Carlos mandou a maioria do comboio seguir em frente, porém ele foi com um grupo, incluindo o quatro braços, nós três veículos PK 26.
Eles foram até o local onde a aeronave inimiga fez um pouso forçado. Haviam muitos destroços perto do afloramento rochoso, até foram coletadas algumas amostras, porém estavam muito danificados.
Eles então foram até o local do pouso em busca de componentes em melhores condições.
Quando chegaram viram que o cockpit estava praticamente inteiro. Também conseguiram retirar um dos motores e uma das armas, ambos em boas condições.
Eles embarcaram os itens nos veículos, com certa dificuldade. O quatro braços os ajudou, ele conseguiu levantar o pesado cockpit sozinho.
Eles acharam que a aeronave era autônoma, ou controlada a distância, uma vez que não caberia um piloto dentro do cockpit. Depois de acondicionar os itens eles partiram para alcançar o resto do comboio.
Carlos consultou seu terminal. Eles haviam deixado para trás algumas câmeras de vigilância, e elas estavam ligadas a um transmissor.
Ele analisou as imagens que o terminal havia recebido do transmissor, e se deparou com as cenas dos batalhoídes descendo de paraquedas.
Depois de mais algum tempo a transmissão se encerrou, o inimigo devia ter encontrado o transmissor. Carlos ficou feliz por estar deixando aquela região.
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Atria conduz a pequena nave dela em uma órbita baixa. Esta a última volta no planeta, agora ela inicia a reentrada. Não havia outra opção, no futuro estava previsto que os POCs iriam ser reabastecidos e reparados no espaço. As naves de abastecimento e manutenção estavam sendo desenvolvidas.
Rivas com menor desempenho iriam controlar as futuras unidades de apoio. Mas isso era para o futuro, para o presente ela tinha que descer ao planeta para ser reparada e abastecida.
Se ela ficasse em órbita iria morrer. O sistema que fornecia nutrientes para seu corpo havia parado de funcionar, desde a batalha ela não recebia nenhuma comida e estava com muita fome.
Felizmente as cápsulas com os havas trabalhadores já haviam chegado e eles a esperavam na zona de pouso.
O revestimento térmico na barriga do POC começa a esquentar ao entrar em atrito com as primeiras moléculas da atmosfera.
Os danos nos sistemas da nave tornam a tarefa de manter o ângulo de descida correto um grande desafio. Atria se depara com a possibilidade da morte, as chances de uma morte horrível eram maiores do que a de um pouso seguro.
O revestimento térmico já está ficando avermelhado, e algumas chamas se formam no exterior da nave.
Enquanto usa toda a sua perícia de pilotagem Atria se lembra de sua experiência no simulador de vôo. A maioria dos Riva não conseguia completar a simulação parecida com a situação que ela enfrenta agora, reentrar na atmosfera com uma nave avariada.
Então se lembra de toda a sua vida de cinco anos. Os Rivas eram cultivados em instalações, onde haviam centenas de úteros artificiais.
Imediatamente após o "parto" eles eram ligados cirurgicamente aos tubos do sistema de manutenção de vida, e aos microprocessadores que faziam a interface do cérebro deles com as câmeras e sensores, e que permitiam a eles controlar veículos e equipamentos.
Eles cresciam muito rápido e com apenas algumas semanas de vida eram colocados em unidades de treinamento, que eram aquários com carrinhos embaixo, os quais eles controlavam.
Logo eles aprendiam a se locomover e a explorar os grandes prédios cheios de corredores e rampas. Havia Rivas mais velhos que interagiam com eles, e os ensinavam a se comunicar e desenvolver outras habilidades.
Nos primeiros anos vários Riva não passavam no controle de qualidade, não atingindo os níveis de desempenho mínimo, e seu sistema de suporte de vida era desligado. A morte ocorria por falta de oxigênio. Atria se lembrava de ter tido pesadelos sobre isso durante quase toda a infância.
Ela só parou de ter pesadelos quando começou a se destacar nos treinamentos, e foi selecionada para ser uma das líderes do exército Riva.
Atria para com suas recordações, a velocidade da nave já havia diminuído com o atrito com a atmosfera e a temperatura do casco já estava se normalizando.
Agora a altitude está baixando rapidamente, a nave está caindo. Ela aciona os pequenos motores de manobra para apontar o bico da nave para cima, e os quatro motores principais para baixo.
Ela aciona os motores principais e a velocidade de queda começa a diminuir. A zona de pouso se aproxima, ela não pode perder a janela de aproximação ou descerá nas montanhas, o terreno irregular poderia tornar o pouso um desastre.
Os motores perdem desempenho, a velocidade de descida aumenta, e Atria entra em pânico, ela não quer morrer.
Ela recobra o controle emocional e faz uma análise dos sistemas. Ela encontra o problema, uma das quatro tubulações que leva combustível para os motores se rompeu, e eles estão funcionando com menos um quarto de força.
Ela consegue fazer os sistemas aumentarem a pressão nas tubulações restantes, e a velocidade do fluxo de combustível aumenta compensando a tubulação rompida.
A velocidade de descida diminui, porém os computadores dizem que não será suficiente, a altitude já caiu muito. O solo se aproxima, ela vê uma marca pintada no terreno plano e alguns batalhoídes ao redor da zona de pouso.
Ela consegue mais um pouco de pressão, e os computadores dizem que os tubos não vão aguentar, porém ela tem que frear a nave e continua a aumentar a pressão.
A velocidade caiu mais um pouco e o impacto foi reduzido o suficiente para a o cockpit sobreviver.
A parte de baixo da nave, onde estão os motores principais, bateu muito forte no chão, e foi seriamente danificada. Aquela nave não voará mais. Os havas trabalhadores se aproximam com extintores de incêndio e cobrem a nave com espuma branca. Então Atria percebe que hoje não será o dia da sua morte.
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PLANETA UH 9536
Science FictionTensão desde o início. Uma história a partir da ótica de soldados rasos emboscados, uma situação desesperadora em uma guerra normal. Imagine num planeta desconhecido, enfrentando forças desconhecidas. Esse é o pontapé inicial dessa obra!