Cheguei na recepção e pedi um táxi.
Não demorou muito e eu estava no trânsito rumo ao aeroporto. Esse caminho já é quase tão conhecido como um caminho em NY.
Peguei meu celular e liguei pro Ike:
- Ike?
- Zac? Onde vc está? Parece estar no trânsito!
- E estou. Estou indo para o aeroporto.
- Aeroporto?! - ele me interrompeu.
- Sim. Vou encontrar com a Lola.
- Tá falando sério?!
- Claro!
- Ela está bem?
- Sim sim. Eu é que não estou legal...
- Kate ou Esther?
- Kate. Mas não quero falar sobre isso.
- Certo... mas então?
- Liguei pq fiz tudo sem planejar e esqueci que vcs vão dar baixa nos quartos essa noite e eu não pretendo voltar hj. Talvez eu vá direto para o show... não sei... ok... isso não importa. Liguei pq deixei o restante das minhas coisas no quarto. Vc poderia pegar pra mim?
- Quer que eu mande pra vc?
- Não. Só leva com vcs e dá baixa no meu quarto.
- Ok. Mamãe e papai já sabem?
- Sabem. Falei com eles antes de vir. Só as crianças e vc que não... bem... Bex e os caras tb não... mas eles estão de férias, então não importa.
- Taylor e Lola já sabem?
- Não.
- Zac... - ele não terminou a frase, mas o tom da voz dele falou por ele. Ele está me repreendendo.
- Ike, não enche, tá? Eu sei oq estou fazendo.
- Qq coisa, é vc que está ferrado mesmo. Tay vai te esganar.
- Não vai. E eu preciso desligar. Já estou chegando ao aeroporto.
- Blz.
- Valeu, Ike.
Desci do táxi e corri para o balcão da empresa aérea e troquei minha passagem. Tive que pagar taxas extras.
Comprei uma revista, mas não consegui me concentrar. Toda aquela dor pela Kate foi virando ansiedade para reencontrar a Esther e eu nem sabia se isso ia realmente acontecer e se acontecesse, como ela e eu reagiríamos? *Perguntas demais pra quem estava chateado com um termino, né, Zac?*
Talvez eu tenha sido precipitado... Ike tem razão. Lola está de férias e Tay vai me matar!
Eu estava quase desistindo e voltando pro hotel, mas aí o meu vôo foi anunciado. Eu tenho, literalmente, 5 minutos para decidir se vou ou não embarcar naquele avião.
Respirei fundo e pensei: oq eu tenho à perder? Lola tinha me dito que eu precisava por um ponto final. Já sabia como ficaria se falasse com a Kate depois de tudo e agora eu preciso saber como eu reagiria ao ver a Esther novamente.
Coloquei minha mochila no ombro e sai confiante. Apresentei minha passagem, cruzei a porta detectora de metais e esperei o micro-ônibus vir buscar eu e mais meia dúzia de pessoas que vão para a cidadezinha da Lola. A maioria vai só fazer escala, afinal quem desceria naquela cidade?!
Eu ri com a pergunta retórica. É engraçado ver a vida fazendo o papel dela: uma cidadezinha do interior do Brasil, uma banda americana em turnê, uma promoção, um romance, uma criança, um casamento e anos depois, dessa mesma cidade, um novo amor, com a mesma banda. Mas dessa vez, sem promoção e sem final feliz... ao menos por enquanto.
Coloquei meus fones de ouvido, coloquei a playlist no aleatório e aliviei a mente perdido nas músicas do U2 enquanto o micro ônibus me levava até o avião. Bono Vox sempre foi referência atual pra nós, não só como músico, mas também como pessoa. Tay paga pau pro ativismo dele.
Subi as escadas e achei meu assento. Guardei a mochila e me ajeitei, encostado na janela e torci para ninguém sentar ao meu lado e minhas preces foram atendidas, pq a aeromoça deu início ao bla bla bla de afivelem seus cintos, oq indicava que já íamos partir.
Obedeci e prendi meu cinto. Frio na barriga. Apenas mais 45 minutos e eu estarei com Esther. *Esther?! Desde quando eu tinha pego um avião para encontrar Esther?! Fu-di-do. Zac Hanson, vc está Fu-di-do!*.
Aceitei os amendoins e mastiguei, agora ao som de Aerosmith e quase engasguei qnd começou Fly away from here. A vida é mesmo uma filha da mãe brincando com a minha cara!
Resolvi aproveitar a música e curtir minha saída da fossa. *Eu estou saindo da fossa, não?*
Não escolhemos quem vamos amar, mas com certeza podemos escolher quem vamos deixar pra trás e eu escolhi deixar a Kate. Por mais que isso doa, em favor da minha felicidade e da felicidade das pessoas à minha volta, essa foi a melhor decisão à ser tomada. Kate era um câncer que dia após dia crescia dentro de mim e enterrava meus sonhos enquanto eu ainda respirava.
Mais alguns pensamentos e mais algumas músicas e a voz no sistema de som do avião anunciou que chegamos.
Eu nem tinha soltado meu cinto. Apenas me ajeitei e senti o avião descer e qnd fomos liberados, soltei o cinto e peguei minha mochila, pendurei nas costas e saí. Dei uma boa olhada no céu e o dia está quente.
Segui em diante e passei direto pela esteira, já que não tinha malas para pegar. Junto comigo só desceu um sr, que foi recepcionado calorosamente pela família. Eu abaixei meu boné e segui até os táxis que ficavam na porta do pqno aeroporto.
Eu estou sem o endereço da Lola, mas eu lembrava que era na rua da escola, perto de uma igreja e usei isso como referência. O motorista demorou um pouco, mas encontrei a casa dela. Graças à Deus ela não pintou de outra cor ou eu teria problemas para reconhecer. Todas as casas parecem iguais pra mim.
Desci e paguei o Taxista. O sol está forte e eu comecei a sentir fome.
Parei no portão e apertei a campainha, que não ouvi tocar, então gritei:
- LOOOOOOOLA!
Nada. *Oh merda! Quer ver que errei a casa!*.
- LOOOOOOOLA!
Eu já comecei a sentir a fossa batendo novamente. Me senti burro e inútil. E estava me lamentando no portão quando ouvi uma voz que me fez tremer:
- Zac?
Me virei de vagar e era mesmo ela:
- OMG! Esther! Graças à Deus!
- Oq vc faz aqui?!
- Eu vim fazer uma surpresa pra Lola, mas pelo visto errei a casa ou ela não está. - falei apontando pro portão fechado.
- Essa hora ela está na avó dela.
- Nossa! O café!
- Até vc sabe?! - ela riu.
- Pois é... mas tinha me esquecido e não faço ideia de onde fica a avó dela.
- Eu posso te levar até lá.
- Não quero te atrapalhar.
- Nada! É aqui perto e a vó é super legal. Vamos.
- Ok...
- Ah, vou avisar minha mãe, ok?
- Ok...
Ela entrou na casa ao lado e, minutos depois, voltou. Subimos pela rua da igreja.
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Save Me From Myself (COMPLETA)
FanficKate, meu amor, era um buraco negro drenando nossa paz e eu estava tão cego... Acho importante dizer que essa não é uma história de amor. Eu sou Zac Hanson e essa é a história de como eu fui salvo de mim mesmo.