Capítulo 68 - A montanha

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Porta e seus companheiros desembarcaram dos três veículos de transporte. Eles haviam chegado ao pé de uma das montanhas que ficavam junto ao litoral.

A viagem havia sido horrível. Os veículos em que os colocaram eram humilhantes. Eram grandes chassis sobre quatro rodas.


Os havas viajavam em pé e apertados na plataforma sobre o chassi do veículo.

Foram três dias de sofrimento, eles foram levados como carga. Paravam por poucas horas para descansar.

Eles descansaram um pouco e então começaram a se preparar para a subida. Eles vieram em três veículos, sendo quarenta guerreiros em cada veículo.


Portla colocou a pesada mochila com as células de energia. Pegou a arma de partículas e conectou nela o cabo de energia que a ligava a mochila.

Portla ainda não havia se acostumado com aquela arma, ela era muito pesada. Ainda mais pensando que teriam que subir uma montanha com ela. Ele pegou a outra bolsa com água, comida e equipamento de escala.

Um hava chamado Telhe, que havia chegado com os Rivas, fez amizade com Portla durante a viagem. Telhe disse:

- Os Rivas aeronaves sobrevoam essa área com frequência, e disseram que não tem inimigos deste lado da montanha. Pelo menos poderemos subir sem ter alguém atirando na gente.

- Esteja pronto para tudo. Esse inimigo é muito poderoso. Se eles voltarem com uma grande frota de naves, e passarem pelos POCs, vão nos bombardear e nos atacar com armas terríveis. Eu vi centenas de havas serem feitos em pedaços. - respondeu Portla.

- Eu sei, vi as carcaças podres. Foi feita uma limpeza na área, jogamos os corpos no córrego para serem levados para longe, mas a região ainda fede a carniça. - disse Telhe.

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Os guerreiros hava já estavam escalando a mais de duas horas. Porém ainda estavam no meio da subida. Em muitos trechos, quase verticais, eles tiveram que escalar sem levar as pesadas armas, e depois que alcançavam um patamar mais plano, tinham que puxar o pesado armamento usando cordas.

A penosa missão estava exigindo toda a resistência dos havas.

Portla havia acabado de puxar sua arma para o patamar em que ele estava. Ele olhou para cima, bem a tempo de ver "uma pedra" se mexer, a algumas centenas de metros de distância.

Seu cérebro demorou para constatar que na verdade se tratava de um soldado inimigo, o qual usava uma capa com o mesmo padrão de cor das rochas da montanha. Ele encostou o corpo contra a parede de rocha o mais que pode, para tentar passar despercebido.

Ele acionou seu comunicador e iria avisar seus companheiros, porém os tiros começaram antes disso.


Havia outros soldados inimigos camuflados na encosta da montanha. Eles abateram mais a dezenas de havas, antes que o primeiro guerreiro conseguisse revidar atirando com a arma partículas.

O disparo do primeiro tiro hava não atingiu o alvo, porém fez o inimigo retrair um pouco. Eles não deviam esperar que os havas tivessem armas portáteis daquele tipo.

Portla conseguiu se colocar a mochila e pegar a arma. Ele viu o soldado atirar contra outros havas, sempre com um precisão incrível. Aparentemente o soldado não o havia visto.

Ele saiu da proteção do patamar, mirou a arma de partículas e atirou contra o soldado. O disparo errou o alvo por sessenta centímetros. Porém ele acertou a rocha fazendo estilhaços de pedra voar. Um deles acertou o soldado na cabeça, ele caiu para frente e despencou da montanha.

Os outros guerreiros não estavam tendo tanta sorte. Os disparos das armas de partículas não estavam tendo a precisão necessária para aquele combate.

Os soldados inimigos eram muito ágeis e estavam sempre mudando de posição, e usavam reentrâncias da montanha para se proteger.

A maior parte dos guerreiros não conseguiu mais subir a montanha, e diversos minutos se passaram com a intensa troca de tiros ocorrendo.

Os disparos dos havas faziam com muitos pedaços de rochas se soltassem, sendo que alguns deles acabavam caindo sobre os guerreiros que subiam a montanha.

Um soldado hava foi atingido na cabeça por um grande fragmento de rocha, e despencou montanha abaixo.

Portla estava encostado contra a montanha, e olhava para o céu, quando viu um brilho forte no horizonte. Ele até achou o fenômeno muito estranho, mas sua atenção se voltou novamente para o tiroteio em que ele estava envolvido.

O hava que comandava aquela missão fez um comunicado por rádio. Ela dizia para que mantivessem as posições, e que ele iria solicitar apoio aéreo.

Diversos minutos se passaram, e os tiros agora eram eventuais. Aparentemente o inimigo também esperava por algumas coisa.

Então o hava comandante falou novamente no rádio. Era para abortar a missão, descerem a montanha e embarcarem nos veículos, com a máxima urgência.

Portla não entendia mais nada. Ele não via lógica nenhuma naquilo. Tanto sacrifício e tantas mortes para nada.

Ele viu diversos havas descendo pelas cordas. Ele não podia ficar ali sozinho. Então também desceu de rapel pela corda.

O inimigo passou a atirar nos guerreiros que fugiam, matando diversos deles.

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