Save Me From Myself (COMPLETA)

~Porre~

Deixei meu celular na bancada, junto com a roupa e me enfiei no chuveiro gelado. A água bateu direto na minha cara e isso me fez arrepiar e me sentir vivo.
Respirei debaixo daquela água toda e me concentrei em esvaziar a mente. Pensei no show que teríamos em alguns dias e nas entrevistas. Eu tenho que relaxar enquanto há tempo.
Logo as coisas voltariam ao normal. Era só eu ter tempo para voltar pra Kate... aliás, eu deveria ter ido pra casa dela ao invés de ter vindo pra cá! Pq diabos eu tinha que seguir meus irmãos feito um cãozinho?! Agora é  tarde... estou preso no Brasil! Merda!
Estava ensaboando a cabeça qnd ouvi um barulho, mas qnd chamei, Ike não respondeu. Deve estar puto e arrumando as coisas para manter a cabeça ocupada.
Sai do banho com o meu roupão e Ike estava de fones. Nitidamente me ignorando. Quem se importa? 
Me troquei e quando terminei de passar meu desodorante, fui procurar meu celular e não encontrei.
- Ike?
Nada.
- IKE!
Ele tirou os fones e me encarou.
- Onde está meu celular?
- E eu é quem sei das suas coisas agora?
- Não se faça de idiota. Eu deixei meu celular bem ali enquanto tomava banho! - falei apontando para a bancada.
- E não está lá?
- Claro que não! Se estivesse eu não estaria te perguntando!
- Então eu não sei. Suas coisas, seu problema.
- Pro inferno, Ike!
Ele recolou os fones e isso só me deixou ainda mais puto! Estão todos contra mim e a Kate! E nós não fizemos nada pra ninguém! É tão errado assim se apaixonar?!
Comecei a revirar minha mala e nada da merda do celular. Óbvio que eu não tinha guardado. Não estou louco! 
Joguei todas as minhas coisas na cama e dei um bicudo na mala vazia.
- IKE! ONDE VC ESCONDEU A MERDA DO CELULAR?!
- Já disse: suas coisas não são problema meu. - ele tirou os fones apenas para falar e voltou a ouvir seja lá oq.
*Não é problema seu? Ah é? Vejamos...* fui até o guarda roupas e joguei as coisas dele pro alto.
- VSF, Zachary! Fique longe das minhas coisas! - Ike pulou da cama num instante.
- Suas coisas, seu problema! - falei olhando em volta e nada do meu celular! *Kate vai virar uma fera!* e continuei jogando as coisas, procurando por ele.
- É por isso que ninguém gosta de vc e Kate juntos! Ela é tóxica, Zac! Nikki não gosta dela, ninguém na 3CG faz questão dela, mamãe a suporta... - Ike foi enumerando as pessoas que odiavam Kate nos dedos e eu o interrompi antes que ele enchesse as duas mãos:
- Quer saber?! Já tá tudo uma merda mesmo! Vou pro bar do hotel encher a cara de tequila e dar motivo para vcs pegarem no meu pé!
- Zac, qual é?! Vc nem bebe tequila!
- Quer apostar?! - Sai do quarto e bati a porta.
Me sinto um peixe fora d'água: não bebo feito o Ike, não curto café igual ao Tay, minha namorada não é querida como a deles... que-merda! quando foi que me perdi de todos assim?
Ike veio logo atrás e me chamou. Óbvio que ignorei. Ele é discreto demais pra dar escândalo no corredor e eu vou me aproveitar disso.
Segui até a piscina com passos rápidos, onde os drinques são servidos. Assim que virei o corredor, vi meu irmão e minha cunhada.
*Merda! Tay e Lola sendo o casal fofura que eu nunca serei!*
Lola chamou meu nome e eu ia ignorar, mas resolvi ser mais direto:
- Me deixa, Lola! - falei sem olhar pra eles e segui o caminho para o bar.
Achei que eles viriam atrás de mim, mas não vieram. Então pedi ao barman:
- O drink mais forte que vc tem aí. Duplo.
- Acho que o sr é menor de idade e...
- Cara - eu o interrompi - se vc não fizer isso, eu vou pedir ao serviço de quarto e vou ter oq eu quero. Relaxa, não vou dedurar vc.
Me senti um babaca, mas ele foi convencido pelo papel de "famoso e rebelde" e fez oq eu pedi. Virei o copo de uma vez e senti o líquido queimar minha garganta. Quase tossi toda a merda fora. Ike tem razão: eu nem sei beber! Mas pedi com toda minha voz de homem:
- Desce mais um!
Eu queria que eles vissem do que eu sou capaz, mas a quem eu queria enganar? Eu entraria em coma alcoólico se continuasse bebendo assim e eu não sou um panaca. As coisas já estavam começando a ficar em câmera lenta. Olhei pra trás e eles já não estavam mais no banquinho.
Fiquei sentado no bar tentando fixar um ponto e decidir se eu poderia subir de volta pro quarto sem ter que ouvir um sermão do Ike sobre bebedeira e bagunça e má impressão... e também... tentei me levantar e minhas pernas estavam moles. *Eu só bebi, certo?*.
- Cara... hey... o quanto eu bebi? - chamei o barman.
- 4 copos duplos, sr.
- 4? Só 4? Eu sou um merdinha mesmo! E nem lembro de ter bebido os dois últimos  - ri da minha desgraça.-  Você não colocou nada extra na bebida, colocou?
- Não, sr. - ele me encarou sério.
 - Se eu cair no caminho, será que alguém me socorre?
- Quer que eu chame alguém para ajudar o sr à chegar ao quarto?
- Esquece. Cheguei aqui sozinho e vou voltar sozinho. - acenei para o barman, que já tinha uma dupla. - manero... tô vendo o chão fazer ondas e vc tem um clone.
- Tem certeza que não quer ajuda?
- Relaxa. Já falei que não vou causar problemas. E se perguntarem sobre mim, avisa que tô de boas. Faaaaalouw?
- Certo...
Me levantei e o chão parecia feito de gelatina. Me senti em uma fase de vídeo game e eu ri sozinho tentando apertar o botão certo no elevador, sendo que eu nem me lembrava de ter andado pelo hall. Desisti e voltei pra piscina. Comi uns amendoins e uns camarões para tentar recuperar as forças, deitei um pouco na espreguiçadeira e acho que cochilei. Na verdade, tenho quase certeza disso, pq não me lembro de terem estrelas no céu qnd deitei e agora eu abri os olhos e elas estão lá.
Eu já tinha ficado alegre, mas bêbado assim, nunca.
Firmei as pernas e fiz o caminho de volta pro hall do hotel e apertei o botão do elevador.
Algum sacrifício depois e eu consegui abrir a porta do quarto. Estava tudo arrumado de novo. Dei uma olhada em volta em busca do meu celular, mas só achei o Ike dormindo.
O teto ainda rodava e eu precisava vomitar. Não consegui chegar no vaso sanitário e acabei vomitando na pia. *pelo menos acho que não foi no chão ou na banheira...*
Me joguei na cama sem escovar os dentes e menos ainda sem tirar os sapatos. Eu não tinha condições de pensar nos sapatos com o chão insistindo em parecer uma montanha russa...