Capítulo 42 - Trivio

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Dia 56 do calendário do Planeta UH 9536 - 11 horas

Carlos estava na barraca que servia como central de comando acompanhado de Marcos, ele havia sido enviado por Estela, a comandante do acampamento central. Ele era um oficial com experiência de combate, já havia lutado contra os Stall em outros planetas.

Eles haviam colocado todo acampamento do desfiladeiro em alerta, ninguém deveria sair sem autorização. O pessoal do platô havia sido orientado a voltar. Eles iriam verificar os destroços da raia abatida, porém depois que as pequenas naves foram avistadas, acharam melhor abandonar aquela missão.

Carlos e Marcos não sabiam o que as pequenas naves desconhecidas iriam fazer em órbita, não sabiam se elas tinham sensores ou câmeras com capacidade monitorar o que ocorria no solo, nem se tinham alguma capacidade de realizar um bombardeio orbital. Carlos achava até que talvez elas pudessem reentrar na atmosfera e fazer um bombardeio a baixa altitude, afinal quase tudo podia acontecer agora.

Eles fizeram um relatório pormenorizado dos fatos recentes, incluindo o avanço no trabalho com o cinza claro capturado, toda a novela envolvendo o Quatro Braços, a raia que havia sido abatida, e agora aquelas pequenas naves. Tudo ilustrado com imagens de alta resolução.

Eles também tinham conseguido amostras de sangue do Quatro Braços ao fazer curativos em seu braço ferido, e estavam mandando uma delas. Também estavam mandando um pouco do sangue do cinza claro, o qual forneceu o material contra a sua vontade, e de forma bem dolorosa para ele.

Carlos levou a unidade de memória, contendo o relatório, e as amostras para a saída norte do acampamento, lá estavam dois soldados que haviam preparado o "coelho", o qual era o novo meio de comunicação daquele local com o acampamento central.

Os técnicos conseguiram converter alguns VICDs em veículos autônomos. Eles podiam levar pequenas cargas e mensagens, e eram muito mais rápidos que os VACs, conseguiam fazer o percurso em um pouco menos de um dia daquele planeta, pois não necessitavam parar.

A unidade de memória e as amostras foram colocadas no pequeno compartimento de carga do "coelho". O pequeno veículo foi enviado, e rapidamente sumiu de vista, levantando uma pequena nuvem de poeira atrás dele. Nuvens escuras apareceram no horizonte e Carlos viu que iria chover novamente.

Ele torceu para que o pequeno veículo autônomo conseguisse ser eficiente mesmo na lama, aquela mensagem precisava chegar.

Ele voltou para a central de comando se sentindo culpado, o relatório que foi enviado não continha nenhuma mentira, porém ele não contava toda a verdade. Eles omitiram certas coisas. Eles haviam decidido arriscar muito, e talvez o acampamento central não entendesse e interviesse no acampamento deles.

Não foi dito no relatório que a Equipe Diplomática já estava usando "A Caixa" para acelerar o trabalho com o Quatro Braços. Quando haviam pedido o item especial tinham dito que eles o usariam apenas no processo de tradução da língua do inimigo cinza claro. Eles não podiam esperar uma autorização suplementar, ainda que o protocolo "Da Caixa" fizesse essa exigência, para cada novo uso do item. E ainda podia acontecer do comando negar o pedido.

A situação era muito delicada, eles precisavam saber o que o Quatro Braços tinha para dizer a eles o mais rápido possível.

Carlos chegou chegou à central de comando e percebeu que Carlos o esperava:

- Uma mensagem codificada da NCO chegou, ela diz que aquelas pequenas naves estão derrubando os satélites, em breve não vai restar mais nenhum. Flávio vai afastar a nave do planeta ainda mais, não sabem o potencial dos novos inimigos, é muito arriscado tentar algum confronto. A boa notícia é que as naves Stall também estão se afastando, não vão poder bombardear a gente, pelo menos por enquanto - disse Marcos.

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