Capítulo 11 - Os Stall

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Dia 29 da chegada ao planeta, 06:00 hs horário do planeta UH-9536

O líder do grupo Stall, o soldado de nome Fardo, olhava a tela do console de comando do veículo de combate.

Ele estava preso naquele vale, o veículo havia dado defeito, e ele não se moveria novamente sem um motor novo.

Eram quatro tripulantes do veículo, e mais dez soldados de infantaria que estavam sendo transportados. Eles estavam esperando por resgate quando naves humanas chegaram à órbita do planeta.

Há alguns dias eles haviam atirado nos veículos dos humanos, destruído um e feito os outros fugirem, não podiam persegui-los por estarem a pé.

A única aeronave que tinham na região foi atrás dos humanos, porém foi destruída por eles.

Ele havia mandado alguns soldados a pé até o veículo terrestre destruído. Os soldados inimigos que estavam feridos foram mortos, e algumas armas e suprimentos dos terráqueos foram recuperados.

Fardo já havia lutado contra os humanos em outros planetas, havia matado alguns deles e visto suas armas e até provado suas rações, porém a curiosidade pelos objetos humanos ainda era grande, ele sempre examinava cuidadosamente os itens recuperados.

Ele apreendeu até mesmo a atirar com o rifle de plasma dos humanos.

Fardo nunca sub-estimava o inimigo, e a cautela sempre guiava suas ações. Ele até foi criticado quando, dias antes, os veículos terrestres apareceram. Os outros soldados queriam que ele esperasse que os humanos chegassem mais perto do vale, para só então atirar com o canhão, assim poderiam destruir mais veículos antes deles fugirem, mas como ele era o líder suas ordens foram obedecidas, e o canhão disparou assim que os humanos entraram no alcance da arma.

Os soldados Stall ficaram descontentes, afinal só conseguiram pegar um dos veículos, e os demais fugiram.

Porém Fardo conseguiu convencer os outros explicando que, caso deixassem eles se aproximarem mais, estariam se arriscando muito. Porque os soldados terrestres possuíam lançadores de mísseis portáteis, e se eles chegassem mais perto o veículo Stall entraria no alcance deles, e como o carro de combate Stall estava incapacitado de se mover, ele seria um alvo fácil.

Fardo achava que os soldados de sua raça eram entusiasmados demais em batalha, então corriam riscos desnecessários, o que provocava perdas que seriam evitadas com um pouco mais de cautela.

Ele fez uma explanação sobre sua forma de pensar para seus comandados, e deu como exemplo a perda da única aeronave Stall naquela região. O comandante da nave havia comunicado pelo rádio que havia visto os veículos terrestres entrarem em um afloramento rochoso, e que iria atacá-los. Fardo havia dito para ele esperar, que pensariam em uma estratégia melhor, porém o comandante da aeronave não estava subordinado a ele. O ataque prosseguiu, o que causou a perda das vidas da tripulação e a perda do aparelho.

Nos últimos dias nada mais havia ocorrido e Fardo seguia uma rotina de vigia de sensores, e realização de pequenas patrulhas a pé pelas proximidades. Tinham ido até mesmo ao afloramento rochoso, resgatado alguns itens dos destroços da aeronave, e encontrado o veículo terrestre destruído. Não tinham como seguir os terrestres a pé e se mantinham guardando sua posição no vale.

Fardo sabia que as naves de batalha dos Stall e uma nave dos humanos estavam em um jogo de "esconde-esconde" em órbita. Provavelmente não iriam prestar apoio aéreo para as suas forças em solo. a possibilidade de revelar a sua posição era um risco enorme.

Naves de combate eram um recurso escasso demais, e nenhum dos dois lados podia por eles em risco para salvar a vida de alguns soldados.

Os soldados Stall, quando ainda dispunham da aeronave que havia sido derrubada pelos terráqueos, tinham instalado câmeras de alta definição, no topo de uma das montanhas que cercavam o vale. Com elas podiam vigiar uma grande área. Foi por meio dessas câmeras que viram os veículos terrestres vindo com muita antecedência.

Foi o mesmo sistema que os alertou quando as ondas de flashes luminosos se iniciaram. O estranho fenômeno, que eles achavam ser possivelmente uma nova tecnologia humana, ocupava totalmente a mente de Fardo e dos demais soldados Stall.

Os soldados de Fardo estavam se preparando para realizar uma expedição a pé para o ponto em que as cápsulas deveriam ter pousado. A segurança do Império Stall estava em jogo com aquela nova tecnologia, a qual podia mudar o destino da guerra. Porém, nesta manhã, antes da saída da expedição para tentar encontrar as cápsulas, as luzes de alerta se dos sensores se iluminaram no painel de controle do veículo de combate.

As câmeras e os detectores de movimento de longo alcance haviam captado alguma coisa. Os monitores então mostravam pequenos pontos que corriam de uma rocha para outra, e Fardo viu que eram soldados de infantaria avançando de modo cauteloso. Porém não eram humanos, pelo menos não do tipo conhecido.

Fardo pensou que eles talvez poderiam ser de uma sub espécie. A questão teria que ficar para depois, ele apertou o botão de alerta e passou a pensar em estratégias de defesa.

---x---

O comandante do grupo Hava que se aproximava do vale, de nome Beltlo, acompanhava o lento progresso de suas tropas pelos seus binóculos. As quase três centenas de guerreiros avançavam cautelosamente pelo terreno cheio de rochas e com vegetação rasteira.

Eles estavam ainda mais devagar agora, depois da notícia do contato que o outro grupo de guerreiros teve com o inimigo. O silêncio foi quebrado pelo som de uma explosão, e Beltlo rapidamente olhou para o local onde ela havia ocorrido usando seus binóculos. ele viu os restos do guerreiro que estava lá um segundo atrás, escondido atrás de uma rocha. Ele ordenou pelos intercomunicadores de curto alcance:

-  Manter posição.

Depois de alguns segundos outro tiro atingiu outro guerreiro, jogando seus restos e muita poeira para cima. Beltlo pensou que não tinham como lutar contra aquilo. Ele relutou um pouco, mas depois do terceiro tiro e terceiro guerreiro morto ele deu a ordem para recuar.

PLANETA UH 9536Onde histórias criam vida. Descubra agora