colônia magnífica ali,

Eles avistaram um canyon e resolveram verificar aquela formação geológica. Depois de verificado aquele local poderia ser um bom local para um acampamento.

Eles avançaram de maneira cautelosa, sempre procurando se proteger atrás de pedras grandes.

Rescla achou que a água do córrego devia ser ótima para um banho, seria a primeira coisa que ele faria depois de que a verificação da área estivesse completa.

Quando Juslo saiu de trás de uma rocha, para correr para outra, a alguns metros de distância, foi atingido por dois disparos de uma substância brilhante, a qual tirou a vida do guerreiro e se dissipou no ar. Mais três disparos passaram perto, porém erraram o alvo.

O sangue começou escorrer pelo chão e logo chegou ao córrego, tingindo o pequeno curso d'água de vermelho.

A reação dos demais guerreiros Hava foi de parar totalmente com o avanço, e seguindo o procedimento estabelecido anteriormente.

Eles comunicaram o contato com o inimigo para seu comando, através de seus comunicadores, os quais ficavam presos a orelha esquerda através de fitas elásticas. Eles agora iriam aguardar a decisão superior.

Rescla estava imóvel, protegido atrás de uma rocha oval, pensou em seu companheiro Juslo. Eles haviam passado por muitas aventuras em mundos bizarros, às vezes lutando com nativos. Ele não era um dos seus 40 irmãos de ninhada, mas ainda sim era um amigo querido. Rescla iria sentir sua falta, depois daquela campanha ele iria realizar rituais em sua homenagem, isso claro, se ele mesmo sobrevivesse.

A resposta do comando veio depois de alguns minutos, ela dizia apenas "manter posição".

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Rescla estava preparado para ser acionado a qualquer instante. O atirador de longa distância hava havia se posicionado e atirado duas  vezes, o confronto direto podia acontecer a qualquer momento.

O silêncio foi cortado pelo barulho produzido por  míssil, o qual deixou um rastro de fumaça saindo do canyon e indo em direção à colina onde o atirador estava, o armamento inimigo atingiu o alvo e a explosão ocorreu.

Os guerreiros Hava ficaram preocupados, afinal se o inimigo tinha aquele tipo de arma não ia ser fácil tomar o canyon, se saíssem de trás das rochas a maioria deles iria morrer antes de conseguir chegar ao objetivo.

Era nesses momentos em que eles se perguntavam como os "Sábios Antigos", que eram a elite que os governava, podiam ser tão displicentes como o armamento que era fornecido aos guerreiros Hava. Ele era totalmente ultrapassado, já haviam encontrado espécies com armas mais modernas, os Havas haviam ganhado aquelas guerras apenas por serem em um número bem maior.

Muitos entre eles pensavam que a atitude de sua liderança só mudaria apenas depois da primeira derrota de sua história, o império Hava nunca havia sido derrotado, no fundo eles sabiam que um dia isso ainda viria a ocorrer.

Eles sabiam que a tecnologia própria deles não era lá essas coisas, que o teletransporte foi uma dádiva do destino.

Os Hava não haviam conseguido nem chegar à órbita de seu planeta, quando a raça chamada Crow teletransportou milhares de cápsulas para a atmosfera do planeta natal Hava.

Era uma fuga desesperada dos Crow, uma vez que o planeta natal deles iria ser destruído por uma supernova. Felizmente o Crow possuíam tecnologias milagrosas, quase místicas, e conseguiram mandar sua população em cápsulas de fuga para o único planeta habitável mais próximo. Infelizmente era o planeta natal dos hava.

Os Crows pretendiam mandar sondas e observar os planetas para escolher o mais favorável e de preferência sem vida hostil, já que eram totalmente pacíficos, porém o estado de degradação da estrela se acelerou por motivos desconhecidos e tiveram que ir sem poder fazer as verificações necessárias.

Os Crows foram dominados e escravizados facilmente. Isso havia ocorrido há algumas gerações, e desde então os Crows são obrigados a operar os teletransportadores, uma tecnologia tão sofisticada que os Hava provavelmente nunca iriam compreendê-la. Porém os Crows não sabiam fazer armamentos, e os Hava continuavam usando as mesmas armas de sempre.

Os "Sábios Antigos" eram uma casta tão diferenciada na civilização Hava, e tinham tanto desprezo pelas castas dos guerreiros e dos trabalhadores, que não tinham nenhuma preocupação em realizar pesquisas de desenvolvimento de armamentos que iriam poupar vidas de seu exército.

Se houvesse uma onda de teletransportes e as cápsulas que por acaso viessem a sobrevoar o canyon enquanto desciam de paraquedas, elas poderiam lançar granadas que detonam com impacto e, dessa forma, bombardear o Canyon.

Poderia haver mais teletransportes em algumas horas, ou não, os Crows falavam de condições apropriadas, as quais os HAVA não entendiam, era ciência demais para a mente Hava. Porém talvez o inimigo tivesse artilharia antiaérea avançada e destruísse as cápsulas, já havia ocorrido isso em outro planeta, milhares de guerreiros haviam morrido sem tocar o solo, só haviam vencido aquela guerra porque as cápsulas que desceram em locais desocupados sobreviveram e os guerreiros haviam marchado para destruir as baterias antiaéreas.

Rescla pensou sobre o fato de as cápsulas não terem sistema para comando dos paraquedas, isso era um absurdo, ele mesmo pensou em como fazer esse tipo de mecanismo em uma de suas viagens. Se as cápsulas pudessem ser controladas pelos seus ocupantes poderiam ser direcionadas para descer em lugares mais favoráveis ou de interesse tático, ou, até mesmos usadas para bombardear posições inimigas de forma mais eficiente.

Atualmente as cápsulas tinham portinholas específicas que eram abertas durante a descida para que os guerreiros pudessem atirar com rifles ou lançar granadas, mas tinham que contar com a sorte de o vento as conduzirem por cima dos inimigos.

Os pensamentos dos guerreiros foram interrompidos por uma notícia que chegou pelos comunicadores. Haviam encontrado mais um ponto de resistência em um vale próximo. Rescla pensou "mais essa agora".

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