Capítulo 67 - Iniciativa

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No ponto de espera Nina e o Quatro braços estavam tendo mais uma de suas sessões de conversa. Oficialmente elas serviam para o aperfeiçoamento da comunicação entre as espécies. Ainda havia conceitos de difícil tradução.



O Quatro Braços, por exemplo, não entendia o conceito de solidariedade. Para ele todas as relações eram sempre guiadas pela conveniência. Porém ele próprio não gostava de reconhecer que algumas facetas de seu comportamento eram guiadas pelo instinto de sobrevivência de sua espécie.



A necessidade de ter filhotes, e de lutar pelo bem de sua espécie, as vezes, se sobrepunham a preocupação com ele próprio. Foi esse o caminho que Nina usou para tentar explicar o conceito de solidariedade. Então ela concluiu dizendo:



- Então, esse instinto que você tem pela sua prole e pela sua espécie, nós o temos de uma forma mais geral. Acreditamos em tentar minimizar o sofrimento para outras espécies sempre que for possível. Nós podemos até matar outros seres para nós alimentar e para outras necessidades, porém faremos isso da maneira que cause o menor sofrimento possível.



- Creio que consegui entender a lógica desse conceito agora. Mudando um pouco de assunto. Você pensa em se reproduzir em breve? Também descobri em minhas pesquisas que vocês, na maioria das vezes, praticam o acasalamento apenas pelo prazer sexual, as vezes até mesmo com indivíduos do mesmo sexo. Você atualmente prática sexo com frequência? Com parceiros de que sexo?



As sessões de conversa serviam também para o Quatro Braços matar um pouco de sua insaciável curiosidade, e para Nina poder desabafar com alguém. Ela com certeza encontraria um humano para conversar, porém parecia haver uma barreira com os seres da mesma espécie que ela, a qual nem ela entendia. Então ela respondeu a pergunta do Quatro Braços:



- Atualmente eu não estou fazendo sexo. Não tenho um parceiro há algum tempo. Depois da morte de Jorge eu fiquei muito retraída para relacionamentos. Quando eu estava na Aurora Seis, vindo para esse planeta, acabei transando com uma mulher, acho que foi mais por curiosidade. Até que foi bom, acho que eu consigo me interessar pelos dois sexos. Porém a moça em questão queria um relacionamento mais sério, a longo prazo, e eu não estava pronta para isso ainda. Agora tem um soldado que parece estar me observando ultimamente, porém ele não toma a iniciativa, vou esperar para ver o que acontece.



- Eu acho que você não devia esperar. Se o sexo é uma coisa prazerosa para vocês, então você não devia se privar dele. Claro que esse conceito de amor eu ainda não entendo, e talvez nunca vá entender. Porém sei que vocês conseguem fazer só sexo. E depois, na situação em que estamos, podemos morrer a qualquer momento, então esperar pode não ser a melhor escolha. - disse o Quatro braços.



- Acho que provavelmente você deve ter razão. - disse Nina.



---x---



Mais tarde, após anoitecer, Nina foi atrás de Lucas. Ele estava conversando com outros soldados e ela o chamou dizendo que precisava da ajuda dele. Ela o levou até uma pequena caverna que ela havia descoberto pouco antes.



Lucas achou tudo muito suspeito, ainda mais quando constatou que havia um colchonete inflável no chão. Nina ao perceber que ele havia estranhado a situação disse:



- Relaxa, eu só te trouxe aqui para te convidar a fazer sexo comigo. Se você não estiver a fim, também não tem problema. A gente vai continuar amigos.



- É que eu nunca, você sabe, não sabe? - disse Lucas.



- Claro, não esquenta, não é um bicho de sete cabeças. E se vai ser um relacionamento sério ou não, a gente vê depois dessa missão, se a gente sobreviver. - disse Nina.



- Então tá. - disse Lucas.

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