Dia 47 da chegada ao planeta, 11:00 hs horário do planeta UH-9536
O Jovem guerreiro Portla, estava em sua primeira invasão e estava tentando não entrar em desespero. Foram dias e dias se escondendo, com fome e com frio, sem poder ao menos acender uma fogueira. Nos últimos dias passou a chover e a temperatura baixou bastante para piorar ainda mais a situação.
A fome era tanta que ele teve que comer algumas larvas que encontrou ao cavar uma valeta para se esconder. Depois da destruição do Canyon todos os guerreiros ficaram com medo de sair de seus abrigos, até mesmo para procurar comida nas cápsulas abandonadas nas colinas.
Boa parte dos suprimentos, que chegaram nas últimas cápsulas, foram levados para o canyon e tinham sido perdidos no ataque do inimigo, mas devia ter sobrado muita coisa ainda por ai. Mas o medo do inimigo e a falta de orientação de um comandante fez com que a maioria dos guerreiros ficasse apenas esperando escondida.
O rádio esteve silencioso nos últimos dias, ninguém ousava tentar contato, o inimigo poderia rastrear a origem das transmissões.
O inimigo também estava patrulhando com suas aeronaves e atirava em tudo que se mexia.
Ele amaldiçoava sua sorte, em tantas invasões que ocorriam, ele tinha que ter ir para a mais mal sucedida na história.
Naquela manhã a chuva havia parado há cerca de meia hora, e Portla usava uma lata de ração vazia para tirar um pouco da água, que se acumulava no fundo da valeta que ele havia cavado para se esconder.
Ele estava lá tremendo de frio e se lamentando quando a terra tremeu. Ele se encolheu no fundo da valeta o máximo que pode até a onda de choque passar. Ele pensou que o ponto de impacto devia ter sido a mais de um quilômetro de onde ele estava. Portla não se moveu, sabia que o inimigo nunca atirava uma vez só.
Realmente houve outros disparos, uns mais distantes e outros mais próximos. Sendo que alguns foram tão perto que Portla sentiu a terra e o ar esquentar. Ele sofreu falta de ar, uma vez que a explosão criou uma zona de baixa pressão por alguns segundos, a qual fez os ouvidos dele quase saltarem para fora.
Os ataques pararam e Portla achava que havia escapado de mais essa, porém o silêncio do rádio foi quebrado. Diversas transmissões desesperadas ocorriam ao mesmo tempo, entre elas foi possível entender uma que dizia:
- Inimigo atacando com veículos de terra, infantaria e aeronaves, vindo do Leste, fujam!
Portla sentiu medo, e ao mesmo tempo, sentiu vergonha por sentir medo. Todos os valores que haviam sido ensinados para ele, tudo o que achava dele mesmo, o grande e valente guerreiro que ele achava que estava se tornando, tudo se desfez em um segundo.
Ele pulou para fora da valeta e correu para salvar sua vida. Ele olhou para trás por um minuto e viu explosões e ouviu ruídos agudos produzidos pelos disparos dos veículos inimigos.
Sem comando os hava entraram em pânico e começaram a correr em uma fuga descontrolada. Enquanto corriam muitos eram eliminados pelas naves de desembarque tático Stall, as quais já não temiam se aproximar, uma vez que sabiam que aquele inimigo não tinha armamento antiaéreo efetivo.
Portla correu pelas colinas e viu mais a frente uma nave inimiga disparar rajadas luminosas contra um grupo de guerreiros que corria. Um deles foi cortado ao meio e outro perdeu uma das pernas. Porta se escondeu em um desnível provocado pela erosão. Ele se afundou na lama, prendeu a respiração e procurou ficar imóvel.
Depois de algum tempo, acreditando que a nave havia ido embora, ele levantou e voltou a correr. Depois de várias horas de corrida ele parou e se sentou no chão, ele acreditava que havia saído da área de risco.
Ele analisou a situação, os hava haviam sido expulsos da área e espalhados pela região, a situação era humilhante, era naquelas horas que um hava achava que teria sido melhor ter levado um tiro.
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Carlos estava acompanhando a movimentação dos Stall por imagens de satélites e depois pegou seus binóculos para ver o bombardeio orbital.
Ele estava preocupado, se os Stall destruíssem totalmente o novo inimigo, eles provavelmente iriam voltar a atenção deles para os humanos.
Ele mandou reforçar as defesas, os novos inimigos poderiam vir na direção deles, e ainda com Stall em perseguição.
Carlos viu mais algumas imagens dos satélites, as quais mostravam uma nave de desembarque dos Stall, do tipo que os humanos apelidaram de "Raia", voando baixo, e atirando contra o solo. Ele pensou "que loucura", e mandou preparar os mísseis antiaéreos caso os Stall viessem.
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Nina, Raul e Pablo se reuniram, fizeram uma refeição, o bom e velho mingau de aveia desidratado. O alimento havia sido plantado, cuidado e colhido por tratores autônomos e processado em fábricas robotizadas, tudo em um planeta a centenas de anos luz de distância.
Depois de comer foram para sua sessão de rotina com o alienígena capturado. Todos estavam animados com os resultados.
Dias atrás, quando haviam sido convocados para aquela missão por Carlos, o trio se revoltou, não aceitavam que tivessem passar horas e horas com aquela criatura. Que iriam ter que tentar se comunicar com ela. Mas com o passar do tempo e com o sucesso eles passaram a se animar com seu novo trabalho.
Nos primeiros dias não estavam conseguindo nada. O alienígena não queria nem comer e eles achavam que ele iria acabar morrendo, porém em uma manhã a atitude do soldado inimigo mudou e ele começou a colaborar. Ele apontou para o pé de Raul e disse uma palavra, ou melhor uma sequência de som gutural que ninguém conseguiu reproduzir, e a mesma foi gravada em vídeo.
Mais tarde descobriram que o alienígena não se referia ao pé de Raul, e sim a bota que ele usava, sendo essa a primeira palavra que foi catalogada em um banco de dados.
Então foram centenas de palavras, referentes aos objetos que eram mostrados para a criatura, depois mostravam para ele fotos na tela de uma central multimídia, e então conseguiram as "palavras" referentes a planetas, luas, galáxia, veículos, armas, e muito mais.
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PLANETA UH 9536
Science FictionTensão desde o início. Uma história a partir da ótica de soldados rasos emboscados, uma situação desesperadora em uma guerra normal. Imagine num planeta desconhecido, enfrentando forças desconhecidas. Esse é o pontapé inicial dessa obra!