Capítulo 83 - Pequena Babel

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Portla estava no veículo de transporte com seus companheiros hava. Eles haviam feito várias paradas. Aparentemente o local para onde eles estavam indo ainda não estava pronto para recebê-los.

A depressão era grande entre os havas, porém eles tinham curiosidade em saber o que o futuro lhes reservava.

Os veículos entraram em um grande desfiladeiro. O terreno se tornou acidentado, e os veículos de transporte encontravam dificuldade em trafegar.

Eles eram escoltados por batalhoídes sobre pés mecânicos. O desfiladeiro se estreitou e os veículos de transporte pararam, não iriam conseguir avançar mais.

Ordenaram que desembarcassem, e seguissem em fila atrás de um batalhoide sobre pés.

Eles caminharam por cerca de duas horas. Os batalhoídes às vezes tropeçavam nas pedras e buracos. Portla comentou com um guerreiro hava mais velho.

- Esses batalhoídes andantes, queria ver eles numa batalha, provavelmente vão se se atrapalhar e se enroscar nas pedras, será um desastre.
O hava mais velho concordou e disse:

- Eu não devia ter feito o juramento, estou muito arrependido. Acho que era melhor ter morrido naquelas colinas, era um lugar bonito para se despedir da vida.

A conversa entre eles foi interrompida pelo burburinho dos guerreiros. Entre as diversas vozes que se misturavam Potla conseguiu ouvir:

- Olhem nos altos dos penhascos.

Portla levantou o olhar e viu os soldados. Não eram da mesma espécie que eles haviam enfrentado na montanha.
Eles eram baixos e aparentavam ser fracos e frágeis, porém  portavam armas tecnologicamente avançadas.

O desfiladeiro foi se abrindo cada vez mais. E depois que eles andaram mais um quilômetro a formação rochosa já tinha trezentos metros de largura.

Um POC desceu do céu e pousou mais a frente no desfiladeiro. Portla viu que essa parte da história também era verdadeira, os POCs realmente também haviam se rendido.

Portla viu que a frente deles estava um grupo de havas trabalhadores, os quais os aguardavam. E para surpresa dele os trabalhadores portavam armas. Ele viu também que mais adiante estavam mais soldados alienígenas, dois crows e batalhoídes e aeronaves sendo reabastecidos.

Outros POCs também aterrissaram espalhando lufadas de ar quente pelo desfiladeiro.

Havia também pequenos veículos para quatro pessoas, e uma nave grande sendo carregada com peças de teletransportadores. Aquela visão fez Portla temer pelas populações hava das colônias. Elas não teriam como se defender se o inimigo chegasse lá. Se tornariam escravos, isso no melhor dos casos.

Quando chegaram a dez metros do grupo de trabalhadores o batalhoide sobre pés mandou eles pararem.

Um dos trabalhadores se aproximou e disse:

- Meu nome é Bule, eu sou o líder dos trabalhadores. Os aliados colocaram vocês sob a minha autoridade. Agora vocês vão trabalhar carregando materiais e esse tipo de coisa. Se desobedecerem nós vamos atirar em vocês, e teremos muito prazer em fazer isso.

---x---

Estela e Carlos estavam andando no trecho do desfiladeiro, o qual eles passaram a apelidar de "Pequena Babel". Lá estavam técnicos humanos descarregando equipamentos e suprimentos das naves de desembarque. Havia crows montando um teletransportador. Havia havas reabastecendo veículos Riva.

Estela parou e olhou para um pequeno robozinho que passava, o qual era feito com componentes que estavam sobrando. Aquilo a preocupava, já havia dezenas daquelas pequenas unidades robotizadas. Elas eram controladas por Dora. Augusto também não havia gostado nada daquelas maquininhas zanzando por aí. 

Vivian havia feito ele aceitar aquilo, pelo menos por enquanto. Ela conseguiu convence-lo de que precisavam da ajuda dos autômatos de Dora, para instalar bombas e travas nas armas dos veículos Rivas. Vivian era mesmo uma pessoa com o dom de convencer os outros.

Estela pensou que Vivian devia ter se tornado uma política, em vez de uma engenheira.

Os Rivas haviam sido autorizados a entrar no desfiladeiro no dia anterior. Isso foi feito aos poucos. Por cautela sempre havia soldados humanos apontando armas para eles. Mas isso não podia ficar assim por muito tempo.

Precisavam dos Rivas, mas com salvaguardas.
Estela então falou:

- Augusto decidiu que o nosso pessoal vai ser totalmente evacuado em dois dias. A equipe dele vai assumir tudo nesse planeta. Prepare seus soldados.
Carlos pensou um pouco e disse:

- E o Quatro Braços, Dora, Rivas e havas, o que farão com eles.

- Vamos levar dois crows e uma dúzia de havas trabalhadores. O resto fica sob os cuidados deles. Augusto sabe que os Stall estão chegando. Ele sabe que precisa da ajuda de Dora  e dos Aliens.- respondeu Estela.

- Não era melhor abandonar totalmente esse planeta? Não era esse o plano, não era que a Dora sugeriu? – perguntou Carlos.

- Augusto mudou de ideia, ele não quer mais deixar os Stall aqui sozinhos, vai saber o que mais vai aparecer?. Ele e seus oficiais Temem ser possível os Stall conseguirem a tecnologia de teletransporte, não queria nem imaginar isso acontecendo. Augusto está disposto a fazer grandes sacrifícios para proteger nossas colônias de serem atacadas com teletransportes, estão dispostos a morrer para cumprir essa missão. Ele quer que a gente leve a tecnologia recuperada para o planeta Atlas. E Augusto não vai fazer tudo o que a caixinha quiser. Ele pensa por ele mesmo.

Estela e Carlos estavam contemplando as diversas espécies trabalhando juntas. Eles viram o Quatro Braços é mais dois crows trabalhando com Vivian, Pablo e Nina. Eles estavam recuperando um teletransportador. Trocar todos os componentes eletrônicos queimados pelo pulso era muito trabalhoso, iria levar mais um dia todo de trabalho.

Então um alarme tocou por todo o desfiladeiro. Todos pararam o que estavam fazendo. Os soldados humanos iniciaram a operação de camuflagem, era preciso esconder tudo. O alarme significava que  naves Stall haviam sido detectadas.

A hora havia chegado. E Carlos disse, enquanto corriam para a central de comando do desfiladeiro, a qual estava instalada em uma caverna:

- Os Rivas vão ficar putos, a Dora vai ter que falar a verdade para eles.

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